A inteligência artificial está redefinindo processos, modelos de negócio, relações institucionais e toda sociedade. Mas seu avanço exige mais do que tecnologia, é preciso garantir segurança digital, promover a colaboração entre setores e equilibrar o crescimento com eficiência energética.
Nesta pauta, destacamos os debates do Futurecom que abordam como espaços de dados, parcerias público-privadas e estratégias energéticas estão sendo pensados para sustentar uma transformação digital da IA, mais responsável e inclusiva. Leia a seguir!
Data Space + IA
O conceito de data space tem ganhado força no cenário global como um dos motores de uma nova revolução digital, e por isso mesmo foi tema de um painel do Futurecom. Trata-se de um ecossistema colaborativo onde dados podem ser compartilhados de forma segura, padronizada e interoperável entre empresas, governos e instituições.
Mas para que esse futuro se torne realidade, será preciso enfrentar desafios de infraestrutura, e como base física que sustenta a economia de dados, os data centers terão que se adaptar rapidamente ao aumento exponencial da demanda de processamento. Segundo a painelista Crislaine Corradine, Chief Business Support Officer da Elea Data Center, o setor vai precisar de ajuda do setor público para criar uma cadeia nacional de armazenamento de dados.
“Todos os data centers do mundo estão em transformação, por causa da demanda cada vez maior com a economia de dados. Se antes tínhamos de sete a 10 kVA por rack, hoje com os altos volumes de treinamento a demanda é de 130 a 200 kVA por rack. Isso significa uma mudança completa de infraestrutura, um nível de planejamento altíssimo. No Brasil, o desafio é ainda maior, já que cerca de 60% dos dados que circulam por aqui ficam fora do país, e nós precisamos repatriar esses dados. Mas a oportunidade brasileira também é única, porque o nosso país é um berço de fornecimento de energia limpa. Recentemente o governo reduziu a carga tributária federal de alguns equipamentos, e nós estamos ajudando com uma lista de produtos para isenção correta, estimando uma redução de impostos em torno de 40%. Isso é fundamental, porque quase 100% dos nossos equipamentos são importados”, explicou Crislaine Corradine.
O debate foi mediado por Flávio Maeda, vice-presidente da Associação Brasileira de Internet das Coisas, e ainda contou com as participações de Alexandro Castelli, senior business advisor da SC Clouds e vice-presidente da Abracloud; Hemely Silva, head de Telco, Public Sector e Managed Services da IFS; Maximiliano Martinhão, senior director de government affairs da Qualcomm; e Carlos Nazareth Motta, presidente do Inatel.
Colaboração Público-Privada em Segurança Digital
Com os ataques cibernéticos se tornando progressivamente mais complexos e devastadores nos últimos anos, com o avanço da IA e novas táticas implementadas por cibercriminosos, o palco do Future Cyber abordou a necessidade de uma aliança mais robusta entre os setores público e privados para combater mais efetivamente essas ameaças crescentes. A mediação foi de Thomaz Côrte Real (ABES).
Elias Sfair, da ABNC, clamou pela necessidade de fortalecer o letramento digital de usuários das empresas, inclusive de terceiros, algo que Jamilson Evangelista, da Anatel, corroborou, fazendo referência a algumas ações que a instituição vem fazendo, como a cartilha de verificação de cibersegurança que usam com as operadoras do país.
“Podemos estender essas práticas a outros segmentos também, além de pensar em novas campanhas em conjunto com o setor privado”, comentou Jamilson. Victor Proscurchin, CEO da Openglobe, disse que é importante, que, em uma campanha de conscientização conjunta com o governo federal, que os gestores entendam que “é necessário mais que um Firewall”.
CanalEnergia: Eficiência Energética x Expansão Digital
O avanço da chamada economia de dados — que deve movimentar mais de US$ 3 trilhões até 2030, segundo estimativas internacionais — exige uma geração de energia sem precedentes, capazes de pressionar os sistemas tradicionais e, ao mesmo tempo, abrir oportunidades de negócio para o setor energético. Nesse cenário, o Brasil se destaca por contar com fontes renováveis como hidrelétrica, solar e principalmente a energia eólica, que já responde por mais de 17% da capacidade instalada nacional.
Essas questões apareceram no painel “CanalEnergia: Eficiência Energética x Expansão Digital”. De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias, Elbia Gannoum, o Brasil pode ser protagonista numa das questões que mais preocupa os especialistas: o fornecimento de energia para data centers no treinamento de modelos de inteligência artificial.
“Nos meus 25 anos de carreira, tenho o prazer de dizer que estou acompanhando uma revolução industrial, a revolução 5.0, que é altamente dependente de energia. Mas vale lembrar que as primeiras revoluções industriais também estavam ligadas à energia e à tecnologia. A diferença é que a transformação atual está ligada à tecnologia da informação. A demanda agora é de gigawatts, e não mais de megawatts, o que exige uma mudança de paradigma de planejamento e operação do sistema elétrico para que a oferta encontre a demanda. Para mim, o boom dos data centers é uma solução, e não um problema, porque garante uma expansão da geração de energia como não víamos há anos. Para isso, precisamos apenas ajustar a rota de mercado no sentido da descarbonização da economia”, explicou Elbia Gannoum.
O debate no Futurecom 2025 foi mediado por Mauricio Godoi, subeditor do CanalEnergia, e ainda contou com as participações de Luiz Fernando Vianna, CEO da Thymos Energia; e Vitor Caram, diretor de Expansão Latam da Odata.
O Futurecom 2025 chegou ao fim, mas o Futurecom Digital segue publicando conteúdos exclusivos durante todo o ano. Acompanhe as atualizações, entrevistas e análises que mantêm você por dentro das principais transformações do setor de tecnologia e telecom!
Tags