A Quarta Revolução Industrial, o mesmo que Indústria 4.0 − a era dos dias atuais – é o resultado de uma integração entre sistemas físicos e virtuais. O termo 4.0 é abrangente e vale para qualquer atividade, não apenas para o setor industrial. Com o avanço da capacidade computacional, com volume extraordinário de dados digitalizados; e, internet cada vez mais veloz, foi possível as máquinas “conversarem” entre si. Surgiu a Internet das Coisas (IoT). A organização dos dados digitais que estão na nuvem, o Big Data vem acrescentando inúmeras possibilidades de análises mercadológicas. A robótica é outra tecnologia presente nas empresas. Neste menu de tecnologias temos a Inteligência Artificial (IA), no inglês AI, que veio a agregar  e transformar mais ainda o nosso mundo. O Chat GPT (OpenAI) e o Gemini (Google), dentre outros, de IA são revolucionários.

Nos próximos anos veremos transformações na humanidade, como jamais tivemos. Serão radicais. Não dá para estimar, apenas imaginar. Como ficará a empregabilidade? Seremos substituídos por máquinas com inteligência artificial e capacidade cognitiva? Como teremos renda? Não há resposta concreta a esses questionamentos.

Alguns até citam que já passamos da era da Indústria 4.0 para entrar na 5.0, a era da Inteligência Artificial. Outros optam por usar o termo Indústria 5.0 como sendo de uma era mais humanizada, de maiores cuidados com o ser humano e o meio ambiente. Pouco nos importa o nome que alguns querem dar, mas a pertinência e os impactos dessas novas tecnologias, tanto nas empresas, como em nossas vidas, diretamente, têm máxima relevância.

Um gestor multifacetado não pode ignorar estes avanços e adormecer na Terceira Revolução Industrial. Pior ainda, se não houver evoluído além da  segunda Revolução Industrial. Para uma gestão condizente com nossos dias, o gestor precisa ter conhecimentos múltiplos, ser polivalente, multitarefas, ou  multifacetado, termos equivalentes.  

Os antigos também foram modernos para a sua época, logo, os atuais gestores precisam ter esta gama de conhecimento ampla, em um mundo que se conecta com a instantaneidade da comunicação e da informação, com a abrangência ilimitada, quanto ao seu alcance. Este conhecimento holístico, com uma visão do todo, não significa que um gestor multifacetado não possa ser um especialista em alguma área. Dependendo da situação, isso seria bem conveniente. Como exemplo, vemos muitos engenheiros, com experiência profissional em indústrias ou construção civil assumirem cargos de gestão em suas carreiras.

Vivemos uma era de transformação tão grande, que não conseguimos assimilar em tempo, tudo o que acontece, pois o mundo é aceleradamente dinâmico e  VUCA  (Volatility, Uncertainty, Complexity and Ambiguity). Talvez o acrônimo VUCA sintetize tudo aquilo que um moderno gestor enfrenta no seu dia a dia: − nosso mundo apresenta uma dinamicidade tão grande que as situações mudam de uma hora para outra, sem que tenhamos tempo para assimilar as mudanças. É o conceito de volatilidade.

A economia traz desafios cada vez maiores para os gestores. Fatores que podem influenciar suas atividades, como as tendências do câmbio, dos juros, da legislação,  do impacto ambiental e social, da geopolítica internacional e de outras variáveis mais, exigem deles uma atenção aos meios de comunicação, em tempos de muitas incertezas.  O gestor precisa de habilidades multifacetadas. Tem que transitar bem entre as diferentes disciplinas do conhecimento.

A complexidade dentro da gestão, com as inovações disruptivas, com as novas regulamentações governamentais, com o comportamento das novas gerações, em relação ao trabalho, com a atenção à diversidade, formam o equivalente a um polinômio complexo de variáveis com expoentes elevados. Falta um componente VUCA, para tornar ainda mais difícil a tarefa de gerir. Trata-se da ambiguidade.

É comum nos depararmos com pensamentos ou informações contraditórias na nossa vida. Vamos elucidar o conceito de ambiguidade, relativo à quarta letra do acrônimo VUCA: − um executivo decide implantar a IA na área comercial da empresa, com os técnicos de TI favoráveis à inovação. O gestor de RH expõe sua preocupação quanto aos empregos. São duas ideias opostas. A tomada de decisão fica dificultada.  Não temos como saber  de imediato, em qual delas apostar. Como tomar decisões com este cenário ambíguo? Para isso, ler mais – muito mais −, ouvir diferentes fontes, discutir com seus pares, estudar sempre, durante toda a sua vida, viajar, fazer estágios em centros mais avançados, visitar as principais feiras do mundo, não apenas as relativas à sua atividade laboral, mas as de inovação, principalmente. Elas nos animam, nos abrem a mente para novas oportunidades e aprendizado. As máquinas estão aprendendo, então nós também precisamos agir nesta busca constante do aprendizado.

A pior notícia para os gestores com conhecimento limitado a poucas áreas, é que eles estão entrando em obsolescência e terão baixa empregabilidade. A boa, para os que se atualizam, permanentemente, é que terão como crescer em suas carreiras, com menos concorrentes aos cargos à sua altura, e com habilidades para empreender, o que, mais do que em qualquer época anterior a esta, exige que o gestor seja plural no conhecimento, na cultura, no saber – o gestor multifacetado.

Marco Juarez Reichert é Administrador de Empresas, Conselheiro de Administração certificado (IBGC), CEO da consultoria Reichert Advisors, ex-Conselheiro de Administração da SICREDI  Pioneira-RS. É Bacharel em Administração de Empresas (FEEVALE), MBA em Finanças e Governança Corporativa (ESPM), pós-MBA em Inteligência Empresarial (FGV), pós-graduado em Negócios Inteligentes e Indústria 4.0 (FIA ONLINE), e especialista em Valuation pela Universidade de OxfordInglaterra. É autor do livro “Gestão sem Estresse: Técnicas e Ferramentas Simplificadas“, Editora Casa do Escritor, e de “A Metamorfose do Vencedor“, Editora Alta Books.