Você está pronto para integrar a tripulação de uma viagem turística para Marte? Viagens espaciais podem parecer algo muito distante, e talvez seja mesmo se pensarmos apenas no lazer. Mas a exploração de satélites e tecnologias espaciais já está a todo vapor em diversos setores da economia, que usam a Inteligência Artifical para otimizar processos, baratear custos e oferecer experiências completas e personalizadas ao usuário.
Quem deu exemplos práticos disso foi o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília, Renato Borges, durante debate na 23ª edição do Futurecom, feira de telecomunicação, conectividade e tecnologia que acontece em São Paulo. Ele definiu esse momento como a era da “internet das coisas espaciais”. “Com a massificação dos pequenos satélites, deixamos de ser consumidores e passamos para a posição de desenvolvedores de tecnologia, domínio e disponibilização para o usuário. Isso já é uma realidade com drones, veículos e casas inteligentes, por exemplo, mas precisamos nos posicionar na exploração espacial, que pode nos levar em breve a uma viagem tripulada para Marte”, disse o especialista.
Falando em viagens espaciais, o professor Vicente Lucena, da Universidade Federal do Amazonas, falou sobre a importância de uma tecnologia desenvolvida pela NASA, a agência espacial americana, na década de 1960: os “gêmeos digitais”. Com esse método, segundo o professor, é possível replicar sistemas físicos no modelo digital, permitindo investigações que “estressem o sistema para encontrar os pontos de quebra, e os melhores pontos de funcionamento”.
Internet das coisas e segurança digital
A discussão aconteceu no painel “IEEE Talk-show: O Impacto da Tecnologia em 2024” do Futurecom e foi promovida pelo Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos, organização sem fins lucrativos fundada nos Estados Unidos e considerada a maior instituição global dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade.
Trazendo o debate para os problemas terrestres, Cristiane Pimentel falou sobre as aplicações que a IA já proporcionou no setor de saúde. A professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia falou sobre a transformação da atuação do médico para atividades mais nobres, já que atividades repetitivas hoje são performadas por robôs. Uma das novidades mais excitantes nos hospitais em 2024, por exemplo, serão os óculos de realidade virtual aplicados em certos cirúrgicos para otimizar a jornada do paciente. Segundo ela, a tecnologia não ameaça o emprego, já que “sempre haverá necessidade de interpretação médica no final”.
Essas aplicações fazem parte dos estudos de “Indústria 4.0” e “Internet das Coisas”, ou IoT, conceitos explicados ao longo do debate por Marcos Simplicio, professor de Engenharia de Computação da Escola Politécnica da USP. Outro representante da academia a falar foi o pesquisador do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Jéferson Nobre, que destacou falhas de segurança comuns que ainda impedem o avanço massificado dessas tecnologias.
“É preciso considerar o aspecto humano na segurança da informação, porque os ataques de engenharia social e de manipulação emocional para conseguir acesso a dados e processos internos não são golpes novos, eles não surgiram com a computação. Primeiro vieram os ataques no contexto phishing, que é basicamente aquele convite falsificado por meio de um link infectado. Mas hoje com a inteligência artificial os golpes ficam mais personalizados. Os malfeitores têm posse de informações que só a nossa organização teria de nós: é a automatização de engenharia social”, exemplificou Jéferson Nobre.