A evolução da Inteligência Artificial (IA) e sua crescente adoção pelas empresas têm impulsionado a demanda por data centers cada vez mais potentes. Esses centros de dados, essenciais para o funcionamento e treinamento de sistemas de IA, requerem quantidades significativas de energia elétrica, desafiando as metas de sustentabilidade corporativas. Neste cenário, os reatores nucleares emergem como uma possível solução para os desafios energéticos da economia digital.
O Dilema Energético dos Data Centers
- Data centers de gigantes tecnológicas como Google, Amazon e Microsoft consomem volumes de energia comparáveis aos de pequenas cidades.
- A operação ininterrupta (24/7) exige fontes de energia estáveis e seguras.
- A busca por alternativas limpas intensifica-se frente às metas globais de descarbonização.
“A busca por fontes de energia estáveis e limpas é essencial, especialmente diante das metas globais de descarbonização e a crescente dependência da computação em nuvem, inteligência artificial e armazenamento de big data”, afirma Celso Cunha, presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN).
Big Techs apostam na Energia Nuclear
Em setembro de 2024, a Microsoft assinou um acordo para ajudar a reativar um reator desativado em Three Mile Island. “Este acordo é um marco importante nos esforços da Microsoft para ajudar a descarbonizar a rede em apoio ao nosso compromisso de nos tornarmos carbono negativos”, disse o vice-presidente de energia da Microsoft, Bobby Hollis em comunicado à imprensa.
Em outubro foi a vez do Google e da Microsoft, que anunciaram acordos para usar reatores modulares pequenos (SMRs) para abastecer seus data centers. A construção desses pequenos módulos podem ser acoplados diretamente aos seus centros de dados.
Já a Meta anunciou em Dezembro a busca por parceiros para investir em uma usina nuclear, que precisa estar operacional no início de 2030.
Brasil: Potencial Hub de Data Centers
O Report Global Data Center 2024 destaca São Paulo como o principal mercado de data centers da América Latina, oferecendo:
- Melhor conectividade do país;
- Forte infraestrutura elétrica;
- Proximidade de sedes empresariais;
- Mão de obra de TI altamente qualificada.
Contudo, o mercado enfrenta desafios:
- Restrições de espaço e energia no centro da cidade;
- Necessidade de soluções energéticas sustentáveis para suportar o crescimento.
O papel dos SMRs no futuro energético dos Data Centers
O especialista Celso Cunha, Presidente da Associação Brasileira para o desenvolvimento Nuclear (Abdan), apontou a vantagem da montagem de uma usina com pequenos reatores. Um equipamento de rápida fabricação, com homologação na fábrica e mais barato que os grandes reatores. “O SMR tem característica de ser igual a geladeira. A produção muito rápida. Homologa em fábrica. Ele tem a flexibilidade que a gigante não tem. É capaz capaz de acompanhar as eólicas e solares e segura quando elas caem. Fora que o investimento é muito menor.”
Os Reatores Modulares Pequenos (SMRs) apresentam-se como uma solução promissora:
- Flexibilidade de implantação;
- Alta disponibilidade energética;
- Fornecimento de energia limpa e contínua.
Estas características fazem dos SMRs candidatos ideais para resolver os desafios energéticos dos data centers no Brasil e globalmente.
A convergência entre a energia nuclear e os data centers representa uma fronteira inovadora na busca por soluções sustentáveis para a computação de alta demanda.
O Brasil, com seu potencial mercado de data centers e a possibilidade de adoção de energias renováveis em conjunto com tecnologias nucleares avançadas como os SMRs, posiciona-se de forma estratégica neste cenário.
À medida que as big techs lideram o caminho na adoção de energia nuclear para suas operações, o setor brasileiro tem a oportunidade de seguir esta tendência, potencialmente estabelecendo o país como um hub de inovação em infraestrutura digital sustentável.
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