Priorizar a conectividade, digitalização dos processos e análise de dados é a chave para que o agronegócio se torne mais produtivo e gere menos desperdícios? Essa foi a questão debatida por oito especialistas da cadeia produtiva do setor durante um painel na 23ª edição do Futurecom, feira de telecomunicação, conectividade e tecnologia que acontece em São Paulo. O debate “Verdade ou desafio: O agro conectado, digital, mais produtivo e com menor desperdício” teve o comando de Mauro Periquito, diretor de Transformação Digital da Kyndryl, multinacional de soluções em sistemas da informação.

A primeira a falar foi Ana Helena Andrade, presidente de uma associação que foi formada ali mesmo, durante uma edição do Futurecom, há exatos cinco anos. A Conectar Agro é uma iniciativa de oito empresas para expandir o acesso à internet em regiões agrícolas. Segundo ela, o pequeno produtor precisa tanto ou mais da conectividade do que as grandes empresas, e essa tecnologia deve ser “aberta, acessível e interoperável e acessível”, personalizada para o modelo de negócios de quem está utilizando. “Ninguém deve deixar de contratar um especialista em agro para ter um especialista em telecomunicação”, disse a executiva.

Para o diretor de IOT da empresa de telefonia Claro, Eduardo Polidoro, o problema não é a falta de disponibilidade de conectividade no campo, e sim a falta de planejamento das pequenas empresas para otimizar o uso dos dados coletados. Mas Diego Aguiar, que ocupa esse mesmo cargo na Vivo, afirmou durante o debate que a burocracia brasileira é o principal empecilho, já que o processo de licenciamento de uma torre de transmissão ou uma estação móvel de internet, segundo ele, é “quase inexequível”.

Empresas de alimentação enfrentam dilema

A tecnologia como aliada da sustentabilidade na produção agrícola também foi tema no painel “O agro conectado” do Futurecom. A Country Head Brazil & Latam da Varda, Deise DallaNora, defendeu a proteção da biodiversidade e dos nossos recursos naturais, além da emissão dos gases de efeito estufa: “Optamos por criar uma unidade independente para a atingir nossa estratégia de transição para um sistema alimentar positivo para a natureza. Temos uma meta de produtividade equilibrada com sustentabilidade, e para isso foi necessário implementar um sistema. O próximo passo no mercado é colaboração da cadeia, sair dos dados fragmentados para unir as informações em em plataformas compartilhadas desde o pequeno ao grande produtor rural, garantindo a rastreabilidade dos alimentos”.

Ao ouvir as explicações de Deise, o diretor de Desenvolvimento de Negócios da IHS Towers, Aldo Clementi, complementou dizendo que “conectividade oferece aprimoramento”, mas ressaltou que o grande desafio para um agro conectado e consciente com a natureza no Brasil é o custo da infraestrutura. Quem corroborou com esse argumento foi Tomás Balistiero, COO da Citrosuco, maior produtora mundial de suco concentrado de laranja e responsável pelo maior projeto SAP em inovação do Brasil nos últimos três anos. Segundo ele, todo o período da pandemia foi dedicado à implementação da infraestrutura para que só agora a empresa possa refinar os dados com aplicações práticas, como “mapear os melhores períodos para colheita da fruta, o uso de drones para diagnosticar saúde das plantas e uma melhor previsão de taxas de infestação com uso de inteligência artificial”.

A IA também foi apontada como solução pelo executivo de Transformação de Rede e Cloudificação da IBM, André Bedin, e o diretor de Inovação da NEC Latin America, Cristiano Blanez, defenderam a conectividade como forma de prover uma rede de dados de valor integrada. Para eles, a inteligência artificial é a ferramenta mais eficiente para o garimpo de dados, usando o machine learning para entender fatores financeiros importantes para uma companhia como o desperdício,  indicativos de produção, pulverização e de uso de combustível, por exemplo.

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