Desde que recursos de Inteligência Artificial (IA), como o ChatGPT, se tornaram populares, este termo entrou de vez para o dicionário empresarial e está cada vez mais presente em nosso cotidiano. Mas você sabia que há diferentes tipos de IA? Entre eles, podemos destacar a Inteligência Artificial Geral e a Inteligência Artificial Nichada.
Para compreender melhor as nuances de cada uma dessas categorias, conversamos com Caio Bonilha. Ele é sócio-diretor da Futurion Análise Empresarial, empresa especializada no setor de telecomunicações.
Bonilha nos ofereceu uma visão profunda sobre as duas vertentes que, embora compartilhem o mesmo DNA tecnológico, destinam-se a propósitos bastante distintos. Veja a seguir!

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O que é a Inteligência Artificial Geral?
A Inteligência Artificial Geral, ou Inteligência Artificial Geral (AGI), é um conceito que, em essência, representa o oposto da IA que usamos hoje. Enquanto a IA Nichada é treinada para uma tarefa específica, a AGI é a capacidade hipotética de uma máquina entender, aprender e aplicar conhecimento em uma ampla variedade de tarefas, assim como um ser humano.
Ela teria a capacidade de raciocinar, planejar, resolver problemas complexos e até mesmo criar. Em outras palavras, um sistema de AGI não estaria restrito a um domínio, mas seria capaz de se adaptar e operar em diferentes contextos, aprendendo e evoluindo de forma autônoma.
O desenvolvimento da AGI é considerado o Santo Graal da pesquisa em IA. A capacidade de um sistema de General AI em transferir conhecimento de um campo para outro e de realizar tarefas não programadas explicitamente para ele teria um impacto revolucionário em setores como telecomunicações, conectividade e gestão de dados.
Imagine um sistema capaz de otimizar redes de comunicação, prever falhas em infraestruturas e, ao mesmo tempo, desenvolver novas estratégias de negócios, tudo de forma autônoma. Embora a AGI ainda não exista e seja um desafio imenso, seu potencial é o que move grande parte das pesquisas mais avançadas na área de IA.

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O que é a Inteligência Artificial Nichada?
A Inteligência Artificial Nichada (ou Narrow AI) é o tipo de IA que já faz parte do nosso dia a dia, mesmo que não a percebamos. Ao contrário das visões futuristas de máquinas pensantes, ela é focada em uma única tarefa ou um conjunto limitado de funções específicas. É por isso que também é chamada de Inteligência Artificial Limitada.
Pense nos assistentes de voz como a Siri ou a Alexa, nos filtros de spam do seu e-mail, ou nos algoritmos que recomendam filmes na sua plataforma de streaming. Todos são exemplos de IAN: são extremamente bons em suas tarefas designadas, mas não podem fazer nada além delas. Elas utilizam o machine learning para resolver problemas específicos.
Essa limitação é a característica que a define. Um sistema de IA Nichada que otimiza o fluxo de dados em uma rede de telecomunicações, por mais eficiente que seja, não tem a capacidade de aprender a gerenciar uma equipe ou a criar uma nova estratégia de marketing. O conhecimento e a habilidade dele não podem ser transferidos para outro domínio.
É justamente essa especialização que a torna tão poderosa e útil para resolver problemas específicos, de maneira confiável e escalável, sem a necessidade de habilidades cognitivas mais amplas.

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Quais são as diferenças entre Inteligência Artificial Geral e Inteligência Artificial Nichada?
“Os dois tipos de IA são classificados por funcionalidade e técnica. Mas se distinguem por seu propósito, sua amplitude e escopo de habilidades,” explica Bonilha.
Enquanto a IAN é desenvolvida com o intuito de executar tarefas específicas em domínios limitados – como telecomunicações, finanças ou saúde -, a IAG ambiciona alcançar um patamar onde as máquinas possam ter habilidades cognitivas comparáveis ou até superiores às humanas.
“Segundo o CEO Jensen Huang, da Nvidia, em até cinco anos, teremos uma máquina com essas características,” destaca Bonilha.
A discussão sobre as características únicas de cada abordagem revela contrastes significativos. A IAG busca raciocinar, aprender, resolver problemas, comunicar-se e, de forma mais controversa, alcançar um nível de autonomia e autoconsciência.
Na visão de Bonilha, esse último aspecto tem sido motivo de debates intensos, especialmente após incidentes envolvendo robôs em contextos militares e industriais.
“Há casos de mortes causadas por robôs no exército americano, na fábrica da Tesla, entre outros, o que levou Elon Musk a abrir um debate sobre o uso da IAG e suas consequências,” pontua Bonilha.
Por outro lado, a IAN se concentra na especialização, executando tarefas dentro de sua área de especialização sem apresentar os grandes riscos associados à IAG.
Bonilha menciona o AlphaGo como um exemplo emblemático de IAN, notável por sua capacidade de aprender e vencer o campeão mundial do jogo Go.
Na tabela abaixo, é possível verificar as principais diferenças entre a Inteligência Artificial Geral e Inteligência Artificial Nichada:
| Inteligência Artificial Geral (IAG) | Inteligência Artificial Nichada (IAN) |
|---|---|
| Busca habilidades cognitivas amplas, comparáveis ou até superiores às humanas. | Focada em tarefas específicas dentro de um domínio limitado. |
| Pode raciocinar, aprender, comunicar-se, resolver problemas e até desenvolver autonomia. | Executa funções bem delimitadas sem ultrapassar sua área de especialização. |
| Envolve riscos maiores, com debates sobre ética, autoconsciência e uso militar ou industrial. | Mais segura, aplicada em setores como finanças, saúde e telecomunicações. |
| Exemplo citado: expectativa de máquinas com essas capacidades em até cinco anos (Nvidia). | Exemplo: AlphaGo, que venceu o campeão mundial do jogo Go. |
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Quais são as aplicações da IA Geral e IA Nichada?
Quanto ao uso ideal de cada tipo de IA, Bonilha faz uma analogia esclarecedora:
“A IAG está sendo projetada para ser ampla e geral, com habilidades cognitivas equivalentes a um ser humano, enquanto a IAN é uma ferramenta específica e limitada, focada em realizar tarefas específicas dentro de um domínio restrito.”
Ele cita a IA Generativa como um grande exemplo de IAN, com aplicações em desenvolvimento em vários campos específicos.
Áreas como o marketing, a comunicação, a saúde, a logística, a agricultura, entre tantas outras já usam esse tipo de ferramenta.

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Como usar a Inteligência Artificial Geral e Inteligência Artificial Nichada nos negócios?
Para as empresas que ponderam sobre a implementação de soluções de IA, a recomendação de Bonilha é clara: no atual estágio de desenvolvimento, a IAN, principalmente com a IA Generativa, representa a melhor alternativa.
“No segmento de telecom, segundo o GSMA, já há diversas aplicações com excelentes resultados em manutenção preventiva, detecção e mitigação de ameaças, e otimização de rede, entre outros,” afirma Bonilha.
Com essas palavras, o executivo destaca o potencial imediato e tangível da IAN em contraste com o futuro promissor, porém mais incerto, da IAG.
De modo geral, podemos dizer que a IAN já está proporcionando avanços concretos em diversas áreas. A IAG, por sua vez, representa uma fronteira futura repleta de promessas e desafios.
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