“Adaptabilidade e agilidade nas organizações em cenários incertos”
Tema importante que remete ao atual momento, deflagrado especialmente nos últimos dois anos pela pandemia global, que foi debatido no último dia do Futurecom Digital Week.
Quais estratégias podem ser colocadas em práticas no chamado mundo BANI (Brittle, Anxious, Nonlinear and Incomprehensible ou Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível)? Como direcionar e estimular pessoas? O que torna a agilidade um fator essencial para responder crises e traçar um futuro resiliente? Foram com essas e outras indagações que a jornalista Tatiana Schnoor, do Valor Econômico, conduziu a conversa entre os participantes deste painel, que contou com Tomaz Oliveira, diretor Executivo de Alianças Estratégicas da Embratel; Alexandre Santos, CTIO da Light; Guilherme Chernicharo, diretor de Comunidade do WeWork; e Luciano Driemeier, head de Mobilidade e Novos Negócios para América do Sul da Ford.
“É preciso ter um propósito para se tornar relevante para o usuário final. O nível de expectativa é cada vez mais alta. Tecnologias como 5G e Edge computing trarão experiências ainda melhores. Então, transformar é preciso, saber onde estou e aonde quero chegar. O cloud democratizou e permitiu que empresas antes tinham uma grande ideia, mas não tinham como investir em software e hardware. E aí surgiram as startups e novos modelos de negócios que também trazem a necessidade dessas empresas serem mais ágeis e se transformarem para se tornarem mais relevantes”, explica Tomaz Oliveira.
Para Luciano Driemeier, a velocidade faz todo o sentido. Na Ford, por exemplo, é trabalhado o conceito de ‘expectativa líquida’, que aborda o fato de que se consumidor tem uma experiência, independente da indústria ou do produto, aquela experiência e vira referência. “Hoje, não há como impor o meu produto, o ideal é direcionar para uma boa experiência, há diferentes experiências muitas vezes viabilizada pela tecnologia. Para ter velocidade, é preciso ser relevante, é necessário colocar o consumidor no centro.”
Mostrar o quanto a estratégia por trás das grandes organizações está mais na estrutura do que no planejamento é algo levado muito a sério pela WeWork. É fundamental as pessoas estarem confiantes e que realmente tenham essa adaptabilidade à incerteza, a movimentos bruscos do mercado de hoje. “Testamos muito a flexibilidade nesses tempos de pandemia e home office. Se adaptar e se agilizar faz parte desse nosso cenário atual.” No WeWork, segundo Guilherme Chernicharo, a ideia é potencializar e ajudar para que as empresas possam focar no seu negócio e não perder tempo com essa prestação de serviços que oferecemos. “Nosso design é pensado para inspirar, para que as ideias fluam, haja interações e adaptabilidade”.
Cada setor de indústria vive um contexto distinto, entender isso passa por saber o quanto seu negócio é mais ou menos pressionado. Esta é a visão de Alexandre Santos, da Light. “A questão da agilidade é inevitável para qualquer um. Ela chegou ou vai chegar”, afirma ele. Mas no caso do setor de Energia, por exemplo, há uma forma diferente de ter agilidade, uma vez que a característica muito forte é de aversão a riscos, com pessoas trabalhando em campo, onde é preciso fazer uma religação rápida, mas a segurança e preservação da vida é superior a isso. “Agilidade não é pressa”.
Para ajudar a pensar os primeiros passos para se tornar uma empresa ágil, Tomaz Oliveira destaca alguns pontos importantes como fazer o assessment e encontrar os principais gaps. Considerando que cada organização tem um nível de maturidade, a receita é bem diferente para cada uma delas. “Propósito, organização e portifólio, como está estruturada na parte interna e habilitadores e aceleradores de negócio, que é a tecnologia, que permite que as empresas foquem em seu core business”, resume Oliveira.
Já Luciano Driemeier, da Ford, ressalta a quebra de paradigmas como um passo importante. “Hoje, o desenvolvimento de um produto deve ser feito junto com o cliente. Lançamento rápido, testa com o consumidor e este ajuda a transformar esse produto em sucesso e ter seu ciclo de evolução.”
A visão do que é e como atua o chamado mundo VUCA (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade) e o mundo BANI é explicado no seguinte contexto por Alexandre Santos, da Light. “O VUCA tem um viés mais voltado para o mundo corporativo. Já o BANI, está mais ligado a questões como a que vivemos, de distanciamento social durante a pandemia. Ou seja, é mais focado no indivíduo, em como está a nossa saúde da alma, se esse campo não tiver legal, não há como fazer as outras coisas fluírem bem. Por outro lado, vamos aprender a desenvolver uma resiliência muito maior. Quanto mais recente a geração, menos resiliente e está menos preparada para suportar as frustrações, as incertezas que estamos vivendo.” Enquanto corporações, devemos criar elementos para desenvolver anticorpos, mais resiliência, para lidar com esse outro contexto que o BANI traz”, finaliza Santos.
Redes neutras podem acabar com o ‘deserto digital’
A plenária “Redes Neutras: Utilização otimizada da Infraestrutura & Expansão da capilaridade das redes de fibra”, contou com a participação de André Kriger, CEO da FiBrasil; Nathalia Lobo, diretora do Departamento de Políticas para Telecomunicações e Acompanhamento Regulatório do Ministério das Comunicações; Pedro Arakawa, CCO da V.tal; e Daniel Lapper, diretor de Novos Negócios da American Tower, com mediação de Ari Lopes, Senior Research Manager da Americas Markets.
O debate não é dos mais recentes, mas ganha relevância com a proximidade do 5G enquanto banda móvel para celulares e enquanto rede. A discussão ficou em torno de sua regulamentação e importância para acabar com o chamado ‘deserto digital’. As Redes Neutras – que se baseiam na infraestrutura de fibra ótica compartilhada para redes fixas e/ou móveis – permitem a racionalização de custos operacionais, como começa explicando Nathalia Lobo. “As companhias conseguem captar mais recursos de investidores para apresentar menores riscos. Além disso, as Redes Neutras podem colaborar com atenuação de problemas urbanos como excesso de postes, fios e outros fatores comprometedores”, completa a integrante do Ministério das Comunicações.
Todos os demais participantes são de empresas que já atuam no segmento e concordam que sem a fibra o 5G não existe. Como diz Arakawa, um dos pilares da V.tal é a “infraestrutura digital, que é a que está em desenvolvimento; são aplicações para acomodar e servir melhor o 5G, por exemplo”. Outro ponto levantado sobre as Redes Neutras é da transparência e importância da facilidade entre os parceiros: fornecedor da rede e as operadoras. “O tema da neutralidade é que todos os parceiros que estiverem na rede possuam mesmas condições econômicas e de estrutura”, comenta Kriger. Lapper finaliza com a ideia de que a “necessidade crescente de evolução das redes de todos os tipos demandam investimentos cada vez maiores; uma forma de financiar isso são as infraestruturas neutras”.
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