O Futurecom Digital Summit já é realidade! O encontro online que antecede o Futurecom — evento reconhecido como a principal plataforma de conteúdo e relacionamento do Ecossistema de Tecnologia — iniciou na segunda-feira, 22 de junho, as discussões e debates sobre as mais recentes tecnologias e gestão de negócios.
Durante oito dias, duas sessões diárias e gratuitas sob o tema “Mundo além da Pandemia” apresentam conteúdos que se dividem dentro das trilhas de conhecimento do Futurecom: FutureCongress, FutureTECH, FutureCyber, FuturePayment, FutureJUD e FutureGOV.
Prata da casa, Hermano Pinto Júnior, diretor de Infraestrutura e Tecnologia da Informa Markets, fez a abertura do Futurecom Digital Summit e da tarde destinada ao FutureGOV, trilha focada em tecnologia e inovação para gestão pública. Nas equência, a palestra “TIC Governo Eletrônico, uma pesquisa no NIC.br” foi apresentada por Demi Getschko, diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto, e considerado o pai da internet brasileira.
A pesquisa
Getschko apresentou uma das pesquisas do CETIC, parte integrante do NIC, sobre o status da internet no Brasil em diversasáreas. “Temos uma pesquisa bianual de mais 12 anos sobre como os domicílios das áreas rural e urbana utilizam a internet, quais são as bandas utilizadas e como as pessoas estão se conectando. Dentre elas, o estudo TIC Governo Eletrônico, em que vemos que a internet é imprescindível e vem funcionando muito bem,” apontou o diretor.
A pesquisa foi realizada via censos e amostras com órgãos públicos federais, estaduais e municipais dos três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), assim como o Ministério Público, sobre qual tipo de conexão de internet foi utilizada nos últimos 12 meses. Nos âmbitos federais e estaduais a estatística mostra que a fibra ótica é a que tem tido maior crescimento, representando já 94% do acesso à internet.
“Para lugares mais remotos, como o Norte do país, os satélites são muito utilizados, pois ainda é difícil chegar com tais cabos óticos nessas áreas. Existem iniciativas interessantes como cabo ótico passando por leitos de rios, mas isso ainda está em fase de evolução”, explica Getschko.
Leia mais: Densificação de redes e seu papel para o bom funcionamento do 5G
A pesquisa também passa por assuntos sobre novas tecnologias, incluindo o Big Data, ferramenta útil que permite que se vasculhe grandes quantidades de dados e tire conclusões a respeito de políticas públicas e quais estratégias adotar.
“Todas essas coisas estão emaranhadas e estamos vendo que os órgãos federais e estaduais têm prestado atenção nisso e, alguns deles, aplicado o uso intenso de Big Data, como o Ministério Público. Isso é um dado interessante sobre novas tecnologias que o governo está lançando mão”, analisou o especialista.
“Mais de 5 mil prefeituras responderam à pesquisa, e vemos que a fibra ótica nesse aspecto saltou de 30 para 73%, enquanto tecnologias mais antigas têm caído”, concluiu Demi Getschko.
Smart cities
Na sequência, foi a vez do painel “Cidades Inteligentes na Pós Pandemia: Estratégias Essenciais na Recuperação Econômica na Vida das Cidades (Mobilidade, Negócios Locais e Cidadãos Conectados & Interação Social)”.
Moderada por Hermano Pinto, o encontro reunu especialistas como Abraão Balbino, superintendente de competição da Anatel; Cris Alessi, presidente do Fórum Inova Cidades;
Nilton Molina, presidente do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon e
Mauro Calliari, editor do Caminhadas Urbanas, do jornal O Estado de S. Paulo.
A discrepância entre a digitalização da sociedade e dos governos, os atrasos em relação à infraestrutura e capacitação de pessoas, assim como a ausência de visão e cultura sobre a população longeva e de políticas e gestões aliada às consequências da pandemia foram pautas discutidas pelos convidados.
Para Cris Alessi, “nesse período de pandemia a gente percebeu que estratégias essenciais na recuperação econômica na vida das cidades é ainda mais importante, para não termos um descompasso entre cidadãos 4.0 e governos talvez 2.0.”
Ela ainda comentou que é preciso avançar em infraestrutura, em conhecimento e capacitação e a adesão das pessoas, pois a pandemia acelerou o digital:
“Acreditamos que uma parcela importante de consumidores realizou ações digitais pela primeira vez nos últimos três meses. A partir do momento em que as pessoas entram no ambiente digital, não saem, elas só evoluem em suas experiências. Isso tem que permear as três vertentes do ecossistema, tanto o setor público quanto o privado e a academia. São mudanças de comportamento: estar junto com o consumidor, estar junto com o cidadão, ajudando-o e apoiando-o nesse processo de digitalização. Esse é um grande desafio para o nosso país”.
Já para Mauro Calliari, a pandemia ressaltou pontos que já mereciam atenção: “Acho que com o surto da COVID-19, vimos um colapso temporário de algumas ideias e conceitos que estavam vindo há anos. Estávamos observando uma revalorização do transporte público e da caminhabilidade como elemento de valorização da cidade, assim como o comércio local, mobilidade, como uso de patinetes, e compartilhamento”, apontou.
“Todas essas tendências estão temporariamente suspensas pois a pandemia inverteu as prioridades. No curto prazo, temos uma necessidade de separar as pessoas, fazer com que elas não participem de aglomerações, e o que vimos nos últimos tempos foi quase que um fracasso das cidades inteligentes, pois sofremos com questões de baixa tecnologia”, complementou Calliari.
Tecnologia pelo distanciamento no transporte
Os meios de transportes coletivos e seus sistemas também foram abordados pelo jornalista: “Como fazer para garantir que as frotas de ônibus sigam funcionando, mas com as pessoas separadas? Nós não temos em uma frota de ônibus como São Paulo, com 14 mil veículos, um sensor para saber quantas pessoas estão por metro quadrado. Então vimos que precisamos de uma tecnologia média a serviço da gestão. São coisas de pouco gasto e simples execução e que ainda não fazemos.”
Calliari sustenta ainda a importância e eficácia da integração de todos os meios de transporte, com sistema de pagamento, troca de estações e muitas outras benfeitorias em que a tecnologia pode ajudar. Outro ponto bastante relevante apresentado pelo editor do Estadão fou a questão da sustentabilidade, que, em sua opinião, também ficou suspensa.
“O transporte tem muito a contribuir com esse assunto. Não é possível continuarmos em cidades em que os carros continuem emitindo a quantidade de C02. Daí vem a necessidade de trocarmos por uma matriz mais sustentável, como o andar a pé de bicicleta, e utilizar os veículos elétricos. E eu diria que o objetivo de fundo, de todas as decisões além de transporte e mobilidade, mas das pautas dos prefeitos, tem que ser a redução da desigualdade”, apontou.
Ele complementa: “Acho que a pandemia colocou a mobilidade no centro da pauta e ela deveria ser o pano de fundo de qualquer discussão política a partir de agora”.
Todas essas informações vão de encontro com os cuidados levantados por Nilton Molina, que reiterou a importância de se pensar no bem coletivo:
“As pessoas são a nossa causa, e nada mais do que tratar as coisas que interessam aos mais longevos para exercemos alguma contribuição para a sociedade. Nós temos o IDL, Índice de Desenvolvimento Urbano para a Longevidade, desenvolvido com a Fundação Getúlio Vargas, com objetivo de empoderar os munícipes e criar uma ferramenta de gestão para a cidade para que possam ter uma melhor visão de onde vivem, e aos gestores meios de entender sua colocação nesses aspectos”.
Aplicativo mostra índices das principais cidades brasileiras
O aplicativo do IDL apresentado pelo painelista mostra a colocação de 800 cidades brasileiras separadas entre pequenas e grandes, essas últimas sendo 200. Por meio de análise de dados, é possível observa uma série de variáveis cada municício, assim como indicadores gerais.
Isso leva em conta logística, distribuição de rendas e taxa de desemprego, entre outros fatores, permitindo assim que tanto sociedade quanto gestores possam observar aspectos da cidade e procurar soluções de forma analítica. O exemplo mostrado por ele no painel foi de Palmas, capital do Tocantis, que se encontra na 76ª posição entre as grandes cidades.
“Este mapa permite com que o gestor de Palmas, ou de outra cidade, possa entender os motivos que levaram este município a tal colocação de acordo com os índices do IDL. O Brasil ainda é um país jovem, e por isso ele será um dos países com o maior número de longevenos no futuro. Hoje, 22% da população brasileira tem mais de 60 anos”, revela Molina.
“A cidade precisa estar preparada para receber esses ‘novos jovens’ do mundo que são os longevos. E não paramos por aí: desenvolvemos também o GLP, que são grupos públicos de gestão da longevidade, com reuniões para explicar aos gestores e à população o que é o IDL e como ele pode ser utilizado nesse sentido. Então não ficamos apenas nos indíces, mas sim em uma contribuição prática. E essa é uma causa do nosso instituto: tentar mostrar para a sociedade que a longevidade é real e vai acontecer”, finaliza o presidente do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon.
O Superintendente de Competição da Anatel, Abraão Balbino, afirma que o Brasil tem uma carência de infraestrutura, desde transmissão ao acesso dentro dos municípios:
“Existe uma grande necessidade de políticas transversais que permitam gerar esse conhecimento e investimento na ponta. Um exemplo concreto que a Anatel está trabalhando nesse momento é justamente a implantação das redes de quinta geração, considerando o seu potencial de transformação, principalmente porque o 5G é um guarda-chuva de tecnologias que cria um ecosistema habilitador de serviços transformadores e de novos agentes do mercado”.
Integrando a tecnologia para o benefício da sociedade
Para Balbino, além da adesão à tecnologia, é preciso integrá-la às políticas públicas para que a sociedade possa ser beneficiada:
“Falamos também de automação dos serviços públicos, como o trânsito e outros fatores dos serviços municipais, e o grande desafio que temos é não só a criação de fóruns e ambientes de propagação de conteúdo, mas da realização de políticas públicas efetivas que permitam o investimento”, analisa.
“ No contexto do pós-pandemia, nós fatalmente teremos um poder público cada vez mais carente da capacidade de investimento, enquanto teremos também o contexto da recuperação econômica que precisa acontecer, então enxergo que precisamos criar condições para os investimentos sejam de parcerias público-privadas e também diretos da iniciativa privada para que possamos vencer esse gap de infraestrutura”, concluiu o superintendente da Anatel.
Você pode assistir ao primeiro dia do Futurecom Digital Summit clicando aqui: https://videos.netshow.me/informa. Inscreva-se no evento para acompanhar as palestras dos outros dias desta imperdível realização da Futurecom.