• A urgência da profissionalização e governança
  • IA aplicada ao setor de telecom: eficiência e escala
  • Regionalização como estratégia de diferenciação
  • Diversificação do portfólio e novas receitas
  • O que esperar até o fim da década

O podcast Futurecom Connect lança nesta semana um novo episódio com foco em um dos maiores desafios da conectividade no Brasil: a transformação estrutural e tecnológica dos ISPs (provedores regionais de internet) diante das demandas do mercado digital e da pressão competitiva imposta pelas grandes operadoras. Com as participações de Sandro Augusto Paiva, executivo com passagem por empresas como Vivo, Huawei e EllaLink, e Henrique Leibholz, sócio-diretor do grupo IPv7. O episódio conduzido por Márcio Montagnani, host do portal Itshow

O episódio traz um panorama estratégico do momento vivido pelos mais de 18 mil ISPs em operação no país. O debate parte de um ponto central: como essas empresas podem evoluir para o modelo ISP 4.0, adotando práticas de gestão orientadas por dados, ampliando o portfólio de serviços e incorporando tecnologias como a inteligência artificial para manter relevância e sustentabilidade.

A urgência da profissionalização e governança

Durante a conversa, os especialistas apontam que a profissionalização dos ISPs é etapa indispensável para a transição ao novo modelo. A operação ainda muito centralizada, com decisões tomadas exclusivamente por fundadores ou gestores técnicos, tem sido uma barreira ao crescimento estratégico.

O mindset que precisa mudar é o do proprietário. Quando o dono centraliza tudo, fica difícil evoluir com base em dados e inovação”, afirma Sandro Paiva. Já Henrique ressalta que a ausência de governança estruturada compromete a tomada de decisões em áreas como investimentos, churn e planejamento de contratos. “O churn precisa ser o centro da análise. É ali que estão as respostas para a eficiência da operação”, destaca.

IA aplicada ao setor de telecom: eficiência e escala

A inteligência artificial ocupa papel central no episódio. Os convidados discutem aplicações práticas da tecnologia em áreas como suporte técnico, atendimento ao cliente e automação de processos. Mas alertam que a adoção não pode ser meramente tecnológica: é necessário preparar processos, sistemas e pessoas.

Empresas que pensaram que poderiam simplesmente demitir e substituir pessoas por IA estão quebrando a cara. A IA deve ser complementar, não uma substituta”, afirma Sandro. Henrique complementa que a IA precisa ser inserida como parte de uma cultura orientada a dados, com foco em resolver problemas reais de negócio, e não apenas reduzir custos.

Casos de uso bem-sucedidos, como o de uma startup que interpreta fotos de modens para diagnóstico remoto, mostram que a tecnologia pode atuar diretamente na melhoria da experiência do cliente e na redução de despesas operacionais, desde que inserida em fluxos bem definidos.

Regionalização como estratégia de diferenciação

Um dos pontos de maior destaque do episódio é o debate sobre regionalização e diferenciação competitiva dos ISPs. Em um cenário de consolidação, com grandes operadoras padronizando serviços e absorvendo provedores menores, os especialistas defendem que o caminho está na hiperfocalização.

O provedor regional consegue atender com mais flexibilidade, agilidade e atenção individualizada. Isso é um diferencial que os grandes não conseguem manter com consistência”, avalia Sandro. A regionalização deve ser sustentada por dados comportamentais, conhecimento do cliente e estrutura tecnológica que permita personalização de serviços.

Diversificação do portfólio e novas receitas

Henrique destaca que os ISPs precisam urgentemente diversificar suas ofertas, especialmente para o mercado B2B. Computação em nuvem, segurança da informação e IoT são algumas das verticais sugeridas no episódio. “O ISP precisa transformar todas as áreas da empresa em geradoras de receita. Isso exige mudança de cultura, mas também parceria com fornecedores certos”, observa.

O modelo as-a-service é apontado como alternativa viável, permitindo que o provedor atue como integrador de soluções tecnológicas sem precisar investir em infraestrutura própria. “Hoje, o provedor não precisa mais ser dono da tecnologia. Ele precisa vender o serviço certo para a base que já tem”, resume Henrique.

O que esperar até o fim da década

O episódio também projeta movimentos para os próximos anos. A consolidação entre ISPs menores, a ampliação da regulação, a necessidade de atuação mais intensa no mercado corporativo e a profissionalização das equipes são apontadas como tendências inevitáveis até o final da década.

Vai crescer na dor ou no amor? Porque o crescimento vai acontecer. Só depende de como você quer que ele venha”, provoca Sandro. Já Henrique sugere que os provedores precisam estimular a cultura de experimentação. “Se você quer ser disruptivo, tem que testar. A zona de conforto nunca levou ninguém à inovação.

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