Uma nova forma de programar e resolver problemas se aproxima cada vez mais da realidade. “É preciso começar essa conversa lembrando que esse conceito se baseia na teoria quântica, que já é extremamente bem testada. Hoje, toda a indústria eletrônica leva em conta evoluções e aplicações da mecânica quântica” , comentou Sérvio Novaes, coordenador do Advanced Institute for Artificial Intelligence, abrindo o painel “Potencializando a Inteligência Artificial com Computação Quântica”, no auditório “O Futuro é Inteligente”, na Futurecom 2019.
De acordo com Ronan Damasco, Diretor Nacional de Tecnologia da Microsoft, a computação quântica é “uma nova e fascinante maneira de fazer computação”. O especialista aponta, porém, que alguns mitos precisam ser esclarecidos. “É comum ouvirmos que a computação quântica é capaz de resolver em segundos problemas que, na computação clássica, levariam um milhão de anos. Por mais que isso seja verdade, dependendo do tipo de problema e da abordagem escolhida, não podemos pensar na computação quântica como uma computação tradicional acelerada”, comenta. “Na verdade, esse é um novo paradigma, que muda a nossa forma de pensar e abordar os problemas”, explica.
Possibilidades e abordagens
Research Manager da IBM Brasil, Leonardo Silveira de Albuquerque Martins comenta que hoje temos computadores muito mais poderosos do que os que levaram o homem à Lua, mas todos baseados na base matemática antiga. Assim, ainda é necessário traduzir as possibilidades da computação quântica em hardware. “Com e computação quântica, podemos resolver problemas com características próprias, como situações que precisam de abordagem mais probabilística. É uma abordagem mais prática e que demanda menos tempo de teoria, ideal para problemas mais próximos dos fenômenos naturais da física quântica”, explica.
Ainda sobre as possibilidades dessa nova forma de computação, Wander Cunha, diretor executivo e Head de Digital Business da Tivit, aponta que algumas aplicações comerciais já podem ser vislumbradas. Situações que exigem análises combinatórias, como identificar o tratamento mais preciso ou a melhor rota para um trajeto, por exemplo, são algumas das principais aplicações.
Hardware: o breakthrough tecnológico da computação quântica
Cunha destaca, porém, que ainda existem limitações para as aplicações no mundo real. “Quando falamos que essa tecnologia está pronta para ser utilizada, estamos considerando os sistemas, os códigos, a estrutura de programação. O breakthrough tecnológico está em desenvolver um processador quântico efetivo”, comenta. Gustavo Fosse, Diretor de Tecnologia do Banco do Brasil, reforça esse ponto. “Quem encontrar mais rápido essa solução, quem traduzir primeiro essa teoria em algo tangível, vai ganhar o jogo. Essa é uma forma totalmente diferente de pensar e desenvolver soluções e precisamos descobrir como potencializar os resultados possíveis”, defende.
Alex Takaoka, Entreprise Sales Director da Fujitsu, comentou no debate que, hoje, cada empresa segue uma linha diferente de pesquisa quântica. “Embora elas sigam algumas leis gerais para a programação, o hardware de cada uma segue uma abordagem diferente entre si”, contextualiza. “Só podemos considerar a computação quântica com uma solução real quando ela se tornar comercialmente viável. Ainda é preciso muita pesquisa e muito desenvolvimento, que podem gerar frutos paralelos, como novos materiais e novas descobertas.”, comenta. “Precisamos trabalhar com prazos de 5, 10 ou até mesmo 20 anos de pesquisa”, prevê.
O especialista comenta também que essa nova abordagem não eliminará a computação clássica. “Ainda utilizaremos muito a computação tradicional, e ainda em larga escala. A computação quântica veio para somar e ajudar a resolver questões que não podem ser solucionadas pela computação que conhecemos hoje”, finaliza.
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