Para Danilo Scalet, Diretor de Desenvolvimento de Soluções Corporativas da CELEPAR, a transformação digital na gestão pública é um tema urgente. “Precisamos conversar cada vez mais sobre isso, para entender qual o nosso papel como agentes públicos nesse cenário e qual nossa responsabilidade com a sociedade”, comentou. Abordando o papel do Estado e como a gestão digital pode afetar as relações governamentais, Scalet conduziu a palestra “Think Digital: melhores práticas para uma gestão pública inteligente”, no auditório FutureGov, durante a Futurecom 2019.

Contextualizando sua apresentação, Scalet apontou um paradoxo da gestão pública. Embora seja papel do Estado servir, obter e gerir os recursos da sociedade, a população segue sendo resistente à ampliação de impostos. “Também é papel do Estado promover o desenvolvimento social e econômico, mas vivemos hoje um momento de déficit de contas públicas e mesmo de recursos humanos, com a aposentadoria de talentos”, explicou. Mas o que a tecnologia disruptiva tem a ver com isso? “Há alguma saída desse paradoxo sem que se use intensamente tecnologia?”, provocou os presentes.

Oportunidades e desafios do pensamento digital na gestão pública

De acordo com o palestrante, apenas usar a tecnologia não será suficiente. “O problema é muito maior do que nossa capacidade de agir no momento, por isso precisamos usar a tecnologia de modo disruptivo. Precisamos pensar coletivamente sobre esse assunto para encontrar formas inovadoras de aplicar essa tecnologia”, defendeu. “Um dos grandes pilares da inovação é o problema. Grandes soluções começam com grandes desafios”, apontou.

Scalet defende que é preciso entender a diversidade do nosso país para criar mecanismos que tornam a tecnologia de fato inclusiva. “O desenho do serviço público digital deve ser centrado no cidadão e na diversidade deles, para que a mensagem chegue ao seu destino”, observou.  

Chamado para o futuro

Honrando o DNA do evento, Scalet reforçou que os representantes da gestão pública precisam se preparar para o futuro. “Nosso modelo já não é suficiente para suprir as necessidades. É preciso buscar novos caminhos para conseguir as melhores práticas”, defendeu.  

Relembrando os três pilares da transformação digital (design centrado no cidadão, tratamento analítico de dados, e plataformas de atuação), o diretor da CELEPAR defendeu que esses são itens indispensáveis para uma gestão pública conectada. “Se não as tivermos, precisamos que elas sejam primeiro desenvolvidas, para só depois iniciar o processo de novas soluções digitais”, reforçou.

Para ele, pensar o futuro é urgente. “Em 2021 assumem novos prefeitos, em 2023 assumem novos governadores. Como será o mundo em 2023? Estaremos preparados? Daqui quatro anos, os assistentes de Inteligência Artificial já influenciarão fortemente as decisões humanas. Como estamos nos preparando para isso?”, questionou. Comentando que será preciso rediscutir os modelos de escolas, hospitais, serviços públicos e até mesmo lidar com um crime organizado cada vez mais digital, Scalet apontou como necessário discutir como o governo precisará agir para não ser rejeitado pela população. “Quem será o funcionário publico em 2023? A relação da sociedade com o governo pode entrar em colapso se não nos prepararmos”, acredita.

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