Desde 2016, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) está trabalhando juntamente com um grupo de colaboradores das áreas financeiras e tecnológica dos setores bancários, além de governos e reguladores, para a implantação da chamada tecnologia blockchain nos bancos brasileiros. E os resultados dos estudos têm se mostrado animadores em termos de conectividade e segurança entre os bancos, com consequências positivas aos clientes.

O que é blockchain?

A tecnologia blockchain é a mesma utilizada para se criar a moeda digital Bitcoin. Trata-se da possibilidade de distribuir os dados pela rede de várias máquinas conectadas em locais diferentes. Ou seja, cada máquina passa a ter uma cópia do conteúdo, que é gerenciado de forma compartilhada.

Mas qual é a novidade? No blockchain, os dados são armazenados em blocos de informação criptografada – isso significa que fica impossível excluir uma informação depois que ela foi inserida no sistema. Além disso, essa tecnologia também dificulta o ataque de hackers, pois cada mudança precisará ser validada por várias dessas máquinas.

Alguns países estão iniciando suas testes para a implantação da tecnologia blockchain em seus sistemas bancários, como a Espanha e o Reino Unido. Aqui no Brasil, os testes também estão sendo desenvolvidos e o grupo organizado pela Febraban apresentou o primeiro protótipo em abril de 2017.

O protótipo teve como base o case de um cadastro digital, totalmente fictício e sem fins comerciais, para o compartilhamento de dados entre os participantes de uma malha de blockchain por meio de uma plataforma.

O grupo também realizou o teste do mesmo projeto em outra plataforma, a Hyperledger, cujo projeto contemplou a construção colaborativa de uma plataforma de blockchain de código aberto. Com isso, o objetivo do grupo foi testar diferentes plataformas permissionadas para analisar o desempenho de cada experimentação.

“Nosso objetivo com o grupo é checar se as plataformas funcionam com produtos que não existem no mercado, para termos, no futuro, produtos disruptivos”, afirma Adilson Fernandes da Conceição, coordenador do grupo de trabalho de blockchain da Febraban.

O que o blockchain vai permitir aos bancos brasileiros?

Segundo o coordenador do projeto, existe um grande potencial para o uso da tecnologia na criação de serviços financeiros mais eficientes e seguros. Algumas vantagens:

  • Redução de custos com a eliminação de processos de conciliação de dados;
  • Capacidade de os bancos operarem em regime colaborativo, com a preservação da privacidade, garantia de imutabilidade dos dados compartilhados e preservação da rastreabilidade das informações;
  • Maior transparência para o regulador;
  • Redução do tempo de liquidação financeira.

Conceição ressalta, entretanto, que a viabilidade de projetos com essa tecnologia precisa analisar em maior detalhe a combinação de fatores como custo, desempenho, privacidade e questões regulatórias.

Atualmente, o grupo trabalha no desenvolvimento de um projeto-piloto que está em fase de criação. Ainda não há data definida para o lançamento de produtos e serviços que utilizam a tecnologia blockchain no Brasil. A expectativa, porém, é que tenha início já em 2018.