Em março celebramos o mês das mulheres. Para homenagear elas que fazem toda a diferença no mundo da tecnologia e das telecomunicações, selecionamos cinco especialistas que nos contaram um pouco de suas trajetórias, desafios e conquistas.
Iniciando nossa série especial “Mulheres na Tecnologia”, conversamos com Marcia Ogawa, líder de atendimento às empresas de tecnologia, mídia e telecomunicações da Deloitte e profissional com longa experiência na área.
Siga conosco e conheça um pouco mais de uma das diversas mulheres que ajudam a tecnologia do Brasil e do mundo a avançar!
Quem é Marcia Ogawa?
“Sou sócia líder da indústria de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da Deloitte Brasil, engenheira eletrônica, formada pela Escola Politécnica USP. Sou uma promotora de tecnologia e inovação no Brasil pois acredito que é a grande alavanca para o desenvolvimento socioeconômico de nosso país.
Neste contexto ajudo as empresas nacionais e multinacionais no desenvolvimento de projetos de tecnologia e estratégias para criação de valor através da inovação. Além disso, apoio governo, reguladores, academia e institutos de pesquisa promovendo transferência de conhecimento e fomento de boas políticas públicas e regulação para inclusão digital e aumento de densidade tecnológica da nossa matriz de produtos.
Recentemente fui convidada para fazer parte do conselho superior de inovação da Universidade de São Paulo. Meus hobbies são viagens em locais históricos, beach tennis, montanhismo e leitura. Tenho compulsão pelo aprendizado de novas tecnologias e obsessão por projetar o Brasil neste setor.
Tenho um marido muito companheiro e três filhas maravilhosas, todas já formadas. Em minha casa temos quatro engenheiros, meu marido e duas filhas, e uma médica quase engenheira, sendo especialista em IA na área médica. Todos ligados à área de tecnologia.”
Como é um dia de Lider de atendimento às empresas de tecnologia, mídia e telecomunicações da Deloitte?
“É muito gratificante pois neste papel temos acesso às tendências globais do setor e condições de debater o futuro com os principais executivos do país. Devo coordenar o trabalho de vários sócios e executivos da Deloitte que atuam nos diversos clientes em que servimos, além de ajudar a formar uma legião de consultores para trabalhar com ética e profissionalismo no setor.
A atualização constante é desafiadora, mas para mim esta atividade é um hobby. Existe uma fronteira tênue entre o meu trabalho como líder na Deloitte e meu propósito de vida, que é o fomento de uma sociedade mais inclusiva e inovadora em nosso país.
É nesta fronteira que a paixão se mistura com a razão, onde as nossas palavras e ações tem o poder de influenciar a vida de muitos jovens brasileiros. Sou apaixonada pelo meu trabalho e muito grata pela Deloitte por me proporcionar esta maravilhosa experiência de vida.”
Trajetória: o que te levou ao mundo da engenharia e tecnologia?
Nasci numa família de médicos, pai, mãe e irmã, todos da área da saúde. Na minha infância os jantares e almoços de finais de semana eram dedicados a debates de casos da medicina. Meu pai era cirurgião e me levava junto para fazer a visita aos doentes aos domingos nos hospitais, pois queria que suas filhas seguissem seu caminho.
No entanto, desde muito criança eu já falava para meus pais que não queria ser médica e gostaria de ser engenheira. Meus pais sempre me deram diversos tipos de brinquedos: bonecas, casinhas, carrinhos, peças de montar, lunetas, microscópios. Eu me lembro que eu era a única menina na escola primária que tinha um ‘autorama’, e adorava brincar de carrinho com os meninos.
E como hobby adorava resolver problemas de matemática, tirando sempre boas notas nas competências de exatas. Desta maneira, foi muito natural a escolha da carreira da engenharia. Na Escola Politécnica acabei me apaixonando pela elegância da eletrônica e a magia da computação, e me especializei nestas áreas.
Tenho orgulho de falar que sou uma das poucas ‘engenheiro-sauras’ ainda ativa, formada na época da ‘reserva de mercado’ da década de 80, quando éramos treinados para desenvolver localmente o que o Brasil necessitava no âmbito de TI – componentes, hardware, sistema operacional, banco de dados, redes, aplicações. Daqui vem a minha obsessão de projetar o nosso país numa posição de relevância no setor.”
Como você enfrentou e enfrenta os desafios da sua carreira?
A minha família sempre me apoiou muito no trabalho. Cresci profissionalmente numa época em que as mulheres tinham vergonha de dizer que estavam grávidas e precisavam amamentar seus filhos.
Quando a minha filha mais velha tinha um ano de idade, fiquei grávida de gêmeas. Cuidar das três meninas quase trigêmeas enquanto trabalhava não foi nada fácil, tive que trabalhar mais do que o dobro dos homens de mesmo nível para mostrar que poderia assumir posições de liderança.
Nesta época eu trabalhava como engenheira de sistemas, amamentava e colocava as crianças para dormir para depois trabalhar durante a madrugada. No entanto, sempre tive suporte irrestrito da minha família, sobretudo de meus pais e marido.
Quando as minhas filhas estavam um pouco maiores, já na Deloitte, obtive o apoio dos meus superiores e pares para conciliar a vida pessoal e profissional. Muitas vezes eu as levava em minhas viagens a trabalho para que elas tivessem experiência internacional desde muito cedo.
Eu as deixei muito próximas de meu trabalho e isso acabou influenciando positivamente a carreira delas. Com relação a evolução da minha carreira na Deloitte, de gerente a sócia líder de setor, ocorreu de modo muito natural, pois a Deloitte é uma empresa que valoriza a meritocracia e com líderes visionários que se preocupam com o longo-prazo e apoiam o crescimento de todos.”
Quais qualidades te levaram ao sucesso?
- “Determinação, com flexibilidade quando necessário;
- Assertividade e pró-atividade, com humildade;
- Visão de tecnologia, voltada a negócios;
- Formação de bons times e networking diverso.”
Liderança: que dicas você daria para novas integrantes em carreiras de tecnologia?
“A carreira de tecnologia não é uma ciência exata. Para que os novos integrantes possam evoluir nesta carreira é necessário combinar a razão com a emoção para tocar mentes e corações dos melhores talentos, utilizar a capacidade analítica para navegar nos mares incertos da política interna das empresas e ter a maestria para lidar com a complexidade tecnológica e a simplicidade em sua articulação. Essa jornada não é nada binária.”
Continue em nosso canal digital! Confira também nosso conteúdo com o tema “Mulheres na tecnologia: onde estamos e como podemos avançar?”.