Em que consiste um grandioso trabalho que está em curso no Brasil e que tem por missão criar e expandir, continuamente, um consistente ecossistema de inovação por todo o País voltado ao fomento das cidades inteligentes? Trata-se do Programa Nacional de Inovação Terra2 Inova, um projeto mobilizador de Internet das Coisas, cuja missão e objetivos esteve em pauta durante o Future GOV, uma das trilhas de conteúdos do congresso do Futurecom 2022. 

O referido programa nasceu das ações conjuntas ocorridas a partir do final de 2017 entre a Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), presidida por Selma Migliori, e o Fórum Brasileiro de IoT, objetivando o desenvolvimento de inovação e de IoT para a sociedade brasileira. 

Para isso, conforme explicou o presidente do Programa Nacional de Inovação Terra2 Inova, Robson Arantes, que ficou com a missão de mediar este painel, a iniciativa promove ações conjuntas com os ecossistemas de inovação constituídos por academias, centros de pesquisa, governos municipal, estadual e federal, empresas de tecnologia da informação e comunicação, associações e agências de fomento e, inclusive, contando com o reconhecimento do Ministério de Ciências e Tecnologia (MCTI).

Inclusive, a própria coordenadora geral de Transformação Digital do MCTI, Karina Vidal, esteve presente na abertura do painel para destacar a importância deste movimento e da sua governança em prol do engajamento de cada vez mais pessoas e instituições para fortalecer o ecossistema de inovação do País. 

A educação é a base de tudo

O grande objetivo da união destas entidades é focar na capacitação dos jovens e estruturar as smart cities. Robson Arantes destacou que, em 2017, a Abese e o Fórum Brasileiro de IoT se uniram, justamente, com o propósito de gerar conhecimento em eventos, como no próprio congresso da entidade. “Porém, este movimento coincidiu com o momento em que foi desenvolvido o Plano Nacional de Internet das Coisas do Governo Federal, que depois, em 2019, acabou virando um decreto”, lembrou o especialista. 

“Na prática, quando o decreto entrou, foram criadas as câmaras temáticas interministeriais, a partir da união do MCTI com outros ministérios. Neste instante, foi identificado que o tema educação era transversal em todos eles. Logo, cada uma das câmaras criadas, como a do agro e da indústria, por exemplo, tem um grupo de trabalho dedicado à educação, afinal, a promoção da inovação depende de mão de obra capacitada.

Existe um plano para fortalecer a inovação no País, mas existe o gargalo da mão de obra. Então, para este movimento ser sustentável, há essa frente de reestruturação da educação, para que os jovens sejam capacitados em tecnologia a ponto de intervirem em suas comunidades”, explicou. 

Inovação aberta

Um dos frutos deste movimento partiu do Programa Caninos Loucos, gerido pelo Instituto de Tecnologias Exponenciais (Itex), que criou uma placa nacional com tecnologia aberta, conhecida como “Pulga”, cuja construção e programação já estão sendo ensinadas para alunos das Fatecs e Etecs.  A “Pulga” é uma placa do tamanho de uma moeda, que é um computador Linux, com IA, internet, bateria para cinco anos, oito sensores e dez acionadores. 

“Temos o objetivo utópico de fazer com que todo aluno saia do Ensino Fundamental como um programador desta placa, que, inclusive, já é usada pela Polícia Militar e pela Saúde Pública do Estado de São Paulo. A ideia é que os alunos já saiam prontos para prestar serviços em suas comunidades, assim como acontece na China e na Índia. Estamos fazendo este movimento de criar laboratórios e de trazer as prefeituras para que elas decretem que todas as suas escolas ensinem programação, de modo que as soluções desenvolvidas sejam usadas dentro do próprio município. O propósito é gerar desenvolvimento regionais. Isso é um processo ecossistêmico”, complementa Robson Arantes. 

Em consonância à fala do mediador, o presidente do Itex, Herberto Macoto Yamamuro, questionou: “Por que é importante trabalhar a tecnologia no Ensino Fundamental? Por causa da deficiência que existe hoje. É preciso ensinar que a tecnologia é um instrumento para resolver problemas do dia a dia”, defendeu.

Ele relatou que este trabalho de inovação aberta já vem rendendo bons frutos. “Conseguimos levar micro boletins em segurança pública, por meio da captação de anormalidades, aumentando a assertividade das intervenções. Também estamos promovendo a automação para semáforos inteligentes. E na área de saúde, existe uma necessidade muito grande de monitoramento dos crônicos, com vistas a reduzir os custos da saúde pública. Recentemente, inclusive, usamos essa plataforma para desenvolver respiradores durante a pandemia. Foram mais de mil unidades”, contou Yamamuro. 

Ações em prefeituras 

O presidente do Programa Nacional de Inovação Terra2 Inova contou que já está em curso um consórcio entre sete cidades paulistas cujo objetivo é fazer com que as prefeituras decretem a implementação do ensino de programação em escolas e faculdades, de modo que as soluções criadas sejam utilizadas pelos próprios municípios. 

“A importância da educação da tecnologia no Ensino Fundamental é muito importante para fomentar a transformação digital em um âmbito mais amplo. E os métodos nas universidades também precisarão mudar, de modo que sejam mais criativas e estimulantes ao aprendizado”, disse o Coordenador de Inovação da Universidade de São Caetano do Sul, Ricardo Trefiglio, também presente ao painel. “A universidade precisa ser empreendedora. Isso viabiliza a integração entre academia e indústria para o atendimento de necessidades reais. Queremos entregar para cada aluno do Brasil, desde o nível fundamental, uma estrutura acadêmica para fazer a capacitação dele”, completou. A USCS integra este programa e fez um pacto para trabalhar com toda a academia da região para identificar necessidade dos municípios e desenvolver a parte educacional e acadêmica.

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