A agropecuária brasileira representa uma atividade que, ao longo dos anos, vem tendo elevada participação da tecnologia para promover o aumento da produtividade e consequentemente trazer maior geração de renda ao trabalhador. Apesar disso, poucos gestores conhecem as tecnologias agrícolas acessíveis disponíveis no mercado.

As principais tecnologias agrícolas possuem alto custo, tornando-as praticamente inviáveis para pequenas e médias propriedades rurais, representantes da grande maioria das propriedades agrícolas brasileiras.

Para estas propriedades, a necessidade por tecnologia, por muitas vezes, está ligada às necessidades básicas, como as de saneamento básico e redução do desperdício de água durante a irrigação, que podem auxiliar na otimização de recursos.

Segundo o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Instrumentação (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Carlos Renato Marmo, as tecnologias sociais de saneamento básico rural podem contribuir com a qualidade de vida e produtividade do pequeno e médio produtor.

Conheça mais sobre essas tecnologias agrícolas desenvolvidas pela Embrapa e que são pensadas para serem acessíveis ao pequeno e médio produtor rural.

Quais são as principais tecnologias agrícolas?

Para os gestores dos setores de tecnologia, conectividade e telecomunicações, as principais tecnologias agrícolas podem ser categorizadas em três grandes grupos interconectados: Agricultura de Precisão, Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA). A Agricultura de Precisão engloba o uso de sensores (de solo, clima, umidade), sistemas de GPS e drones (VANTs) para coletar dados detalhados sobre as lavouras e o ambiente.

Esses dados permitem o mapeamento de áreas, monitoramento da saúde das plantas e aplicação localizada e otimizada de insumos como fertilizantes e defensivos, o que é crucial para a redução de custos e o aumento da sustentabilidade.

A eficácia dessas ferramentas de gestão, no entanto, depende intrinsecamente da conectividade, que é onde a IoT e os serviços de telecomunicações se tornam a espinha dorsal do campo moderno. A IoT conecta os sensores e maquinários agrícolas (como tratores e colheitadeiras autônomos ou com piloto automático) a plataformas de gestão, permitindo o monitoramento e controle em tempo real.

A Inteligência Artificial (IA), por sua vez, processa o volume massivo de dados (Big Data) gerado por esses sistemas, oferecendo insights preditivos sobre o clima, a incidência de pragas e doenças, e o momento ideal para o plantio ou colheita.

Tecnologias como LTE Privado e o avanço do 5G no ambiente rural são essenciais para garantir a alta velocidade e baixa latência necessárias para que essas tecnologias operem de forma eficiente, transformando o gerenciamento do agronegócio de reativo para preditivo e altamente otimizado.

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Quais são as tecnologias agrícolas acessíveis de saneamento básico?

De acordo com dados apresentados por Marmo, menos de 20% das propriedades rurais do Brasil possuem sistemas adequados para tratamento de esgoto doméstico.

Essa ausência no tratamento pode proporcionar alta contaminação do solo e das águas, tendo como consequência uma série de doenças de veiculação hídrica, além dos impactos ambientais negativos.

Em razão dessa deficiência, as tecnologias sociais de saneamento básico rural, pela sua concepção e aplicabilidade, são as mais acessíveis a este público”, explica Marmo, que complementa: “Além do mais, possuem baixo custo, exigem pouca manutenção e baixo manejo por parte do usuário, tornando-as naturalmente mais acessíveis”.

Assim, o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Instrumentação explica que as principais tecnologias sociais de saneamento básico rural desenvolvidas pela Embrapa Instrumentação são:

Tecnologia Descrição
Fossa Séptica Biodigestora Solução tecnológica de fácil instalação e baixo custo que trata o esgoto proveniente do vaso sanitário de forma eficiente. O sistema ainda gera um efluente que pode ser utilizado como fertilizante natural no solo.
Jardim Filtrante Consiste em um pequeno lago com pedras, areia e plantas aquáticas, onde o esgoto é tratado de maneira natural, promovendo a filtragem e purificação da água antes de seu retorno ao meio ambiente.

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Sensores de irrigação como tecnologias acessíveis no campo

Os sensores de irrigação também representam tecnologias agrícolas de baixo custo bastante interessantes para pequenos e médios produtores rurais. “Esses sensores foram desenvolvidos como indicadores do momento de irrigar a produção agrícola, evitando o desperdício de água e, consequentemente a sobrecarga do solo”, explica Marmo.

Nesse contexto, ele sugere o Irrigador Solar como uma tecnologia bastante acessível à pequenos e médios agricultores.

Este é um dispositivo que não utiliza energia elétrica ou combustível para bombear água para pequenos espaços produtivos, pois é um sistema ativado pela energia solar, podendo ser adaptado para hortas e, inclusive, espaços urbanos”, comenta Marmo.

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Pontos de atenção ao utilizar tecnologias rurais

Segundo Marmo, tanto a capacitação para o correto uso quanto a manutenção dos sistemas são ações fundamentais para aproveitar o máximo das tecnologias sociais.

Nas situações tradicionais, o esgoto doméstico das residências geralmente é direcionado sem tratamento para uma fossa negra, não demandando nenhum tipo de providência por parte do usuário”, explica.

Assim, ao receber uma tecnologia social de saneamento, como as citadas aqui, Marmo indica que é necessária uma quebra de paradigma. “A Embrapa Instrumentação se preocupa em desenvolver sistemas que, além de tratar o esgoto, possuem potencial para melhor aproveitamento do efluente como biofertilizante na produção agrícola, porém estas devem ser feitas com critérios”.

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Quais são os desafios do avanço das tecnologias agrícolas acessíveis?

Para Marmo, os principais desafios para maior difusão das tecnologias na agricultura em pequenas e médias propriedades é encontrar a melhor solução técnica, no que diz respeito ao desempenho, combinando com a adequabilidade ao ambiente no qual o agricultor está inserido.

Ao desenvolver e projetar uma tecnologia agrícola é necessário avaliar como o sistema funcionará e a harmonia dele com o ambiente, de forma que ela não seja abandonada, por alta complexidade ou demanda exagerada de operação/manutenção”, explica.

Além disso, é fundamental que exista acompanhamento no uso dessas tecnologias, garantindo a obtenção do máximo que elas podem proporcionar. Neste sentido, Marmo explica que a Embrapa desenvolve tecnologias, porém não faz parte do escopo da empresa a extensão rural.

Desta forma, a materialização das tecnologias que a Embrapa desenvolve ocorre com o apoio da rede de parceiros institucionais, sejam públicos, privados e do terceiro setor e dentre os principais parceiros do Setor Público estão as empresas de Extensão Rural, como EMATER e CATI, além de outros órgãos ligados à área agrícola e ambiental.

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