Instituído pelo governo brasileiro em junho deste ano, o Plano Nacional de Internet das Coisas apresenta mecanismos para o desenvolvimento de projetos de IoT, dentre elas a segurança jurídica necessária para que o setor produtivo possa implementar soluções com maior eficiência e previsibilidade. Além de impactar setores altamente representativos no PIB do Brasil, como indústria, agricultura, serviços, a Internet das Coisas deve alavancar o desenvolvimento de cidades inteligentes, nas áreas de mobilidade urbana, segurança pública, saúde e educação.
Um estudo do McKinsey Global Institute estima que o impacto de IoT na economia global será de 4% a 11% do produto interno bruto do planeta em 2025, algo entre US$ 3,9 e US$ 11,1 trilhões. Já no Brasil, a estimativa é que o impacto econômico anual em 2025 seja de US$ 50 a US$ 200 bilhões.
Assim como hoje temos internet móvel sempre disponível, as soluções IoT estarão por toda a parte para coletar dados, interagir com o ambiente e proporcionar aos cidadãos uma nova experiência de relação com as cidades, afirma Daniel Mazzer, professor e especialista em Sistemas do Inatel Competence Center, coordenador do Innovation Office e do projeto Inatel Smart Campus. “As plataformas, sensores, atuadores, e outros, estarão nos bastidores, trabalhando para que as aplicações e automações das cidades inteligentes possam oferecer diversos tipos de serviços aos cidadãos.”
Para que todo município possa aplicar Internet das Coisas e iniciar sua jornada rumo ao título de cidade inteligente, é necessário cumprir com três elementos básicos. É o que aponta um relatório produzido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em parceria com o MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) intitulado “Relatório do plano de ação – Iniciativas e Projetos Mobilizadores”. Os itens são:
1. Vontade política
Prefeitos devem ser apoiadores da transformação digital municipal. Além dele, a equipe e liderança da cidade precisam estabelecer agenda clara no tema tecnológico para definir prioridades da gestão.
2. Legislação mínima local estabelecida
Aplicações de IoT devem ser pensadas do ponto de vista legal e orçamentário, como por exemplo, devem estar previstas no Plano Plurianual e nas leis orçamentárias.
3. Sistema coordenado de governança inteligente local
Existência de fóruns com participação de governo, academia, setor privado, terceiro setor e sociedade são de suma importância para manutenção de um ecossistema que permita criação de soluções técnicas sustentáveis financeiramente. Prefeituras possuem papel de liderança na articulação com demais atores.
“Vejo cidades implementando algum tipo de solução tecnológica para cidades inteligentes. Alguns projetos piloto aconteceram em iluminação pública e mobilidade urbana. Desde 2016, o Inatel possui a iniciativa Inatel Smart Campus com o objetivo de criar um ambiente para externar a tecnologia desenvolvida na instituição, tanto no meio acadêmico, quanto na área de P&D e Empreendedorismo, direcionada para IoT e Smart Cities”, diz o professor.
Esse ambiente é utilizado para realização de provas de conceito e testes de soluções desenvolvidas para importantes projetos. Exemplo disso é o projeto voltado para transformar Santa Rita do Sapucaí, Caxambu e Piraí em cidades inteligentes, desenvolvido pelo Inatel em parceria com a TIM e a Ericsson, com o apoio do BNDES.
Coleta e segurança de dados
De acordo com Daniel Mazzer, no contexto de cidades inteligentes, a instalação de sensores em grande escala é fundamental. A coleta de dados de um sensor pode servir para uma infinidade de aplicações, principalmente quando associamos dados de diversos sensores.
Exemplificando, somente a informação de uma câmera de trânsito pode não ser totalmente relevante, mas conseguir rastrear um veículo por toda uma cidade, utilizando uma plataforma com inúmeras câmeras conectadas pode ser uma aplicação interessante para segurança pública.
“Um dos grandes desafios é como instalar, manter e conectar esse grande volume de sensores, que se comunicam por diversos protocolos e são fornecidos por diversos fabricantes. Hoje existem plataformas que se propõem a realizar esta tarefa, mas ainda existe bastante espaço para novas soluções e tecnologias para as cidades inteligentes.”
A segurança de dados tem enorme importância para as cidades inteligentes, levando em consideração que a tendência é de aumento constante das informações.
“Quando incluímos sensores que permitem identificar o cidadão, como reconhecimento facial, por exemplo, a necessidade de uma política de segurança de dados é fundamental. É imprescindível que plataformas e sensores ofereçam segurança em seu estado da arte, mas também é imprescindível que o acesso às informações coletadas seja monitorado para garantir que o uso dessas informações esteja sempre dentro da política de segurança e privacidade adotadas.”
Na visão do professor do Inatel, quando o uso de tecnologia é empregado na segurança pública, ponderar até onde a coleta e o uso de dados pessoais serão utilizados precisa ser definido pelas políticas públicas de segurança e privacidade.
*Este é um Publieditorial sob responsabilidade de INATEL.