Web 3.0 ou Web3 é a terceira geração da internet, que é alimentada pela tecnologia blockchain. O termo ‘Web3’ foi criado por Gavin Wood em 2014, mas ganhou tração maior em 2021, com a revolução das criptomoedas e DeFi (finanças descentralizadas). É caracterizada por sua natureza descentralizada, o que permite uma maior propriedade e controle dos usuários sobre suas próprias informações online. Ela é vista como uma internet onde, além de participar, o usuário é o dono daquilo que está participando, com poder de decisão.
O Brasil tem posição de destaque no mercado de criptomoedas da América Latina. Relatório da Chainalysis aponta o país como o maior da região em termos de adoção de criptomoedas, o que mostra a sua potência em relação à Web3.
Em 2022, a expressão Web3 esteve entre as mais comentadas na internet junto com Metaverso e NFT. Web3, Metaverso e NFT são todos conceitos-chave que estão moldando o futuro da internet e têm ligações bastante fortes um com o outro:
1. Web3: Como mencionado antes, é a próxima geração da internet, que é descentralizada e explorada por meio da tecnologia blockchain. O objetivo central da Web3 é devolver o controle e a propriedade de dados e conteúdo para os usuários, em vez de mantê-los centralizados em grandes empresas de tecnologia.
2. Metaverso: Este é um conceito que se refere a um mundo virtual onde os usuários podem interagir uns com os outros (social) e com o ambiente de uma forma imersiva e também é persistente, ou seja, mesmo quando você não está por lá, ele continua funcionando. Imagine um mundo virtual onde você pode caminhar, comprar, se socializar, jogar games e até mesmo trabalhar em um espaço 3D.
3. NFTs (Tokens Não Fungíveis): São ativos digitais únicos que são registrados na blockchain e, portanto, podem ser verificados e rastreados. Eles conferem propriedade digital e direitos de autor sobre ativos digitais únicos, como obras de arte, itens de jogo, música e muito mais.
A principal diferença entre a Web 2.0 e a Web 3.0 é a transição da centralização para a descentralização. Enquanto a Web 2.0 foi marcada por uma comunicação bidirecional entre usuários e plataformas com poucos atores grandes (como Google, Meta e Amazon) detendo a maior parte do poder de controle, a Web 3.0 visa devolver esse poder de controle para os usuários. Na Web 2.0, qualquer um podia ser um produtor de conteúdo, mas ainda era dentro de uma estrutura controlada por algumas empresas. Já a Web 3.0 busca uma descentralização e independência, na qual não só se participa, mas o usuário é dono e tem poder de decisão sobre seus conteúdos e dados.
As principais características da Web 3.0 incluem:
1) Descentralização: A Web 3.0 é alimentada pela tecnologia blockchain, o que abre as portas para uma internet verdadeiramente descentralizada. Isto significa que nenhum único ator tem controle total sobre a rede.
2) Propriedade do usuário: Na Web 3.0, os usuários são os proprietários dos seus próprios dados e têm controle total sobre como eles são usados.
3) Moedas digitais: Parte da descentralização mencionada acima é a existência de criptomoedas não controladas por nenhuma organização central ou banco.
Na Web 3.0, os principais beneficiados são, em teoria, todos os usuários da internet. Listo abaixo algumas categorias principais:
1) Usuários Comuns: A Web 3.0 se esforça para colocar a propriedade e o controle dos dados nas mãos dos usuários, em vez de grandes corporações, permitindo uma maior privacidade e segurança.
2) Criadores de conteúdo: NFTs permitem que artistas e criadores verifiquem a autenticidade e propriedade de suas obras, o que pode resultar em novos fluxos de receita e um controle mais rígido sobre o uso de seu trabalho.
3) Empresas e Organizações: A tecnologia blockchain permite uma maior transparência e eficiência para empresas e organizações. Isso pode ser especialmente útil em casos de uso como cadeias de suprimentos, onde a rastreabilidade e a confiabilidade são essenciais.
4) Comunidade de Software Livre e de Código Aberto: A Web 3.0 está sendo construída sobre princípios de código aberto. Essa comunidade pode se beneficiar com a transformação digital, pois ela provavelmente necessitará de suas habilidades de programação e desenvolvimento.
5) Investidores e Especuladores: Aqui, o metaverso e os NFTs entram. Com a crescente popularidade das criptomoedas e dos tokens não fungíveis, há uma oportunidade significativa para investidores e especuladores capitalizarem sobre essas novas tecnologias.
E quanto ao futuro? Bem, na verdade já ocorrem mudanças significativas em várias indústrias, então estamos falando de presente. Isso inclui uma mudança na economia digital, com novos modelos de negócios emergindo que se centram na propriedade do usuário, na personalização, e na interação imersiva. Empresas que não se adaptarem a essa nova realidade podem encontrar-se rapidamente desatualizadas. Além disso, a vizinhança entre Web3, Metaverso e NFTs tem o potencial de criar mercados inteiramente novos e oportunidades de negócios, desde o desenvolvimento de tecnologia de realidade virtual, aumentada e mista, até a curadoria de arte digital e muito mais.
Para finalizar, ressalto que, embora a Web 3.0 ofereça várias oportunidades, também há desafios significativos que precisam ser superados, incluindo questões relacionadas à governança, igualdade de acesso e distribuição de riqueza digital.
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* Por Kenneth Corrêa – especialista em inovação, negócios digitais, novas tecnologias, inteligência artificial e metaverso. Professor de MBA da FGV. Há mais de 15 anos desenvolve e monitora projetos de marketing e tecnologia, atendendo empresas como Suzano, Mosaic Fertilizantes, Leica Microsystems, entre outras. Diretor de Estratégia da agência 80 20 Marketing.