Provedores regionais não podem mais se limitar a vender megabits. Quem entender o papel da conectividade como base para novos serviços digitais terá um diferencial competitivo no mercado.

A era dos megabits acabou

Por muito tempo, provedores de internet construíram seus negócios baseados em velocidade. Mais megabits, preços competitivos e atendimento local eram suficientes para atrair e manter clientes. Mas o jogo mudou. Hoje, a experiência do usuário vale mais do que a velocidade contratada.

Clientes não querem apenas um link rápido. Eles querem estabilidade, segurança, mobilidade e serviços que integrem sua vida digital. E isso abre uma nova era para os provedores regionais: a era dos ecossistemas digitais.

De vender internet para vender experiência

O comportamento do consumidor mudou. Hoje, a internet não é só um serviço, é a base para tudo.

  • Trabalho remoto, que exige Wi-Fi confiável, estabilidade e segurança.
  • Entretenimento digital, onde streaming, games e vídeos precisam de baixa latência.
  • Casa conectada, com câmeras de segurança, automação residencial e IoT.

Se o provedor não oferecer soluções para essas demandas, outro player vai ocupar esse espaço.

A lógica é simples: quem vende só internet, entrega apenas um meio.

Quem vende um ecossistema digital, entrega valor.

O que os provedores precisam fazer?

A transformação já começou. Os ISPs que se adaptam mais rápido saem na frente. Aqui estão três frentes essenciais para essa evolução:

1. Infraestrutura robusta e Wi-Fi gerenciado

A experiência do cliente acontece dentro de casa. Não adianta entregar um link de alta velocidade se o roteador não suporta múltiplos dispositivos ou sofre interferências.

Soluções como Wi-Fi 6, roteadores mesh e gerenciamento remoto da rede interna estão se tornando obrigatórias. O provedor que controla o Wi-Fi garante qualidade e reduz chamadas de suporte.

2. Serviços digitais agregados

A venda de internet precisa vir acompanhada de novas ofertas. Algumas das principais oportunidades incluem:

  • Segurança digital: DNS seguro, firewall gerenciado e proteção contra ataques.
  • Mobilidade: telefonia móvel via MVNO, oferecendo planos integrados ao serviço de internet.
  • IoT residencial: câmeras inteligentes, sensores e automação como serviço.
  • Super bundling: pacotes que incluem streaming, games e aplicativos digitais.

Cada um desses serviços aumenta a margem de lucro e a fidelização, reduzindo o impacto da guerra de preços na banda larga.

3. Expansão para redes privativas e B2B

O mercado residencial é competitivo, mas o B2B ainda tem grandes oportunidades. Provedores podem atuar com:

  • Redes privativas 4G/5G para indústrias, agronegócio e cidades inteligentes.
  • SD-WAN e conectividade gerenciada para empresas que precisam de redes seguras e escaláveis.
  • Interconexões privadas (PNI), garantindo tráfego de alta qualidade e estabilidade.

A diversificação protege o negócio contra oscilações e cria novas fontes de receita.

O provedor do futuro não vende internet.

Ele vende ecossistemas.

Os ISPs que sobreviverão à consolidação do mercado não serão os que brigam apenas por preço ou velocidade. Serão aqueles que entendem que conectividade é a porta de entrada para novos serviços.

A demanda já existe.

Os clientes querem mais do que um link de banda larga.

Querem conectividade confiável, mobilidade e serviços que facilitem sua vida digital.

A pergunta é: você está pronto para oferecer isso?

* Por Matheus Cofferri, especialista em conectividade, inovação e crescimento de mercado de ISPs.

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