Mais do que acompanhar as evoluções tecnológicas que têm mudado os rumos dos negócios, o mercado hoje exige também uma mudança de mentalidade em como a atuação profissional nas empresas é realizada.

Um desses exemplos está na inovação colaborativa, conceito que envolve a atuação conjunta de diferentes profissionais cujas funções são complementares às da inovação, trazendo assim mais eficiência e agilidade nas atividades diárias.

Para compreender mais, conversamos com Mauro Carrusca, palestrante do Futurecom 2023, CEO e fundador da KER Innovation, empresa responsável pela Plataforma KER, um modelo de gestão baseado em funções colaborativas e âncora para a inovação colaborativa.

Siga acompanhando este texto para saber mais sobre o tema!

Como a inovação colaborativa está transformando a forma como as empresas e organizações abordam a tecnologia? 

“A evolução tecnológica redesenhou a jornada do cliente, dos colaboradores e stakeholders, independente de qual seja o segmento de negócio. Clientes informados e antenados passam a exigir rapidez, transparência, qualidade, custo e outros atributos nos seus pontos de contato com o fornecedor”, pontua Carrusca.

Para o especialista, a mudança de ritmo causada pelas muitas mudanças tecnológicas dos últimos anos tornou o ambiente de trabalho mais propenso à colaborações entre diferentes setores que antes trocavam poucas figurinhas e, por vezes, quase não mantinham contato entre si.

” As dores desse novo perfil de cliente ficaram mais complexas e a melhor forma de serem resolvidas é através de processos colaborativos, incluindo todas as pontas ligadas direta ou indiretamente ao problema”, salienta ele.

Os benefícios e desafios da inovação colaborativa em comparação com abordagens tradicionais de desenvolvimento

Não é nenhuma novidade que empresas busquem formas de fazer seus times atuarem melhor e terem mais sinergia nos processos. Diversos métodos, teorias e treinamentos foram criados com este objetivo, muitos deles alcançando excelentes resultados.

No entanto, a inovação colaborativa se apresenta como uma nova fase dessa dinâmica. Conforme esclarece Carrusca, “a abordagem colaborativa promove não apenas inovação e agilidade, mas também eficiência e escalabilidade.”

Neste sentido, ele ressalta que “a inovação colaborativa permite criar uma cultura capaz de reestruturar negócios continuamente e capacitar organizações a desenhar, construir e entregar soluções acessíveis e sustentáveis porque envolve uma gama maior de pessoas.”

Segundo o CEO da KER Innovation, é preciso aliar processos internos com parcerias externas para alcançar o melhor dos mundos em processos que ajudem a empresa a alcançar sua excelência tanto internamente quanto com parcerias pontuais pautadas neste novo ambiente digital.

“A inovação aberta é um processo rico e poderoso para estimular e realizar projetos inovadores. É preciso encontrar o equilíbrio”, aconselha nosso entrevistado.

Ele prossegue: “A cultura de inovação só é desenvolvida quando as pessoas da organização são estimuladas a criar possibilidades, experimentar, testar elas mesmas suas ideias e compartilhar com colegas suas experiências e progressos. Ninguém se torna um piloto somente lendo o manual de voo.”

A necessidade de transformações sociais e comportamentais para a transformação tecnológica

Ao passo em que vemos muitas companhias se engalfinhando em uma verdadeira corrida rumo à transformação digital, outras ainda estão buscando assimilar a melhor forma de fazer isso. Para Carrusca, é possível fazer ambas as coisas, buscando a melhor maneira de acordo com sua atuação.

“As organizações precisam acelerar o processo de repensar seu papel e sua relevância no mundo contemporâneo. Elas devem se preocupar com a nova jornada de seus clientes e stakeholders para então desenvolverem ou incrementarem sua estratégia de transformação digital”, pontua.

Conforme ele relata, a transformação tecnológica está em um ponto de inflexão. Carrusca acredita que empresas precisam compreender que essa transformação não é apenas algo comercial, mas uma mudança cultural, visto as recentes transformações explicitadas em como consumimos produtos e serviços hoje.

Exemplos de inovação colaborativa que tiveram impacto nas transformações tecnológicas, sociais e comportamentais

A inovação colaborativa já é uma realidade, e alguns sinais disso podem ser vistos em cases de sucesso bastante conhecidos por nós.

Para Carrusca, “atitudes empreendedoras que contribuem não somente para ampliar receitas, reduzir ou eliminar custos, mas principalmente para manter o fluxo de inovações na empresa.”

Ele cita o projeto Ideas for Milk, programa de inovação aberta desenvolvido pela KER Innovation com a Embrapa e parceiros. Ele dá mais detalhes deste projeto que teve a inovação colaborativa como base central:

“A Embrapa mapeou os principais gargalos da cadeia do leite e fizemos um trabalho para envolver as universidades, o produtor, a indústria e diversos segmentos interessados no agro, como empresas de tecnologia e telecom.”

Carrusca continua: “O resultado foi que tivemos projetos incríveis desenvolvidos de forma colaborativa por estudantes de diversas áreas, que constituíram startups. Posteriormente, algumas dessas startups foram investidas e/ou adquiridas por empresas da cadeia.”

Fatores-chave que facilitam uma cultura de inovação colaborativa em organizações e comunidades

Por fim, pedimos a nosso entrevistado que desse algumas dicas de como essa inovação colaborativa pode começar a ser aplicada em seu negócio ou projeto. Veja os conselhos fornecidos por ele:

  • Repensar a cultura organizacional para tocar a alma e o coração das pessoas, gestores precisam mais do que quadros de missão, visão, valores e manuais de compliance. É preciso envolver pessoas e reforçar uma cultura de compartilhamento, baseada em princípios claros que norteiam por que e como inovar.”
  • Apoio e comprometimento da alta gestão com a gestão colaborativa e reconhecimento das pessoas. Atualmente, acredito que além de ressignificar o fator humano dentro da organização, é preciso trazer novas visões para os processos alinhadas à transformação digital e aos princípios ESG. Para isso é fundamental a diminuição do abismo entre a operação e o board, que impede a agilidade, flexibilidade e a praticidade.”
  • Criação de um ambiente inovador que passa por quebra de silos, liderança com mentalidade inovadora que inspire e promova a confiança. Que seja capaz de fazer as pessoas compartilharem verdadeiramente um propósito e trabalharem juntas, com liberdade para pensar diferente, assumir riscos, criar e implementar ideias que podem mudar o jogo. 

Ajuda bastante um ambiente aberto e positivo, que estimula atitudes e comportamentos inovadores, promove o aprendizado contínuo, usa mecanismos para compartilhar conhecimentos, práticas e ideias e empreende esforços para engajar e valorizar pessoas.” 

  • Incentivo à inovação aberta através da interação dos times com culturas diferentes, sejam com startups, ecossistemas, universidades, parceiros, clientes e, inclusive, concorrentes. 

Isso amplia muito as capacidades dos times, não só para articular projetos inovadores, mas também para buscar soluções para problemas comuns. Um exemplo de colaboração e inovação aberta já utilizado há bastante tempo são as plataformas de software e hardware livre.”

  • Uma comunicação eficaz ajuda a criar sentido, integrar e inspirar pessoas para a inovação.”

Gostou de saber mais sobre inovação colaborativa? Aproveite e leia agora nosso texto sobre o papel da conectividade na jornada de transformação digital!

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