No Mobile World Congress desse ano, a inteligência artificial generativa emerge como um tema central. Essa tecnologia tem capturado a atenção das operadoras por sua capacidade de reduzir o OPEX, especialmente em áreas críticas como consumo de energia, gestão de redes e aprovisionamento de serviços com foco na experiência individualizada dos clientes. Dado o atual cenário de busca de novas aplicações para o 5G Advanced e a hesitação em relação ao 6G, não é de se surpreender que a indústria busque alternativas viáveis para otimizar operações.
Com investimentos já substanciais em 5G e o não tracionamento de casos de uso que justifiquem o retorno projetado, as operadoras estão relutantes em embarcar em novos ciclos de investimentos. O avanço de novas tecnologias é inexorável, com o 5G Advanced devendo iniciar o seu real avanço no próximo ano, enquanto o 6G deverá se consolidar por volta de 2030 a 2032, o que dependerá muito da acessibilidade a dispositivos que permitam massificar as aplicações de consumo hoje propostas.
As aplicações em IoT continuam sendo uma promessa para o mercado, embora haja reservas pelo comportamento tímido do 5G em áreas além do Enhanced Mobile Broadband (eMBB). Mesmo oferecendo avanços significativos em desempenho e latência, as expectativas do mercado ainda não foram totalmente atendidas.
As redes privativas, discutidas amplamente no evento, têm demonstrado crescimento, embora enfrentem desafios em termos de complexidade e custo. A viabilidade econômica das aplicações “além do uso do Wi-Fi” ainda gera questionamentos. Nesse sentido, as vantagens técnicas das redes privativas precisam ser refletidas em termos comerciais e operacionais. A composição de redes 5G e Wi-Fi para o atendimento dos clientes finais parece uma tendência definitiva.
Em Barcelona, um destaque adicional é o papel da IA em ações de missão crítica, prevenção de acidentes e resgates. As telecomunicações estão testemunhando a IA como um motor vital de inovação e de ampliação da capacidade de as redes responderem a demandas de ambientes complexos. Redes mais autônomas e otimizadas estão mudando o foco de Quality of Experience (QoE) para Quality of Differentiation (QoD), permitindo que operadores customizem serviços segundo as demandas específicas dos usuários. Essa personalização suportada pela IA promete aumentar significativamente a fidelização dos clientes.
O Mobile World Congress 2025 reafirma, portanto, o papel revolucionário da IA generativa no futuro das telecomunicações. Com o foco em eficiência operacional e personalização do serviço ao consumidor, a indústria está a caminho de uma transformação significativa. A transição de QoE para QoD simboliza uma mudança que pode redefinir a lealdade do cliente e o panorama competitivo. Enquanto desafios permanecem, principalmente em redes privadas e na plena realização das capacidades do 5G, a IA se solidifica como um parceiro instransponível na revolução digital que permeia todos os aspectos do setor de telecomunicações.
(*) Hermano Pinto é diretor do Portfólio de Tecnologia e Infraestrutura da Informa Markets, responsável pelo Futurecom.
* Artigo original disponível no Meio & Mensagem.
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