Eureka!” é a famosa expressão de Arquimedes quando descobriu o princípio da flutuabilidade. A lei que nos permite entender o porquê somente vemos o 10% de um iceberg, enquanto o restante 90% fica submerso

O mesmo princípio se aplica hoje a Blockchain.

Quando falamos de Blockchain como uma plataforma de cripto-moedas, nos limitamos ao 10% do seu potencial. É como o conhecemos, desde que surgiu Bitcoin. Porém, o restante 90%, é inexplorado.

Vamos entender o porquê é que Blockchain e muito mais do que conseguimos enxergar.

Primeiramente, é importante relembrar que o Blockchain é uma base de dados distribuída, que transaciona dados entre participantes de maneira confiável. Estes dados são ativos de valor dentro de uma rede de comercio. Os ativos (bens) podem ser tangíveis ou intangíveis. Um bem tangível pode ser uma casa, assim como um bem intangível pode ser a hipoteca desta casa. Quando falamos de transações, geralmente transacionamos bens intangíveis, até porque, muitas vezes referem ás regras que governam estes bens tangíveis.

Mas todo ativo pode ser comerciado! No âmbito digital, um ativo pode ser uma música, no âmbito financeiro, as ações ou papeis comerciais, no intelectual as patentes, etc. O fato é que dentro da rede de comercio de Blockchain, estamos transacionando valor.

Vamos descobrir então onde reside o potencial de Blockchain. Mergulhemos nos modelos de redes de comércio.

Blockchain para C2C (Consumer to Consumer)

Este primeiro modelo é um modelo de comercio entre consumidores, de um para um, e foi o primeiro modelo aplicado ao Blockchain. O caso de uso mais famoso é o Bitcoin, que iniciou o conceito de economias virtuais. Agora se é podemos transacionar tudo: porque é que o ativo comerciado em economias virtuais é dinheiro? Porque é um bem reconhecido entre participantes de uma rede onde eles não se conhecem.

Daí que surge o conceito de redes públicas: participantes anônimos transacionando o um ativo relacionado a um valor. Este modelo pode escalar, desde dinheiro, um bem penhorado ou o ativo leiloado. A evolução e diversificação deste modelo dependera disto assim como dos avanços tecnológicos que serão precisos de fazer para otimizar a operação.

Blockchain para B2C (Business to Consumer)

Este modelo transaciona bens de um participante (fonte) para muitos destinatários. Aqui Blockchain pode trabalhar no “background”, podendo se conectar a aplicações consumidas por usuários ou empresas conectadas ao fornecedor. Blockchain poderá ser parte de uma aplicação mobile, um componente dentro de uma aplicação client /server ou até registrando transações provenientes de um browser. Graças a capacidade de conectividade que as APIs oferecem, as opções de implementação tecnológica são infinitas. Exemplos de Blockchain neste modelo são todas as plataformas de relacionamento de troca de dados ou mensagens entre uma fonte servidor/ fornecedor e seus clientes. Todas as industrias podem usufruir deste modelo.

Blockchain para B2B (Business to Business)

O modelo B2B é onde Blockchain consegue expressar todo seu potencial. Este modelo também e conhecido como “permissionado”. Numa rede de comercio privada (ou permissionada), os participantes (empresas, sistemas, objetos (IoT), áreas, processos ou até pessoas) se “conhecem”. O conceito de “se conhecer” refere a que o participante e registrado dentro da rede que certifica, identifica, garante a privacidade e a aditabilidade de membro. Uma rede permissionada e extremamente performática já que não precisa de mineração, as transações são executadas em um protocolo privado de validação.

Em redes B2B, podemos expandir as capacidades transacionais para vários modelos de negócio: gestão de IoT, otimização e controle de processos, transparência e eficiência na auditoria graças a rastreabilidade em cadeias de suprimentos ou de transações, diminuição de fraude, visão holística e consolidada de clientes e bens. Todos estes casos de uso são implementados no modelo B2B e como objetivo a diminuição de custos, riscos e tempo, assim, aumentando a receita, atingindo os objetivos corporativos e reduzindo a “fricção de mercado”.

*Artigo escrito por Bernardo Madeira, especialista técnico de Blockchain-Hyperledger e co-fundador da Smartchains

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