Apesar do avanço da conectividade e de novas tecnologias como o 5G, algumas regiões brasileiras ainda sofrem com a falta de acesso à internet. De acordo com informações do IBGE em seu último Censo Agropecuário, mais de 70% das propriedades rurais do país ainda não contam com nenhum tipo de conexão.
Solucionar essa questão é de grande importância para o avanço do setor agro nacional, um dos segmentos mais importantes da economia do Brasil, representando cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Por isso, conversamos com Paulo Villela, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Perfect Flight, e Rodrigo Oliveira, CEO da Sol Internet of People, que comentaram um pouco sobre este cenário e soluções para superá-lo.
Confira as opiniões dos especialistas abaixo!
As principais discrepâncias regionais de conectividade
Citando o estudo “Cenários e Perspectivas da Conectividade para o Agro”, realizado pelo Ministério da Agricultura em 2021, Oliveira observa que o levantamento evidenciou essa distância entre os setores urbano e rural do Brasil.
“Os resultados para a tecnologia 4G de telefonia móvel, mostraram discrepâncias na cobertura entre as regiões brasileiras, sendo as regiões Norte e Centro-Oeste as que apresentaram maior área sem cobertura de conexão em banda larga”, comenta.
Ele prossegue: “Fica evidente que existe uma lacuna significativa de sinal de qualidade nas regiões onde se concentram a produção agropecuária brasileira, tais como Centro-Oeste, Sudeste e MATOPIBA.”
Conectividade rural: Agricultura 4.0
A falta ou pouca conectividade na maioria das propriedades rurais representa um problema para os profissionais do segmento agropecuário, que buscam modernizar suas operações rumo à chamada Agricultura 4.0.
“Para agtechs como a Perfect Flight, a conectividade faz com que os dados e informações cheguem mais rápido aos tomadores de decisões, para gerar melhores resultados e eficiência no campo. Dados estes que vão gerar menores riscos ambientais, economia de agroquímicos, rendimento operacional e melhores assertividades”, explica Paulo Villela, que atua diretamente no segmento.
Ele continua: “Um fator que temos que levar em consideração é que com os avanços tecnológicos e com o aumento da conectividade aumenta-se também a demanda por mão de obra qualificada para trabalhar com essas informações, mas que com a própria conectividade nos permite melhores caminhos para a capacitação destes novos profissionais.”
Oliveira vai de encontro à opinião do colega, destacando que os investimentos em maior conectividade no campo podem trazer vantagens que se refletirão em maior produção, o que em última instância gerará mais empregos e renda ao país.
“A tomada de decisões em tempo real permite maximizar a produtividade, a eficiência e a sustentabilidade das operações agrícolas. E a viabilidade da tomada de decisões em tempo real demanda que os dados coletados por sensores no campo, nas máquinas e nos celulares e tablets de operadores sejam recebidos, processados e compartilhados no momento em que são gerados”, analisa.
Conectividade urbana: Cidades Inteligentes
Outro tema bastante em voga nos últimos tempos é o das smart cities, ou cidades inteligentes. Com o avanço da conectividade, novas possibilidades surgirão, o que implicará em melhores condições nos grandes centros.
“Poderemos por exemplo ter carros conectados entre si e com a rede de semáforos da cidade, trocando dados em tempo real, aumentando a segurança do transporte e dando maior fluidez ao trânsito das cidades”, reflete Oliveira.
Ele complementa, destacando os avanços que poderão ser vistos também no segmento rural:
“Um bom exemplo de potencial de aplicação do 5G são as áreas industriais presentes nas propriedades rurais, tais como Usinas da indústria Sucroalcooleira e de beneficiamento de algodão”, analisa o especialista.
A importância da democratização da conectividade
Dentro deste cenário, fica claro que investir em tecnologias de conectividade que alcancem as mais diversas áreas do território brasileiro é essencial para o desenvolvimento econômico e tecnológico do país.
Segundo Oliveira, ações que priorizem este aumento do acesso à internet no campo poderão trazer uma série de benefícios, incluindo o aumento da produção, o que gerará mais riqueza e segurança alimentar para a população do Brasil.
“Considerando que 80% dos estabelecimentos rurais são propriedades de agricultura familiar e que pelo menos 44% da área rural brasileira é de produtores médios e pequenos, é fundamental democratizar a conectividade e o acesso a tecnologias digitais para que efetivamente seja possível atender ao desafio de produzir cada vez mais”, comenta ele .
“Assim será possível atender ao crescimento exponencial por alimentos que se apresenta, de maneira mais sustentável, preservando recursos naturais e aumentando a qualidade de vida de toda a população rural brasileira”, conclui.
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