A mudança na estrutura demográfica, os movimentos migratórios impulsionados pela pandemia e a recessão econômica global estão reconfigurando as áreas urbanas em todo planeta, e no Brasil não é diferente. Por isso, o debate sobre uma mobilidade urbana inteligente se torna cada vez mais presente entre gestores de diferentes áreas.
Essas novas realidades destacam a importância de debater as transformações necessárias nas interações entre as cidades inteligentes e os seus residentes.
Conversamos sobre o assunto com Maurício Casotti, Gerente de Desenvolvimento de Negócios em Cidades Inteligentes no CPqD.
Entre outras coisas, ele nos explicou como a mobilidade urbana inteligente e conectada desempenha um papel relevante na segurança e na gestão das cidades do futuro. Acompanhe!

O que significa mobilidade urbana inteligente e conectada?
A mobilidade urbana inteligente e conectada está emergindo como um conceito transformador nas cidades modernas. É uma abordagem que coloca o usuário no centro de sua proposta, visando atender às necessidades de deslocamento nas áreas urbanas de maneira eficiente, otimizada, inclusiva e sustentável.
Casotti compartilha conosco a sua visão sobre esse conceito, destacando que a mobilidade urbana “é inteligente quando é centrada no usuário, atende à necessidade de se mover pelos centros urbanos de maneira eficiente, otimizada, inclusiva e sustentável.”
Tal abordagem envolve a implementação de tecnologias avançadas, como a Internet das Coisas (IoT) e a inteligência artificial, para criar sistemas de transporte mais acessíveis, eficazes e amigáveis ao meio ambiente.
Saiba mais: Futuro da mobilidade urbana exige dados precisos de localização
Como a mobilidade urbana é melhorada em uma cidade inteligente?
Em uma cidade inteligente, a mobilidade urbana é profundamente otimizada pela interconexão de dados, infraestrutura de comunicação robusta e a aplicação de tecnologias como IoT (Internet das Coisas) e Inteligência Artificial (IA).
Sensores espalhados pela cidade, desde semáforos e vias até veículos do transporte público, coletam informações em tempo real sobre o fluxo de tráfego, ocupação de vagas de estacionamento e padrões de deslocamento. Essa massa de dados alimenta Centros de Controle de Operações que, munidos de algoritmos preditivos, não apenas monitoram, mas também gerenciam ativamente o sistema viário.
O resultado é a sincronização dinâmica de semáforos para dar prioridade ao transporte coletivo ou liberar vias congestionadas, a indicação em tempo real de rotas alternativas para motoristas e a melhoria na pontualidade e eficiência das frotas de ônibus e trens, mitigando gargalos e reduzindo o tempo médio de viagem.

Essa transformação se estende para a promoção da Mobilidade como Serviço (MaaS) e a sustentabilidade. A cidade inteligente integra diversos modais em plataformas digitais unificadas. Isso oferece ao cidadão uma visão completa e acessível das melhores opções de deslocamento, incentivando o uso de alternativas ao veículo particular e reduzindo o excesso de carros nas ruas.
Para o gestor de tecnologia e conectividade, essa integração demanda redes de telecomunicações de baixa latência (como o 5G) e arquiteturas de cloud computing para processar o volume de dados com a agilidade necessária, garantindo que as decisões de gestão do trânsito sejam tomadas e comunicadas instantaneamente, culminando em cidades mais fluídas, seguras e com menor pegada de carbono.
Quais são os desafios da gestão da mobilidade urbana inteligente?
A gestão da mobilidade urbana inteligente é um desafio complexo que envolve a superação de diversas barreiras.
Um dos principais desafios, como aponta Casotti, está “relacionado à integração de múltiplos modais”. Isso significa harmonizar diferentes formas de transporte, como ônibus, metrô, bicicletas e carros compartilhados, em um sistema coeso e eficiente.
Outro obstáculo significativo, na visão do representante do CPqD, é “mudar o paradigma de propriedade e locomoção individual para acesso e transporte coletivo e compartilhado privilegiando o meio ambiente”.
Isso envolve uma mudança cultural e comportamental na sociedade, incentivando as pessoas a adotarem formas mais sustentáveis de transporte e compartilhamento de veículos.
Para superar esses desafios, é necessário o comprometimento das autoridades governamentais, a criação de políticas públicas adequadas e a conscientização da população.
Veja também: 5G na gestão pública: mobilidade e infraestrutura
Qual é o papel das redes de telecomunicações em uma mobilidade urbana inteligente?
As redes de telecomunicações desempenham um papel fundamental na viabilização da mobilidade inteligente e conectada nas cidades modernas.
Nesse sentido, Casotti ressalta: “A maneira de se alcançar a máxima eficiência na otimização da mobilidade passa por ter informações de qualidade em tempo real e isso só é possível com uma boa infraestrutura de telecomunicações.”
Assim, pode-se realizar a coleta, a transmissão e a análise de dados em tempo real de diversos aspectos da mobilidade urbana.
Inclui-se, ainda, o tráfego, a disponibilidade de transporte público e a gestão de semáforos, permitindo tomadas de decisão mais inteligentes e eficazes.
Além disso, as redes de telecomunicações desempenham um papel essencial na conectividade dos dispositivos e veículos inteligentes que fazem parte da mobilidade urbana inteligente.
Por meio de uma infraestrutura robusta de comunicação, é possível garantir que veículos autônomos, semáforos inteligentes e sistemas de transporte público estejam interconectados.
Assim, há uma coordenação eficiente e a melhoria contínua da mobilidade nas cidades.
Confira: Transporte inteligente: o que a smart city pode fazer pela mobilidade urbana?
Quais são os benefícios da conectividade para uma cidade inteligente?
A conectividade em tempo real representa um avanço significativo nos sistemas de transporte urbano e traz uma série de benefícios para os cidadãos, sobretudo em relação à qualidade de vida.
Casotti enfatiza que essa conectividade permite “aumentar o acesso à mobilidade com qualidade e melhorar o acesso à informação, possibilitando maior acuracidade no planejamento urbano e promovendo maior equidade social”.
Isso significa que os cidadãos têm acesso a informações atualizadas sobre horários de transporte público, rotas alternativas e condições do trânsito, tudo através de sistemas de gestão de tráfego. Assim, as viagens e os deslocamentos diários se tornam mais eficientes e convenientes.
Além disso, a conectividade em tempo real capacita os sistemas de transporte urbano a otimizar seus recursos e operações.
Por meio da coleta e análise de dados em tempo real, as autoridades podem identificar padrões de demanda, ajustar horários e itinerários de ônibus e trens.
Além disso, podem responder rapidamente a eventos imprevistos, como congestionamentos ou acidentes.
Para ficar por dentro dos avanços na mobilidade urbana inteligente e de tudo o que acontece nas áreas de conectividade e inovação tecnológica, continue acompanhando a Digital Futurecom, o canal de conteúdo do evento Futurecom.
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