Em alinhamento propício com discussões atuais, o painel “Data Centers: a revolução industrial no Brasil” marcou a programação do FutureGov no primeiro dia (30/9) do Futurecom 2025.
Ainda na cerimônia de abertura do Futurecom, Hermano Barros, secretário de Telecomunicaçõs do Ministério das Comunicações, destacou atualizações da MP Redata, medida para criação de um regime especial de tributação para serviços de Data Center no Brasil.
Na sequência, durante o painel com mediação do jornalista Pedro Ozores Figueiredo (BNAmericas), a MP e todo o universo em torno dos data centers pautaram o debate entre seis especialistas do setor.
Acompanhe a seguir os destaques da agenda.
Consulta pública sobre o Redata
Antes de qualquer pergunta para iniciar o painel, o mediador lembrou o público de que o Ministério das Comunicações está com um formulário de tomada de subsídio sobre o Redata aberto, com prazo estendido até o dia 15 de outubro.
O painelista Juliano Stanzani, diretor de Política Setorial no Ministério das Comunicações, reforçou que o órgão realizará um workshop internacional em sua sede, em Brasília, sobre data centers e cabos submarinos no dia 9 de outubro, reforçando o momento para que empresas e associações participem.
Expectativas do setor
Representando a Brasscom, Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais, Affonso Nina, presidente executivo, compartilhou bastidores e expectativas da Medida Provisória e seu processo de regulamentação.
“Vemos como uma lei muito boa para o Brasil, permitindo um salto gigantesco nesse mercado de processamento de dados”, comentou, compartilhando ainda que as primeiras discussões sobre Redata só consideravam os grandes centros. “Como associação, levantamos as necessidade de pequenos e médios data centers, em todas as regiões do país”.
Marcos Siqueira, CRO e head de estratégia da Ascenty, complementou: “como provedor de data center, posso afirmar que o mercado recebeu a medida de forma muito positiva”.
Em comum, os painelistas destacam o objetivo de tornar o país mais atrativo para investimentos em provedores e sistemas de processamento de dados.
Para Rodolfo Fücher, vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), o data center já é uma infraestrutura necessária “para desenvolver a economia e competitividade”. O Redata e a Política Nacional de Data Centers viabilizam a “autonomia digital”.
“São Paulo foi o primeiro estado a ter um regime fiscal diferenciado para data centers, em 2023”, lembrou Thiago Camargo, vice-presidente do InvestSP. Pela falta de conhecimento do setor, com apenas uma empresa aderindo, o regime foi encerrado. Com o Redata, a atual discussão é de como os impostos, em regime diferenciado, serão arrecadados e distribuídos.
A questão tributária é o ponto principal, mas não o único no radar dos data centers.
Infraestrutura para viabilizar os investimentos de data centers
Camargo apontou um segundo desafio para o setor: a infraestrutura de energia necessária para operação. “O gargalo de transmissão não é uma preocupação só para data centers, mas para todas indústrias. E não é um problema de geração ou de demanda”.
Mesmo com essa questão, o Brasil é atrativo globalmente por suas fontes de energia majoritariamente renováveis.
Neste tópico, Siqueira destacou que “grandes investidores internacionais, que vão investir nos data centers e instalar equipamentos, têm a vantagem de estar no Brasil com energia renovável e de custo muito mais baixo”. Ainda na questão de disponibilidade de energia, o CRO da Ascenty provocou: “se o Brasil não oferecer, pode perder investimentos para outros países”.
Data centers e sustentabilidade
Quando os data centers entram em discussão, a sustentabilidade é um ponto de atenção. A Brasscom já atua ativamente contra a desinformação nesse tópico, elaborando a publicação “Consumo de energia e água em Data Centers no Brasil”.
Seus dados mais recentes, deste mês, mostram que o consumo de energia elétrica por data centers em 2024 correspondeu a 1,7% do total no Brasil. Em 2029, a expectativa é 3,6%. No consumo de água, o número é ainda menor. A explicação, compartilhada pelos painelistas, é de que a água para resfriamento dos sistemas está em “circuito fechado”.
Soberania digital
Dois pontos de vista interessantes trouxeram o setor público para a discussão. Marcos de Jesus Arrais, representante da Superintendência de Gestão de Data Center do Dataprev, falou sobre a importância dos sistemas para manter todos os dados históricos de trabalho e previdência do país.
A questão da segurança é a prioridade. Arrais destacou que são 85 bilhões de dados extremamente sensíveis, que devem estar hospedados em território nacional. O Dataprev conta com três data centers próprios, e outros fornecidos por Huawei, AWS, Google e Oracle.
Já para o IBGE, representado por Bruno Gonçalves Santos, coordenador de Infraestrutura de Data Centers, a integração dessa base de dados nacionais apoia a soberania ao reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros. Foi mencionado o projeto de uma “nuvem soberana”, própria do governo e com maior segurança e autonomia.
De fato, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), já trabalha na estruturação da Nuvem de Governo.
Data Center World chega ao Brasil em 2026
Durante o Futurecom, a organizadora Informa Markets anunciou um novo evento na programação de 2026. O Data Center World Brasil será realizado no ano que vem juntamente com a próxima edição do Futurecom, de 6 a 8 de outubro.
Empresas interessadas em expor, patrocinar, palestrar ou visitar o futuro evento podem encontrar mais informações na página online do Data Center World Brasil.
Continue acompanhando a cobertura do 30º Futurecom aqui, no Futurecom Digital.
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