O MWC 2025 foi um dos eventos mais esperados do setor de telecomunicações e trouxe tendências que não podem ser ignoradas. Mas entre os grandes painéis e previsões ambiciosas, a grande questão que fica é: como isso impacta o Brasil?

O setor de telecom vive um momento de mudança. A conectividade já virou commodity, e os modelos tradicionais de receita não se sustentam mais da mesma forma. O evento reforçou isso em diferentes frentes, mas três grandes temas ficaram evidentes.

Telco vs. TechCo: a mudança necessária

A conversa sobre a transformação das telcos em techcos dominou o evento. O mercado já percebeu que vender conectividade pura não é suficiente. O jogo não está mais em entregar apenas infraestrutura, mas em criar soluções que gerem valor real.

Isso passa por monetização de APIs, serviços digitais, inteligência de rede e novos modelos de parceria. O Open Gateway, que propõe um padrão aberto para que as operadoras possam oferecer serviços via APIs, foi um dos pontos altos da discussão. Algo semelhante ao que o Open Finance fez no setor bancário, abrindo novas possibilidades de negócios dentro do ecossistema digital.

Para o Brasil, esse conceito pode ser um divisor de águas. O mercado de ISPs já domina a conectividade fixa, mas poucos exploram serviços adicionais e novas fontes de receita. A oportunidade está na diferenciação e na oferta de soluções que vão além da banda larga.

A ascensão das Redes Não Terrestres (NTN)

O avanço das redes não terrestres (NTN), como satélites de baixa órbita (LEO), também foi um tema forte. Se antes havia um discurso de concorrência entre telecom e satélites, agora a conversa mudou para integração.

Empresas como Starlink já mostraram que existe demanda por conectividade em áreas remotas, e a tendência é que as operadoras passem a enxergar essas redes como parceiras e não inimigas.

Para o Brasil, isso é ainda mais relevante. O país tem desafios enormes de cobertura, e as redes NTN podem preencher lacunas onde a infraestrutura terrestre simplesmente não chega. O movimento agora é entender como integrar essas soluções e tornar o acesso viável e escalável para clientes e empresas.

Redes Autônomas e o futuro da operação

A inteligência artificial está começando a mudar a forma como as redes são gerenciadas. O conceito de redes autônomas, que operam de forma automatizada e se ajustam sozinhas, foi um dos debates mais relevantes.

O evento trouxe discussões sobre o Nível 4 de automação de redes, onde a IA assume autorreparação, otimização de tráfego e prevenção de falhas antes mesmo que o problema aconteça.

Isso reduz custos operacionais, melhora a experiência do usuário e torna a gestão mais eficiente. No Brasil, onde muitas operadoras e ISPs ainda operam com processos manuais, a automação pode ser um diferencial competitivo gigantesco.

O que fica de aprendizado para o Brasil?

O MWC 2025 deixou claro que o setor de telecom precisa evoluir além da conectividade básica.

As operadoras que entenderem o papel da monetização de APIs, da integração com redes NTN e da automação inteligente vão sair na frente.

O Brasil tem um mercado altamente competitivo, mas a grande questão não é mais só disputar cliente na fibra ou no 5G. O desafio agora é capturar valor dentro desse novo ecossistema digital.

O modelo tradicional de telecom está sendo redesenhado. Quem está pronto para essa nova fase?

* Por Matheus Cofferri, especialista em conectividade, inovação e crescimento de mercado de ISPs.

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