Os novos métodos de pagamento vieram para ficar. Prova disso são os chamados wearables, dispositivos como smartwatches e pulseiras que permitem a realização de pagamentos contactless e já são amplamente utilizados no comércio.
Mas outra forma de pagamento também está ganhando cada vez mais espaço, e o melhor: não exige que o consumidor esteja portando nada. Estamos falando da biometria, que já é uma realidade no setor financeiro.
Mediado pela jornalista Silvia Paladino, o painel “Biometria: pagamentos com o rosto e voz já são realidade” trouxe justamente esse tema para o debate realizado na seção Future Payment do Futurecom 2022.
O painel contou com as participações de Fernanda Beato, Diretora de Vendas e Clientes da Único; Henrique Mattiello, Head de Negócios para o Mercado Privado da Serpro; e Pedro Moreno, Gerente-executivo de Projetos do Serasa Experian.
Confira tudo o que foi dito na conversa entre os especialistas abaixo!
Biometria como instrumento de cidadania nos pagamentos
Iniciando o painel, Fernanda Beato falou um pouco sobre o papel da Único, que já oferece serviços baseados na biometria para pagamentos eletrônicos.
“A gente quer trazer mais cidadania também para as pessoas, mais identidade. A Único tem esse propósito, com a biometria facial sendo uma de nossas soluções, todas com o objetivo de trazer cada vez mais empoderamento, benefícios, segurança e agilidade para as pessoas”, destacou ela.
Henrique Matiello falou na sequência, reiterando que a Serpro também já está atuando com pagamentos via biometria, alguns em parceria com o Governo Federal, além de companhias do setor privado.
“Vemos procurando oferecer soluções que visam justamente integrar a sociedade. Quando falamos em integrar, não pensamos apenas no cidadão, na pessoa física, apesar de esse ser nosso principal mote. O que começamos a perceber também é que, para melhorar o ambiente de negócios do Brasil, precisamos fazer com que essas integrações cheguem às empresas”, afirmou.
Pedro Moreno, por sua vez, destacou que apesar de ser conhecido por sua atuação no crédito, o Serasa Experian realiza diversos outros serviços, e que a biometria, em especial voltada para o combate à fraudes, também é utilizado pela empresa.
As diferenças entre reconhecimento facial e biometria
Fernanda Beato apontou que, apesar de muitas pessoas acharem que são iguais, reconhecimento facial e biometria são tecnologias diferentes. Enquanto o primeiro realiza identificação com base em uma imagem conhecida, a biometria faz a captura e a compara com um CPF ou documento válido, oferecendo a autenticação.
Pedro Moreno complementou a fala da colega, destacando que existem diversas formas de biometria além da facial. Ele apontou quatro elementos que considera essenciais ao trabalhar com biometria:
“Um é a questão de custo, outro da segurança, experiência e contexto. Quando você pega o custo, biometria digital e de íris necessitam de um dispositivo externo, o que gera um custo maior. Já a facial, em qualquer celular você consegue fazer a captura”, observou ele.
Moreno prosseguiu: “A biometria de íris é considerada a mais segura, mas as evoluções que tiveram a tornam tão segura quanto. E quando falamos de experiência, a facial acaba tendo mais vantagem, principalmente no Brasil”.
O representante da Serasa Experian também citou que o uso de tecnologias para a população brasileira já é natural, já que o uso de redes sociais é massivo e frequente entre a população de nosso país.
Casos de uso da biometria facial para pagamentos e outros serviços
Seguindo a conversa, Fernanda Beato apontou que a biometria facial também já está sendo utilizada em outros meios além dos pagamentos. Ela exemplificou:
“A gente hoje vê a biometria facial como forma de segurança e agilidade para diversas outras aplicabilidades, desde uma assinatura eletrônica com o comprobatório da coleta da facial, até processos de admissão de funcionários 100% online, pagamentos com a face, retirada de mercadoria em lockers, troca de benefícios em empresas de combustíveis a companhias aéreas.”
Mattiello destacou que seu uso também já está em voga para o setor público, como na abertura de empresas, que já é realizado via biometria facial pela Junta Comercial do Rio de Janeiro.
“Outro caso que começou a ser bastante divulgado é o Embarque Mais Seguro, que é uma iniciativa que surgiu do Ministério da Infraestrutura junto com a ANAC para não apenas entregar uma experiência melhor nos aeroportos, mas também mais segura”, disse ele.
O representante da Serpro complementou: “Hoje na ponte aérea Rio-São Paulo, quando você faz seu check-in, você tem sua biometria coletada e você então não tem mais interação. O seu rosto é o acesso à sala segura, é o cartão de embarque e também o acesso à aeronave. A biometria permite esse nível de experiência.”
Outro exemplo dado por Matiello foi do Gov.br, portal do Governo Federal, que já permite o uso da biometria para o uso de serviços digitais públicos.
Complementando com outros casos, Moreno destacou o uso de câmeras em fábricas na China que permite o controle de funcionários em serviço de forma mais rápida.
“Com a biometria facial é possível que você reduza o tempo que as pessoas gastam na fila. Também na China já é possível desbloquear cadeados, e há uma venture que, ao invés da chave do carro, você utiliza seu rosto”, disse ele.
Biometria como camada de segurança extra para evitar fraudes
A legislação e a segurança digital também foram destacadas ao longo do painel. Fernanda Beato, da Único, destacou que a biometria, seja por voz ou facial, já é algo desejado pela população.
“Temos uma pesquisa com o Instituto Locomotiva onde, em 1500 pessoas entrevistadas, 94% afirmaram que já tiveram despesas ou gastos por processos não concluídos. Também verificamos que a cada dez pessoas, sete já se dispõe a utilizar a biometria, o que é bastante relevante”, disse ela.
A Lei Geral da Proteção de Dados, ou LGPD, também foi abordada. Segundo Mattiello, a biometria é uma das várias camadas de segurança, reiterando que ela vem para agregar, e não para substituir todas as outras medidas protetivas.
“Quando a gente olha para as informações de governo, qual é o nosso objetivo? É evitar que uma pessoa se passe por outra. Nesse caso estamos muito relacionados à base legal de medidas de segurança pública”, explicou ele.
O Head da Serpro também destacou que a biometria é utilizada como validação, e não como um uso de dados abertos. Ele reitera que o contratante também precisa estar de acordo com as bases legais de consentimento.
Pedro Moreno finalizou o painel apontando o exemplo da Estônia, considerado o país mais digital do mundo. Ele relembrou que o CIO do governo local a importância de ter pessoas engajadas e de se pensar no processo.
“Quando você traz isso para a biometria, você precisa entender qual serviço você está provendo. A tecnologia tem que ser um meio para você chegar lá, e não o contrário. Vejo que o futuro vai ser como autenticar, como fazer da melhor forma, e a única certeza que tenho é que vai continuar mudando”, concluiu.
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