Cada vez mais as ferramentas de Big Data fazem parte do cotidiano de empresas de todos os segmentos. O uso de dados no setor de telecomunicações, portanto, também já é uma realidade.

As prestadoras de serviços de telecomunicações, diariamente, lidam com uma infinidade de informações. Certamente, em meio a esse processo, surgem muitos desafios.

Mellissa Penteado, fundadora e CEO da proScore Tecnologia, é especialista no segmento e conversou conosco. Leia a seguir!

Como funciona a captura e o armazenamento de dados pelo setor de telecomunicações?

Mellissa Penteado: “Hoje, a grande fonte de captura de dados das operadoras de telefonia se dá através dos próprios assinantes, contratantes dos serviços ofertados, assim como pelo uso seu dos aparelhos de telefone celular. 

Pelos aparelhos, além de se obter os dados do próprio modelo, tipo de navegador, geolocalização e por onde ele circula, é possível identificar quais locais são frequentados pelo proprietário e por quanto tempo ele fica conectado. 

Além disso, podem ser obtidos os dados de navegação na internet, em quais sites ele entrou, quais aplicativos foram utilizados, o tempo de permanência em cada app, entre outros, desde que lhe seja fornecido o consentimento para tal. 

Tudo isso deve ser armazenado com métodos avançados de criptografia e anonimização como prevenção a vazamentos e hackeamentos.

E como esse sistema funciona?

Mellissa Penteado:  “A rede de telefonia celular é composta basicamente de antenas de um sistema de gerenciamento chamado de HLR (Home Location Register) e dos aparelhos celulares propriamente ditos.

O HLR registra cada interação de um aparelho/usuário, como: em que antenas ele se registrou, se fez ou recebeu chamadas e mensagens eletrônicas etc.

Esses dados, devidamente armazenados e arquitetados seguramente, permitem às operadoras ter um perfil comportamental detalhado de seus usuários (que tipo de aplicativo mais utilizam, em que horários mais utilizam o celular, por onde circulam, por quanto tempo permaneceram num determinado local etc.).

Como se pode observar, são dados extremamente sensíveis. Por isso, as operadoras têm grande responsabilidade na coleta e armazenamento seguros dessas informações.”

Quais são os principais desafios do uso de dados nas telecoms?

Mellissa Penteado: “O principal desafio, não apenas para telecoms, mas para qualquer empresa que hoje trafega dados, principalmente pessoais, é manter o sigilo e a segurança cibernética, evitando vazamentos.

São bilhões de informações coletadas diariamente. Isso também demanda uma grande rede de armazenamento e infraestrutura performática, a fim de manter grande capacidade de processamento dos dados para, inclusive, prevenir riscos sistêmicos.”

Como o setor de telecomunicações se beneficia do Big Data?

Mellissa Penteado: “Com todos esses dados coletados, as possibilidades são infinitas, pois é possível identificar os hábitos e comportamentos das pessoas e empresas e, assim, fazer diversas segmentações do público e proporcionar uma experiência ao usuário muito mais conveniente e adequada. 

Com os dados, o aumento da eficiência de uma campanha publicitária pode ser escalável e sustentável, direcionando ao público específico o que se procura conforme necessidade e tendência previamente detectadas, por exemplo.”

Quais são as adequações exigidas pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para o setor de telecomunicações?

Mellissa Penteado:  “Os dados coletados, de forma alguma, podem ser fornecidos abertamente, a não ser de forma anonimizada para um legítimo interesse fundamentado na lei. 

A criação de comitês e equipes de trabalhos para garantir que toda sua estrutura e infraestrutura estejam em conformidade com a LGPD é essencial, ainda mais no tocante a treinamentos e criação de políticas internas principalmente envolvendo os funcionários. 

É necessário avaliar todos os instrumentos de segurança da informação, governança de dados e o atendimento aos titulares dos dados.

Como dito anteriormente, os dados e informações capturados pelas redes celulares, são extremamente sensíveis, o que exige uma atenção especial não apenas das operadoras, mas também do órgão responsável pela regulação do setor (Anatel), assim como da própria entidade responsável pela fiscalização e a regulação da LGPD, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados Pessoais (ANPD)”

A sua empresa está preparada para lidar com os desafios do uso de dados no setor de telecomunicações? Vale refletir e pesquisar ainda mais sobre o tema.

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