A banda larga é, sem dúvida, uma das protagonistas da transformação digital no Brasil. Seja na educação, na saúde ou no agronegócio, a conectividade tem viabilizado novos modelos de negócio e ampliado oportunidades de inclusão.
Em entrevista ao Futurecom Digital, Rodrigo Schuch, presidente-executivo da Associação NEO, destaca o papel fundamental das Prestadoras de Pequeno Porte (PPPs) na construção de um dos ecossistemas mais competitivos do mundo em banda larga fixa.
Acompanhe as visões que ele compartilhou nos próximos parágrafos!
Modelo brasileiro de internet é exemplo mundial
“O modelo brasileiro é um exemplo de sucesso mundialmente, ocupando hoje a terceira posição em acessos instalados no mundo, segundo dados da Anatel de dezembro de 2024”, afirma Schuch.
De fato, o avanço é impressionante: em 2011, apenas 27% dos domicílios brasileiros tinham acesso à internet. Em 2023, esse número saltou para 86,9%, de acordo com a PNAD Contínua do IBGE.
O crescimento foi impulsionado justamente pelas PPPs, que hoje respondem por 97% dos acessos em cidades com menos de 30 mil habitantes.
Conectividade além dos grandes centros urbanos
A expansão da banda larga está rompendo fronteiras históricas. Cidades pequenas e médias, antes invisíveis nos mapas de investimento das grandes operadoras, tornaram-se protagonistas da transformação digital.
“As PPPs têm papel fundamental na democratização do acesso. Em cidades com até 100 mil habitantes, elas já são responsáveis por 86% dos acessos de banda larga fixa”, pontua Schuch.
A revolução, no entanto, não chegou com a mesma força ao serviço móvel, ainda dominado por três grandes operadoras que concentram mais de 95% dos chips ativos no país.
Esse cenário compromete a competitividade e limita a escolha do consumidor.
Competitividade como motor de qualidade e alcance
A pluralidade de prestadoras também trouxe ganhos técnicos importantes.
Segundo o Speedtest Global Index da Ookla, o Brasil ocupou, em abril de 2025, a 27ª posição no ranking global de velocidade da internet fixa, com média de 192,20 Mbps de download e 102,78 Mbps de upload, o 3º lugar na América Latina, atrás apenas de Chile e Peru.
“O Brasil tornou-se o mercado de banda larga fixa mais competitivo do mundo em número de prestadoras por milhão de assinantes”, destaca Schuch.
São 437 provedores para cada milhão de assinantes, número que coloca o país à frente até mesmo da Rússia (195), segundo dados da Anatel e da União Internacional de Telecomunicações (UIT).
Além da velocidade, o custo da banda larga no Brasil também se mantém competitivo.
Dados da UIT mostram que a cesta anual representa cerca de 2,46% da renda per capita, abaixo da média global de 2,66%.
Na América Latina, o Brasil só perde para Chile, México, Guiana e Uruguai nesse quesito.
Fibra óptica lidera a transformação digital
Outro dado relevante é o predomínio da fibra óptica como tecnologia principal da banda larga fixa no Brasil.
Conforme números da Anatel de março de 2025, 73% dos acessos já são feitos via fibra, e esse número é ainda maior entre as PPPs.
“As pequenas prestadoras adotam tecnologias mais avançadas: cerca de 90,6% dos acessos feitos por PPPs são via fibra óptica.
Já entre as grandes operadoras, esse índice é de apenas 53%”, destaca o presidente da Associação NEO.
A migração para tecnologias mais robustas é essencial para sustentar a crescente demanda por serviços digitais, especialmente nas áreas rurais e no setor educacional.
Desafios à frente: conectividade rural e inclusão digital
Mesmo com avanços, o Brasil ainda enfrenta desafios importantes. Mais de 10% dos domicílios permanecem desconectados, muitos deles por conta do alto custo do serviço para populações de baixa renda.
“Essa lacuna precisa ser superada com o uso estratégico dos fundos setoriais e estímulos regulatórios para ampliar a competição e a infraestrutura”, defende Schuch.
Mais um ponto crítico é a conectividade rural. A modernização do campo exige internet de qualidade, seja para monitoramento de lavouras, telemedicina veterinária ou uso de sensores inteligentes no agronegócio.
Iniciativas como o Programa Norte Conectado e o Wi-Fi Brasil têm ajudado, mas há espaço para acelerar os investimentos.
Ambiente regulatório e segurança do setor
Schuch também chama atenção para dois temas estruturantes: a informalidade e a criminalidade no setor de telecomunicações.
A prestação clandestina de serviços, além de comprometer a qualidade, representa um risco à criação de empregos formais e à segurança jurídica do ecossistema.
“É urgente combater essas práticas para que tenhamos um ambiente mais justo, sustentável e inovador”, alerta o especialista.
Expansão e inovação: o que esperar nos próximos 10 anos
Para a Associação NEO, o cenário dos próximos cinco a dez anos será de grandes oportunidades.
A demanda por conectividade segue em alta, impulsionada pela educação remota, streaming, serviços em nuvem e internet das coisas (IoT).
“O setor ainda tem muito espaço para crescer, sobretudo no serviço móvel, onde há carência de competição real e cobertura de qualidade em várias regiões”, observa Schuch.
Mais que acesso: conexões que transformam vidas
A banda larga tem deixado de ser um luxo e se tornado um direito básico, essencial à cidadania digital.
Do estudante da zona rural ao empreendedor da periferia urbana, todos ganham com uma internet acessível, rápida e estável.
A construção dessa rede nacional de oportunidades exige esforço coletivo, empresas, governo e sociedade, mas o caminho já está sendo pavimentado.
“A verdadeira transformação não é apenas tecnológica, mas social. Conectar o Brasil é gerar inclusão, emprego e dignidade para milhões de pessoas”, conclui Rodrigo Schuch.
Com o avanço da banda larga em todo o território nacional, o Brasil se aproxima cada vez mais de um cenário onde a conectividade de qualidade é um direito garantido a todos, não um privilégio de poucos.
Quer saber mais sobre o futuro da conectividade no país? Então, aproveite e acesse nosso conteúdo sobre o setor de fibra e banda larga no Brasil.
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