De acordo com um levantamento feito pela GSMA, até 2025 mais de 423 milhões de pessoas na América Latina usarão a internet móvel.
Além disso, no Brasil, cerca de 91% do tempo de navegação na internet ocorre por acessos em dispositivos móveis, como smartphones e tablets, como mostra um recente relatório da Comscore.
Para que essa demanda possa ser atendida com qualidade, investir em neutral hosts nas redes neutras é fundamental!
Conversamos sobre esse assunto com Gustavo Calixto, professor e coordenador do curso de graduação em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, do Senac EAD.
Acompanhe, a seguir, nossa entrevista na íntegra!
O que são as redes neutras?
Gustavo Calixto: “São muitas as evoluções que temos na área de telecomunicações, principalmente com a chegada de novas tecnologias de comunicações no Brasil, tal como o 5G e a expansão de redes domésticas com o uso de fibras ópticas.
Paralelo à evolução, também temos muitas novidades e desafios que podem gerar benefícios a todas as partes interessadas (clientes e provedores de serviço e provedores de infraestrutura).
É comum em algumas regiões observarmos infraestrutura de telecomunicações fisicamente saturadas. Por exemplo, vejam alguns postes com uma imensidão de fios ou também uma torre com várias antenas. Não é tarefa fácil vários provedores de serviços terem particularmente sua infraestrutura.
E aí é que justifica o conceito de redes neutras! Tratam-se de redes fixas ou móveis que podem atender, simultaneamente, diferentes provedores de serviços.
Imagine, portanto, um único cabo de fibra óptica ou uma única antena atendendo vários provedores.
Temos desafios e vantagens neste modelo, que já é uma prática adotada no Brasil e regulamentada pela Anatel (Resolução 683/2017).”
Qual é o papel do neutral host nas redes neutras?
Gustavo Calixto: “Pensando no cenário apresentado e nas necessidades de estruturar e otimizar a infraestrutura de telecomunicações para o fornecimento de serviços, as redes neutras têm um papel importante na geração de valor para todas as partes interessadas.
Os provedores de serviços podem compartilhar de uma infraestrutura de transmissão e, portanto, podem acordar sobre os termos para a manutenção, dividindo as despesas geradas e, consequentemente, reduzindo o custo de operação.
Por sua vez, isso resulta em um aumento de competitividade entre as empresas provedoras de serviços de rede, com a possibilidade da prática da oferta de preços mais competitivos.”
Quais são as perspectivas das redes neutras no Brasil?
Gustavo Calixto: “As perspectivas são positivas, já que esse modelo tecnológico e, por sua vez, de gestão da rede, pode dar oportunidade para que existam provedores regionais.
Por exemplo, podemos ter provadores que atende um bairro específico de uma cidade que compartilha a rede com uma empresa maior.
Isso resulta em uma relação ganha-ganha: a empresa de fornecimento de serviços locais opera seu negócio dentro dos objetivos estabelecidos e a grande provedora desafoga sua cadeia de suporte. Todos ganham com este modelo!”.
Quais são as possibilidades de monetização do neutral host nas redes neutras?
Gustavo Calixto: “As tecnologias de telecomunicações, nos dias de hoje, são mais seguras no que diz respeito aos efeitos ambientes e menos invasivas.
Como o 5G e redes com foco na operação de sistemas de Internet das Coisas com o LoRAWAN e o Sigfox, associações que possuem um prédio ou alguma torre que favorece o sistema de comunicações podem ceder esse espaço para a instalação de antenas sem gerar riscos à saúde dos ocupantes.
É um modelo que a provedora de serviços de rede remunera pelo aluguel da torre, consegue ajudar com o orçamento do locador e consegue expandir os serviços a mais usuários”.
O tema "Neutral Hosts e seu (nada neutro) impacto na conectividade" é uma das diversas palestras do Future Congress. Garanta o seu ingresso do Futurecom 2022!
Gostou de saber mais do assunto? Então, você também vai gostar de ler a nossa conversa com Mellisa Penteado, fundadora e CEO da proScore Tecnologia, sobre os desafios do uso de dados no setor de telecomunicações. Boa leitura!