O blockchain tem quebrado paradigmas em relação a possibilidade do compartilhamento de dados de forma segura entre empresas e instituições financeiras. Até mesmo os bancos brasileiros estão estudando essa possibilidade de adoção do sistema.
A tecnologia é capaz de gravar e distribuir os dados pela rede de várias máquinas conectadas em diferentes locais e em forma de blocos, os dados armazenados são criptografados, ficando, segundo especialistas, impossível excluir alguma informação depois que ela foi inserida no sistema.
O sistema blockchain também oferece possibilidades para meios de pagamento e promete revolucionar e deixar mais transparente as transações financeiras.
Nesse sentido, a consultoria brasileira especialista em blockchain permissionada, Smartchains, está em parceria com a empresa de TI Projec TI para planejarem a implementação dessa tecnologia para o mercado de meios de pagamento e seguros, especialmente entre bancos e seguradoras.
Quais os desafios em usar blockchain para meios de pagamento?
O primeiro desafio, sem dúvida, é formatar uma rede blockchain com capacidade para processar os altos volumes de dados e pagamentos para que a operação da cadeia de pagamentos siga com o mesmo desempenho que existe hoje.
Na opinião do cofundador da Smartchains, Fúlvio Xavier, outro desafio é a definição sobre os custos envolvidos – ainda não há um padrão sobre os custos de operação, que, dependendo da plataforma, podem inviabilizar a operação.
No entanto, já há uma série de iniciativas bastante avançadas em redes permissionadas de blockchain, que visam endereçar essa questão. Outro desafio enorme é o processo de integração com os sistemas existentes e a tradução dos padrões atuais para algo mais universal e unificado.
E quais são as vantagens?
Resolvidos os desafios acima, uma rede de pagamentos baseada em blockchain fica transparente, fazendo com que os repasses, pagamentos e conciliação sejam feitos de forma mais rápida e segura.
“A tendência é que haja, também, uma redução das taxas e valores praticados pelo mercado, uma vez que há a diminuição imediata de intermediários operando na cadeia”, comenta Xavier.
A segurança é outro ponto fundamental, porque a blockchain pode evitar custódias de valores, garantir operações claras e, principalmente, evitar fraudes nos meios de pagamento.
O que pode ser feito com a ferramenta?
É possível criar uma rede descentralizada e transparente para a cadeia de pagamentos, permitir que consumidores e comerciantes escolham seus parceiros diretos, bem como diminuir intermediários.
Há, também, a possibilidade de termos carteiras digitais que sejam capazes de operar várias moedas e criptoativos de acordo com a escolha do pagador. Além disso, a partir da blockchain, aprovações de crédito podem ser imediatas, assim como acesso ao score de consumidores e comerciantes.
Existem centenas de casos de uso sendo trabalhados neste momento pelo mundo, especialmente em países asiáticos, como Japão, Hong Kong e Cingapura. Uma das bases para a aplicação desse tipo de tecnologia é o KYC (Know Your Customer), ou seja, a aplicação da plataforma deve ser desenvolvida com base no cliente ou consumidor final da cadeia.
Como começar a usar esse sistema?
“O primeiro passo é conhecer a tecnologia e trabalhar na educação de cada participante da cadeia de Meios de Pagamento”, explica Xavier.
Antes de qualquer aplicação, é necessária, ainda, uma mudança de paradigma na cadeia, que deve entender qual a melhor forma de conectar todos os seus participantes. Além disso, a cadeia precisa estar disposta a dar poder à ponta, ao consumidor ou comerciante, para que ele tenha mais poder de escolha, controle e uma percepção clara dos benefícios da tecnologia.
É altamente recomendável que, antes de uma adoção em massa, haja testes para indicar a plataforma adequada para a operação e garantir que ela seja capaz de suportar os volumes de transações e tenha flexibilidade para agregar serviços com o tempo com custos melhores do que os praticados atualmente.