Quem acompanha o momento de transformação digital acelerada sabe os avanços do Brasil no mercado de data centers, e como o país está cada vez mais no radar de investidores e gigantes de tecnologia como uma peça-chave para a infraestrutura digital da América Latina.
Com uma combinação singular de geografia, energia limpa e redes de telecomunicações em expansão, o país começa a consolidar sua posição como hub estratégico de data centers — espaços vitais que hospedam dados, aplicações e serviços essenciais para a economia digital.
Para entender o que está por trás desse movimento e os desafios que ainda precisam ser vencidos, o Futurecom Digital conversou com Victor Arnaud, presidente da Equinix no Brasil, líder global em infraestrutura digital e interconexão.
O executivo estará presente no Futurecom 2025, no painel “Data centers: o Brasil como um polo estratégico”, ao lado de Matheus Rodrigues, sócio líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da Delloite.
Acompanhe a entrevista!

Saiba mais: Data centers no centro da transformação digital: eficiência, interconexão e sustentabilidade em foco
Quais são as vantagens do Brasil no mercado de data centers?
O Brasil está consolidando sua posição como o maior mercado de data centers da América Latina, impulsionado por um cenário de crescimento acelerado. A combinação de uma robusta infraestrutura de conectividade e o aumento exponencial da demanda de nuvem e inteligência artificial tem feito com que o país avance em data centers, atraindo investimentos significativos de grandes players globais.
Além disso, a crescente adoção de fontes de energia renovável para alimentar essas instalações posiciona o Brasil não apenas como um hub tecnológico, mas também como um líder em soluções sustentáveis no setor.
Segundo Arnaud, o Brasil reúne fatores geográficos e energéticos que o tornam altamente competitivo na corrida pelos data centers.
“O Brasil reúne uma combinação única de atributos que o posicionam como um dos principais polos para a expansão de data centers na América Latina” afirma nosso entrevistado.
O especialista prossegue: “Geograficamente, estamos em uma localização privilegiada, conectando diferentes países do continente e servindo como porta de entrada para rotas internacionais, especialmente com os novos cabos submarinos que ligam o Brasil à América do Norte, Europa e África”.
Além da geografia estratégica, outro trunfo é a matriz energética brasileira, em que as fontes renováveis — como hidrelétricas, solar e eólica — têm peso significativo.
“Do ponto de vista energético, o país tem uma matriz com forte presença de fontes renováveis, o que é essencial para atender à crescente demanda por operações sustentáveis nos data centers”, destaca Arnaud.
Essa é uma vantagem relevante num mercado cada vez mais pressionado por metas ESG e por clientes que exigem neutralidade de carbono em suas operações digitais.
Ecossistema robusto de telecomunicações
A capilaridade das redes de telecomunicações brasileiras também é peça fundamental para viabilizar a expansão do setor.
“Contamos com um ecossistema robusto de telecomunicações, com ampla capilaridade e diversidade de operadoras, o que favorece a interconectividade — um dos pilares para a economia digital”, afirma Arnaud.
Essa interconectividade não é apenas uma vantagem técnica, mas se traduz em menor latência, maior resiliência e acesso eficiente a serviços globais — diferenciais que atraem grandes provedores de nuvem, plataformas de streaming e empresas multinacionais.
Conectividade ainda enfrenta desafios
Apesar dos avanços, Arnaud alerta que há pontos críticos que precisam ser endereçados para consolidar o Brasil como hub regional definitivo de data centers.
“Embora o Brasil tenha avançado significativamente em conectividade, ainda há desafios importantes a serem superados”, observa.
Ele complementa, destacando que “a diversidade de rotas e a redução da latência entre regiões do país e com outros continentes ainda são pontos de atenção, especialmente quando se trata de garantir resiliência e alta disponibilidade para aplicações críticas”.
Além disso, Arnaud acredita que deve-se reduzir a concentração de infraestrutura nas grandes capitais e levar conectividade de qualidade ao interior do país. Para ele, esse movimento é essencial para democratizar o acesso ao digital e sustentar o crescimento econômico em regiões menos desenvolvidas.
E, como se não bastasse a complexidade técnica, a burocracia ainda pesa no cronograma de novos empreendimentos.
“A harmonização regulatória e a desburocratização de processos de licenciamento também são fundamentais para acelerar projetos de expansão e melhorar a competitividade do país no cenário global”, comenta o presidente da Equinix.

Telcos ganham protagonismo no ecossistema digital
O avanço dos data centers está transformando o próprio papel das operadoras de telecomunicações no mercado digital. Se antes elas eram vistas apenas como fornecedoras de conectividade, agora as telcos se integram cada vez mais a um ecossistema que envolve nuvem, edge computing e serviços digitais complexos.
“As operadoras de telecomunicações estão cada vez mais integradas ao ecossistema de data centers, entendendo seu papel estratégico não apenas como provedoras de conectividade, mas como habilitadoras de soluções digitais completas”, observa Arnaud.
Modelos de negócios baseados em colocation (compartilhamento de infraestrutura), edge computing, redes privadas 5G e nuvem híbrida estão criando um novo mapa de oportunidades para telcos, provedores de conteúdo e grandes corporações.
Arnaud conta que: “Na Equinix, por exemplo, essa sinergia se traduz em plataformas de interconexão que viabilizam negócios digitais com performance, segurança e escalabilidade.”
Veja também: PL de data centers: o que é e o que prevê o novo projeto?
Futuro promissor impulsionado por IA, 5G e dados
As perspectivas para o mercado brasileiro de data centers nos próximos cinco anos são animadoras.
Nas palavras de Arnaud: “A transformação digital acelerada, impulsionada por tecnologias como inteligência artificial, 5G e o crescimento exponencial de dados, deve manter uma curva de expansão contínua”.
O modelo híbrido — que mistura data centers próprios, nuvens públicas e serviços de colocation — tende a se consolidar como a arquitetura preferida das empresas.
“Nesse cenário, os ambientes híbridos, que combinam infraestrutura on-premises, nuvem pública e data centers de colocation, ganham cada vez mais relevância como modelo preferencial para empresas que buscam flexibilidade, performance e segurança”, pontua o entrevistado.

Confira: A importância da segurança energética para os data centers
Novas competências para profissionais de telecom
Para profissionais do setor, o crescimento do mercado não representa apenas novas oportunidades, mas também a necessidade urgente de atualização de competências.
“Essa tendência abre um leque de oportunidades para os profissionais de telecomunicações, que podem ampliar a atuação para além da conectividade, desenvolvendo competências voltadas à integração de ambientes híbridos, orquestração de serviços multicloud, edge computing e segurança cibernética”, aconselha Arnaud.
Além disso, dominar o conceito de interconexão entre ecossistemas digitais será um diferencial competitivo, diante de um mercado onde colaboração e integração se tornaram palavras de ordem.
“Também será essencial dominar conceitos de interconexão entre diferentes ecossistemas digitais, já que a colaboração entre provedores de nuvem, operadoras e plataformas de dados será um diferencial competitivo importante nos próximos anos.”
O Brasil está, portanto, em posição privilegiada para se firmar como um dos grandes polos globais de data centers. Mas, para transformar potencial em realidade, será preciso avançar em conectividade, reduzir barreiras regulatórias e formar profissionais preparados para um novo e dinâmico ecossistema digital.
O jogo está apenas começando, e o Brasil quer jogar para ganhar.
Entenda: Boas práticas para proteção de data centers contra ataques cibernéticos

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