Quando estudamos e falamos da Transformação Digital das verticais da indústria, varejo, agricultura, saúde, segurança e cidades inteligentes, entre outros, utilizamos uma série de tecnologias que levam esses segmentos ao que normatizamos a nomenclatura de geração 4.0. Isso tem origem na nomenclatura da Quarta Revolução Industrial, e vimos o uso em cascata para os demais segmentos como saúde 4.0, segurança 4.0, etc.
A Geração 4.0 de cada segmento, em linhas gerais, significa caminhar pela Transformação Digital com o uso de tecnologias inovadoras. Tecnologias estas com duas características em comum: escala exponencial e alcance global.
Essas características, infelizmente, também são observadas no vírus COVID-19 no plano físico da humanidade, e não apenas na nuvem ou no âmbito digital.
De certa forma, é irônico que um “vírus 4.0” tenha colocado toda a sociedade diante de desafios antes imaginados somente em filmes de ficção científica ou mesmo previsto em algum pitch de defesa orçament[aria para investimentos de IT em tecnologias de Transformação Digital que mitigassem certos cenários de riscos; assim, por vezes, despriorizados no orçamento de investimentos.
Por exemplo: recordo de alguns feedbacks de soluções em IoT (Internet das Coisas) dizendo que seria mais fácil enviar alguém para fazer monitoramento local do que investir em tecnologia que permitisse o monitoramento e controle remoto. Aprendemos agora que há situações em que sim, isso pode até ser mais fácil, mas nem sempre será viável enviar alguém ao local sem comprometer vidas humanas.
Impactos tecnológicos presente – Tecnologias 4.0 postas à prova
Não há precedentes históricos para os impactos do COVID-19 em todos aspectos: social, econômico, tecnológico… E ainda vamos aprender o que resultará de todo esse processo.
Observando a parte de IT das empresas, a reação foi de certa maneira rápida, já que muitas empresas vinham em um processo de Transformação Digital, com ações de cloudification (serviços e ferramentas de SW na nuvem) e mobilidade do usuário, entre outras.
Assim, com o fechamento dos escritórios, as ações de adaptação foram relativamente ágeis, possibilitando que os colaboradores adotassem o home-office. Obviamente, desde que a atividade em questão permitisse tal prática.
Na parte de infraestrutura de rede internet, mesmo com a mudança do perfil de tráfego, a pandemia não provocou nenhum tipo de criticidade ou queda de serviços. Muitas redes também já suportam tecnologias que permitem uma distribuição desse tráfego com uso de Tecnologias 4.0 como SDN/NFV/SD-WAN.
Em relação aos servidores em nuvem, conceitos de escala automática, distribuição por zonas regionais/global, edgecaching e armazenamentos distribuídos, esses foram colocados à prova nos data centers ao redor do globo, com a maior demanda de vídeo stream, serviços de vídeo conferência, armazenamento e compartilhamento em nuvem.
Analisando, o COVID-19 serviu com um catalisador para a Transformação Digital, pois demonstrou como algumas tecnologias estavam preparadas para alguns dos desafios impostos e para quebrar eventuais barreiras culturais, seja no ambiente corporativo ou pessoal, em relação ao uso de novas tecnologias da era 4.0.
Novos desafios à frente – Um novo normal
O estágio de pandemia vai passar, e esperamos que logo. Mas seus impactos serão, inevitavelmente, lembrados por muito tempo. Como já mencionado em vários meios de comunicação e por várias consultorias especializadas, é esperado que haja um novo normal após o COVID-19.
Estamos aprendendo que o ser humano talvez seja mais sensível do que pudemos pensar, e há situações que nos impõem restrições quanto à mobilidade, presença física e contato social, entre outros.
Tecnologias para minimizar o impacto dessas restrições já existem e provavelmente terão suas aplicações redirecionadas para solucionar as situações problemáticas que o vírus 4.0 nos impôs, e acabarão entrando na pauta de prioridades a serem resolvidas.
Alguns exemplos do uso dessas tecnologias são:
- 5G+ Industrial IoT para conexões seguras e privadas. Aplicada na indústria 4.0 permitiria, por exemplo, que aparelhos respiratórios fossem “impressos” remotamente em diversos pontos ao redor do mundo, atendendo melhor a demanda distribuída em situações críticas.
- 5G para conexões críticas (tempo real). Na Saúde 4.0, permitiria a Telemedicina online, conectando em tempo real especialistas a nível global ou nacional a outros centros médicos remotos ou conectados diretamente a aparelhos de diagnósticos (por ex. tomógrafos) que examinam o paciente em tempo real.
- IoT+ Edge Computing + IA (Inteligência Artificial). Em cenários de cidades inteligentes, permitem que câmeras de segurança mapeiam movimentação em zonas de risco em tempo real e possíveis ações de mitigação.
- Outro cenário em logística avançada, fornecendo diversas informações em tempo real de tópicos do transporte quanto a segurança, trajeto, tempo de entrega, climático, bem como, por exemplo, ao próprio motorista do caminhão sobre pontos de reabastecimento e alimentação abertos nos próximos quilômetros do trajeto programado.
- Realidade Imersiva e Realidade Virtual: Para uso em treinamentos online prático para manuseio de equipamentos industriais, hospitalares, home-school, entre outros.
A frase “nunca desperdice uma boa crise”, proferida porWinston Churchill em 1940, talvez seja o melhor incentivo para que profissionais de tecnologia possam encarar esse momento com a coragem necessária para revisar conceitos e prioridades no sentido de vencer as adversidades atuais e futuras.
Se antes do COVID-19 a Transformação Digital já estava no planode boa parte das corporações, ela agora ganha tons de prioridade e foco estratégico. Seja para empresas que já iniciaram a jornada quanto para aquelas que ainda vão iniciar.
Ainda temos muito a aprender sobre os impactos dessa pandemia, e seguramente nos próximos meses teremos vários fóruns de debates tecnológicos de como utilizar o melhor de cada tecnologia nesse tipo situação.
As tecnologias sempre existiram para apoiar a humanidade em seus diversos desafios. E, nesse momento, já temos uma gama de tecnologias 4.0 que podemos direcionar as suas aplicações para solucionar problemas causados pela pandemia do vírus 4.0 – COVID-19.
*Ricardo Tadao Koyama, Diretor Executivo da IoT Bridge, com foco em consultoria e integração de soluções IoT para diversas verticais. Profissional com mais de 25 anos de experiência internacional no mercado de Telecom e TI.Assumiu diversos cargos desde gerência de Desenvolvimento de Linha de Produtos, Gerente de Desenvolvimento de novos Negócios para América Latina, Diretor de Vendas Regionais entre outros. Pós-graduado em Engenharia de Software e MBA em Gestão Executiva pela BBS Business School.