Aumentar a taxa de transmissão de dados nas redes de fibra ótica é hoje um dos desafios dos provedores de Internet para melhorar a qualidade do sinal para uso comercial e residencial.
No segundo dia Futurecom Digital Week, a Profa. Dra. Lídia Galdino mostrou como foi possível bater o recorde de velocidade da Internet em seu projeto de pesquisa “Capacity-approaching, Ultra-Wideband Nonlinear optical Fibre Transmission System”, financiado pela Royal Academy of Engineering. Lídia liderou o painel “Meet the Expert – Mil filmes por segundo: Criando a conexão de internet mais rápida do mundo”.
Atual professora e pesquisadora na University College London (UCL), na Inglaterra, Lídia criou conexão mais rápida do mundo como resultado do trabalho de dois anos. A velocidade atingida numa linha de fibra ótica foi de 178,08 terabits por segundo, equivalente a uma conexão que pode baixar mil filmes de um disco de blu-ray (25 GB) num piscar de olhos.
Segundo afirmação da UCL, a velocidade atingida dobrou a capacidade de qualquer outro sistema implantado. A pesquisadora afirma que hoje 95% de todo tráfego global de dados é transmitido via fibra ótica, sendo que o crescimento é de 15% ao ano dos 4,5 bilhões de fibras instaladas – sendo grande parte nas redes submarinas.
O resultado atingido por Lídia pode ser de fundamental importância no futuro próximo como suporte para o crescente número de aplicações geradas pela Internet das Coisas (IoT), por exemplo.
“Hoje temos 7,6 bilhões de pessoas no mundo que têm 50 bilhões de dispositivos conectados”, dimensiona. Para ela, o grande problema a ser resolvido é aumentar a quantidade de informação transmitida por fibra – aumentar a taxa de dados. Quanto maior a qualidade da banda, mais dados trafegam. Além disso, Lídia destaca que o aumento da taxa de transmissão conseguida com amplificadores óticos e o desenvolvimento de novos algoritmos vai baixar significativamente o custo da conexão.
Projetos de pesquisa como esses, segundo Lídia, vão influenciar positivamente a implantação da quinta geração da Internet móvel (5G), que será apoiada pela disponibilidade de fibra ótica para as premissas de antenas.
5G: ecossistema que vai impulsionar negócios em vários segmentos
As várias possibilidades que o 5G pode proporcionar são cada vez mais evidentes. E para colocar o Brasil em destaque em relação a outros países onde a tecnologia de quinta geração já está em operação, a Futurecom Digital Week ampliou o debate do tema nos webinars realizados na terça-feira (27/10) ‘5G Interconectando Tecnologias e Serviços, transformando Negócios’ e ‘Enquanto o 5G não vem: Utilizando a Infraestrutura disponível para atender a Demanda IoT de diferentes Negócios’.
No primeiro seminário, Sun Baocheng, CEO da Huawei do Brasil; Paulo Cesar Teixeira, CEO da unidade de consumo e PME da Claro; Georgia Sbrana, vice-presidente de Marketing, Comunicação, Inovação, Relações Institucionais e Governo para Cone Sul da América Latina da Ericsson; Marisol Penante, vice-presidente LATAM Communications Sector Leader da IBM Services; e Hugo Amaral Ramos, Chief Regional Technologist da Commscope CALA, comentaram os diversos aspectos da introdução e benefícios do 5G no País. A palestra virtual foi conduzida por André Miceli, CEO e editor-chefe do MIT Technology Review Brasil.
É fato que o 5G precisa se pavimentar e ganhar escala, mas antes disso é necessário resolver questões fundamentais no País e, a partir desse posicionamento, fazer a tecnologia chegar aos brasileiros.
Esse futuro está bem próximo com uso da Internet das Coisas (IoT), avanços da Inteligência Artificial e toda a profusão da aplicação do 5G para obter mais eficiência em setores cruciais que serão impactados como indústria 4.0, agronegócios, saúde 4.0 e educação.
Para Sun Baocheng, CEO da Huawei Brasil, o 5G é o alicerce da transformação digital e pode ter o impacto comparado ao da eletricidade nas indústrias de todo o mundo. “Várias áreas podem se beneficiar e, no Brasil, principalmente o agronegócio, com o monitoramento das plantações e o aprimoramento da produtividade”.
A Claro também enxerga mercados promissores como o de agropecuária, Industria 4.0, teleducação e telemedicina e já deu os primeiros passos ao implantar entre São Paulo e Rio de Janeiro a tecnologia DSS (Dynamic Spectrum Sharing), que permite compartilhamento de frequências de 3G, 4G e também o 5G.
“Agora, vamos expandir o DSS para mais 12 cidades na semana que vem”, anunciou Paulo Cesar Teixeira, CEO da unidade de consumo e PME da operadora, que ressaltou ainda que a solução já está em operação nos Estados Unidos, com cobertura nacional por parte da Verizon, e com velocidade de até 400 bits por segundo para usuários como o novo iPhones 12.
“Vamos remeter primeiro ao salto que isso significa, desde a entrada da telefonia celular, e que mudou a relação de como compramos, consumimos e interagimos. Há três fatores importantes para considerarmos agora que são velocidade, densidade de baixa latência. Habilitadores que vão trazer capacidade que até então não tínhamos utilizado”, destaca Marisol Penante, da IBM.
Também será preciso preparar o usuário para consumir o 5G, assim como “teremos que atuar para ensinar os profissionais como absorver esse conhecimento a fim de colocar novos serviços com agilidade no mercado”.
A executiva da Ericsson, Georgia Sbrana, entende que o 5G já é uma realidade no Brasil, citando o lançamento da Claro com o DSS, e sua essencialidade é real, assim como o de telecomunicações em geral, fato que foi visível durante a pandemia.
“O Brasil pode e deve ser protagonista do 5G”, reforçando que, com o leilão, já será possível discutir pontos fundamentais para o plano de políticas públicas do País. Além disso, com as novas velocidades do 5G, os fornecedores vão entender como os setores funcionam para gerar valor nos negócios e poderão, juntos, desenvolver aplicações que auxiliam a todos nesse ecossistema. Para o País ter eficiência, precisa ter base de apoio e políticas para o Brasil se colocar como peça-chave e ser competitivo internacionalmente no mercado do 5G”, afirmou.
Segundo Hugo Amaral Ramos, chief regional technologist CALA da Commscope, o 5G é uma geração de riqueza, com banda larga aprimorada, que permite criar uma comunicação máquina-a-máquina, além de aplicações críticas, como a telemedicina, e outras redes flexíveis com capacidade para desenvolver novas aplicações.
“Mas é importante olhar para a questão da densificação que as redes exigem para assegurar qualidade da experiencia e latência ultrabaixa”. Para o executivo, a “adoção de tecnologia 5G vai trazer desafios para se estabelecer parcerias e preparar canais de vendas”.
Enquanto o 5G não vem…
É preciso utilizar a infraestrutura disponível para atender a demanda de IoT em diversos setores. Este foi o tema e a conclusão do webinar da tarde desta terça-feira, que reuniu o CIO da Queiroz Galvão, Marcelo Borges; o diretor de Soluções Corporativas da TIM, Paulo Humberto Gouvea; o diretor de Arquitetura Cloud e Tecnologias Emergentes da Oracle Latam, Marco Righetti; a head de Arquitetura da Vale, Stella Michirefe; o diretor de Negócios de IoT da Claro, Eduardo Polidoro, e o diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da Nokia, Leonardo Finizola, sob a mediação de Paulo José Spaccaquerche, presidente da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC).
Enquanto o 5G não chega, há várias tecnologias capazes de garantir monitoramento, rastreabilidade e segurança nas operações. A Vale, por exemplo, vai migrar para a tecnologia LTE para implementar novos projetos de IoT, que envolvem caminhões autônomos e monitoramento de barragens.
A Galvão Queiroz trabalha com IoT e Inteligência Artificial para obter, em tempo real, o peso dos caminhões que integram sua frota.
Segundo Leonardo Finizola, a Nokia atua no desenvolvimento de soluções modulares que sejam implementadas de forma fácil e, principalmente, atendam as necessidades dos clientes em todos os segmentos.
O executivo acredita que o Blockchain é o novo modelo de se fazer negócios, premissa também compartilhada por Marco Righetti, da Oracle. “O Blockchain é escrito em pedra. Se houver alguma tentativa de violação, todo mundo vai saber”, destaca o executivo.
Os executivos que participaram do painel foram unânimes em dizer que não dá para ficar parado esperando o 5G.
“É importante seguir com as aplicações disponíveis e, ao mesmo tempo, nos preparar para quando a tecnologia de quinta geração chegar. A Vale está montando um laboratório com a Nokia e USP para desenvolver o ecossistema que atuará com o 5G”, afirma Stella Michirefe.
Enquanto o 5G não vem, Paulo Gouvea, da TIM, ressalta a importância da visão fim a fim do negócio e da mescla de redes públicas e privadas. Eduardo Polidoro, da Claro, vai direto ao ponto: “É preciso colocar mais antenas no setor rural e em locais onde precisamos expandir a rede. Por isso, o leilão do 5G não pode ser arrecadatório porque o investimento será alto”.
De acordo com Paulo José Spaccaquerche, da ABINC, o webinar mostrou que há varias oportunidades com as soluções disponíveis no momento.
“Tudo ficou digital. E o digital tem o coração de IoT, que por sua vez tem o coração da conectividade. Tudo está interligado e mostra a evolução da Internet das Coisas em vários setores, como no agronegócio, nas cadeias logísticas e na saúde”, complementou.
ANOTE NA AGENDA
Futurecom Digital Week
Data: de 26 a 30 de outubro
Inscrições: https://www.futurecom.com.br/pt/digital-week.html#inscreva-se