Num relatório publicado com predições referente a importância do valor da informação no mundo atual, Gartner apontou que, mesmo que a informação seja considerada um dos bens principais das companhias, hoje não se tem uma métrica para medir ou ranquear o êxito de uma organização neste quesito.

Segundo Douglas Laney, vice presidente e notável analista do Gartner, vivemos a “era dourada” da informação, mesmo assim, ela não é considerada pelas entidades que avaliam as empresas. Isto mudará. Segundo ele, nos próximos anos, os analistas responsáveis em avaliar investimentos corporativos serão obrigados a considerar a informação como um capital de valor na avaliação da viabilidade e potencial de uma organização.

Isto representa um grande desafio para o CIO, que hoje, não só deve considerar todas as tendências tecnológicas num mundo de altíssima mudança, mas também deve fazer bom uso da tecnologia para aplica-la ao negócio de uma maneira segura e eficiente.

Para adequar-se a este mundo digital, muitos CIOs estão transformando a estratégia de IT e, transitivamente, a estratégia corporativa do “go to market”. Desde a adoção de técnicas ágeis de DevOps até o uso dos benefícios da era cognitiva.

Mas os CEOs e o “boards” corporativos demandam tirar o máximo de proveito da tecnologia para descobrir novas rotas de crescimento. Neste contexto, o CIO deve considerar constantemente novas estratégias para endereçar esta demanda assim como adquirir uma visão periférica e inovadora.

A razão pela qual Blockchain tem um imenso potencial em todas as indústrias, é o de solucionar ou minimizar grandes problemas de custo, o risco e o tempo em disponibilizar um bem em um mercado “multisetor”. Este problema também é conhecido como “fricção de mercado” (Market Friction).

É importante que sejamos realistas: um mercado sem fricção é uma aspiração mais do que uma realidade. O Gartner prevê estes casos de fricção até o ano 2035 por conta de entraves burocráticos que deverão ser adequados paulatinamente nas implementações.

Porque o CIO deve entrar na era do Blockchain?

A tecnologia que pode concretizar esta aspiração já existe: é Blockchain, e traz grandes benefícios graças as seguintes características:

– Sistema de registros de atividade transacional descentralizado, distribuído que garante a transparência e imutabilidade da informação;

– Governança automatizada e autoregulada, segura e confiável;

– Intercambio de bens (expressado em transações) entre participantes de uma rede a um baixíssimo custo comparado com sistemas de legado tradicionais.

– Execução de transações de maneira descentralizada, autônoma e sem intervenção humana;

– Direitos e responsabilidades de operações reconhecidos entre participantes que garantem a estabilidade e transparência contratual.

Como apresentamos uma proposta de valor para a organização?

As companhias correm o risco de verem seus negócios passarem por disrupções se não fizerem nada em relação a Blockchain. É por isso que é importante mapear e discutir 3 áreas de impacto para criar um valor realista.

Momento do mercado: Blockchain irá trazer uma enorme redução de custos e as companhias irão experimentar uma grande facilidade de expandir seus negócios, seja entrando em um novo setor assim como expandido seus ecossistemas, mas é importante mapear possíveis entraves burocráticos que inviabilizem uma implementação e que possam frustrar a adoção deste modelo.

Gestão de risco: outro componente a considerar é que Blockchain ira reduzir riscos de maneira considerável graças ao modelo de auditabilidade, compliance, carência de pontos de falha e identidade global, mas devemos considerar as implicações que a automatização e dependência tecnológica podem gerar. Assim, devemos pensar na adequação dos modelos de risco para este novo esquema.

Considerações legais: Blockchain pode trazer a luz desafios legais, seja por jurisdições não esclarecidas, contratos informais  quebra de estândares do mercado, questões impositivas e outros. Na definição do caso de uso, estas pontos devem ser considerados.

Havendo endereçado estes pontos, conseguiremos amarrar as características e mitigar os riscos a fim de gerar uma proposta de valor.

Por onde começamos uma implementação?

Primeiramente, a sugestão é começar pequeno. Pensar em grande, sim, mas começar com um piloto controlado mapeando disponibilidade de recursos, viabilidades técnicas, sponsorship executivo, potencial de renda/ economia, visibilidade interna/ externa, entraves burocráticos e capacidades de expansão.

O entendimento da tecnologia é uma pré-condição, pelo que devemos entender todos os componentes que fazem parte do mundo de Blockchain, como node.js, github, virtualização,  containers, javascript, json e golang. Também é importante conhecer arquiteturas de redes, conexões P2P, criptografia e SSL.

Finalmente. se deve estar 100% atualizado de todos os componentes, aplicabilidades tecnológicas e casos de uso.

É critico que as companhias considerem ajuda de profissionais técnicos ou empresas dedicadas na implementação para garantir que os projetos sejam implementados de maneira exitosa, bem sucedidos e expansíveis.

Quando começamos?

Para concluir, o CIO moderno deve começar rápido. É muito provável que esta “segunda era da Internet” comece mais rapidamente do que a primeira, até porque muitos dos componentes tecnológicos e condições para que Blockchain decole, já existem.

*Artigo escrito por Bernardo Madeira, especialista técnico de Blockchain-Hyperledger e co-fundador da Smartchains