A ambição da Rakuten Mobile para o 5G gira em torno de três grandes pilares: habilitar indústrias para a virtualização, capacitar a sociedade e oferecer experiências de qualidade para os clientes. Quem afirma é o diretor de tecnologia da empresa japonesa, Tareq Amin, que participou do Meet the Expert no último dia do Futurecom Digital Week. A Rakuten Mobile, que anunciou recentemente a primeira rede 5G virtualizada do mundo, é um dos novos entrantes no Japão com tecnologia e abordagem únicas, que garantem disrupção na arquitetura tradicional de como as redes móveis são construídas, projetadas e operadas.

Segundo o executivo, a empresa começou, em 2018, a construir o projeto do que se tornaria a primeira infraestrutura de telecomunicações virtualizada do mundo  – de ponta a ponta – para o 4G.  “Queríamos construir uma rede simples, completamente aberta, movida por IA e automação, que abraçasse a segurança aberta. E, em abril deste ano, lançamos nosso serviço no Japão e validamos que a virtualização da infraestrutura adotando a nuvem traz enorme eficiência, redução de custos e o mais importante: agilidade na prestação do serviço. E quando olhamos para o 5G, pensamos em como poderíamos fazer ainda melhor”, diz Amin.

Até março de 2021 a expectativa é que a empresa cubra 70% de todo o Japão. Com uma plataforma de serviços moderna e com baixa latênciaquando o tempo entre o ao vivo e o que é transmitido é curto, em alguns casos milissegundos -, os jogos na nuvem e AR tornam-se realidade absoluta. “Uma API de inovação aberta permitirá a qualquer empresa de desenvolvimento terceirizada entrar em nossa plataforma para inovar e desenvolver códigos de maneira conjunta. Com isso, teremos novos casos de uso, que irão se beneficiar dessa superestrada que o 5G oferece. Nossa ambição por 5G é definitivamente única”, complementa Amin.

Compartilhar redes torna-se um modelo irreversível

O webinar “Redes neutras de FTTH – O futuro é compartilhado?” no Futurecom Digit@l Week debateu a viabilidade econômica e financeira para construção de infraestrutura de redes de telecomunicações e como isso pode ser benéfico para a inclusão digital em um país da dimensão do Brasil. Para os debatedores, o modelo de compartilhamento de redes de fibra ótica se faz irreversível a partir do desenvolvimento dos serviços das operadoras e das redes de 5G.

O webinar do Futurecom, que este ano chega em novo formato, contou com a participação de Abraão Balbino e Silva, superintendente de Competição da Anatel; João Moura, presidente executivo da Telcomp; Marco Canongia, cofundador e CEO da Lumicom Tecnologia & Inovação; Abel Camargo, vice-presidente da American Tower do Brasil; Tadeu Viana, vice-presidente de vendas da Corning na América Latina e Caribe; e Andres Madero, CTO da Infinera na América Latina e Caribe.

Marco Canongia comenta na abertura a questão de o tempo de obsolescência das redes fixas e móveis se reduzir gradativamente, exigindo um ritmo intensivo de capital na infraestrutura. “Para que as operadoras acompanhem esse ritmo e garantam o retorno do investimento, precisam de estratégias de monetização mais velozes. O compartilhamento de rede é um modelo que nasceu proveniente desse cenário”, argumenta Canongia.

A tendência para redes óticas neutras, o Fiber to the Home (FTTH), é muito forte agora, de acordo com os debatedores, devido à necessidade se oferecer a uma fatia maior da população uma conexão de qualidade, mesmo em localidades onde ainda não há oferta de serviços. Para João Moura, “o modelo se mostra mais atraente para investidores que buscam retorno em receitas recorrentes, previsíveis e a longo prazo”. As operadoras, por sua vez, têm a oportunidade de melhorar seus caixas e seus balanços. Nessa linha de raciocínio, a motivação para o compartilhamento de redes neutras, portanto, é financeira.

Vale lembrar que as antenas da quinta geração de telefonia móvel, a 5G, são conectadas por fibra ótica e as possibilidades de aplicações se ampliam com infraestrutura neutra para que haja concorrência a serviço da população. Para Abel Camargo, “além da motivação financeira, o país tem a necessidade de criar redes robustas a cada salto tecnológico que se observa e isso requer um capital muito alto”. “Não há geração de caixa suficiente no setor que permita tal investimento e quanto mais bem utilizada a infraestrutura, melhor para o setor, pois evita-se a superposição de redes.”

Como representante da indústria, Tadeu Viana vê esse movimento com bons olhos. Para ele, “a demanda por capilaridade de redes cresce a cada dia e o acesso à banda larga pode ser uma ferramenta de inclusão social ou exclusão social – depende de as redes chegarem onde ainda não se tem acesso”. A opinião é compartilhada por Andres Madero, que analisa o ponto de vista evolutivo. “O que vemos é uma indústria que requer o ecossistema aberto, requer uma neutralidade na rede, já que um ambiente aberto impulsiona a inovação”. Andres acredita que agilidade e flexibilidade dos prestadores de serviços no contexto atual só são possíveis com uma abordagem neutra.

Já do ponto de vista regulatório, Abraão Balbino, representando a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), expõe o conceito de rede neutra como uma verdadeira evolução na cadeia de valores do setor, desde que haja desmembramento real dos grupos econômicos que dirigem as operadoras. “A neutralidade, a isonomia e a transparência, que são questões da regulação econômica muito importantes, só são conseguidas quando se tem uma separação do atacado e do varejo”, explica. Por exemplo, a operadora que tem a rede neutra e também tem o serviço no varejo pode vender o serviço no atacado mais caro para A ou para B para obter benefícios próprios no varejo. “A neutralidade só é plena se essa operadora sair do varejo”, conclui. E é essa neutralidade de redes e a isonomia que possibilitarão a inclusão digital que promove o desenvolvimento da população.

A adoção do 5G vai fortalecer um ecossistema de colaboração e inovação no Brasil

Encerrando a série de participações e debates enriquecedores que trouxeram temas importantes para o centro das discussões, a Futurecom Digital Week já apontou também o que será novidade nos próximos anos, especialmente em 2021, quando será realizado o leilão de frequências da Anatel para a tecnologia de quinta geração. O webinar “Acelerando a adoção de 5G através da Construção de um Ecossistema de Colaboração e Inovação”, reuniu vários representantes de segmentos essenciais para fazer o 5G ganhar ainda mais evidência e se materializar.

Ari Lopes, gerente sênior para Américas da OMDIA, moderou a mesa virtual levantando questionamentos entre os palestrantes como quais são programas liderados pelo governo para o desenvolvimento e implantação de 5G? Como a colaboração é a chave para o sucesso atual e futuro da evolução da rede 5G? Compartilhamento, infraestrutura aberta, desagregação nas redes, com faixas de espectro e neutralidade da rede, e como adotar tecnologias-chave necessárias agora? Qual o cenário 5G em cinco anos? O cenário é bastante desafiador, mas extremamente promissor para ditar os impactos e avanços sejam no mercado corporativo, nos Governos federal, estaduais e municipais, nos vários setores da economia (indústria, saúde, educação, agronegócios etc) e na vida das pessoas.

Na participação do Ministério das Comunicações, o secretário substituto de Telecomunicações, Artur Coimbra de Oliveira, destacou o empenho com o planejamento do governo para avançar nos assuntos relacionados com o 5G e que a prioridade é a realização do leilão de frequência  em 2021, que trará impactos em áreas de manufatura, saúde, transportes, finanças, varejo, agricultura e outros setores. “Temos atuado na regulamentação das leis das antenas, que facilita a infraestrutura. Além disso, temos também um trabalho forte com o Congresso Nacional e Ministério da Economia, para reduzir a carga tributária das estações móveis que levam acesso de Internet das Coisas (IoT) e que será um grande filão de atuação do 5G. Isso tudo trará benefícios esperados para a sociedade”, afirma o secretário.

Hélio Oyama, diretor de Produtos Latam da Qualcomm, ressaltou também a importância do 5G mmWave, tecnologia que faz pleno uso dos benefícios do 5G, especialmente velocidade, largura de banda e latência.  O 5G mais poderoso é aquele que será transmitido por essas frequências e terá um impacto na indústria, com transformação digital e Indústria 4.0. Segundo o executivo, a tecnologia é extremamente importante, principalmente no momento desafiador que passamos no Brasil, uma vez que o 5G pode contribuir para acelerar o desenvolvimento de diversas áreas.  “Hoje, já temos uma atração muito grande em nível mundial, com mais de 80 operadoras que já lançaram o 5G, em mais de 35 países, e a adoção da tecnologia aqui no Brasil, o quanto antes, será muito bem-vinda”, disse. “Se em um passado recente a conectividade já era importante, agora o 5G se torna uma tecnologia fundamental para preparar o país para as futuras gerações”, acrescentou.

Leonardo Capdeville, CTIO da TIM, reforçou os investimentos que a operadora está fazendo no mercado nacional:A TIM está investindo em um ecossistema de novas funcionalidades e inovações, e se preparando, desde já, para oferecer no mercado nacional soluções que se apliquem à nova rede quando o 5G se tornar uma realidade. O projeto-piloto inédito em três cidades, com ativação de rede 5G DSS na tecnologia FWA, entregando equipamentos 5G para seus clientes, é o melhor exemplo desse investimento.  Nosso objetivo é vencer barreiras e levar a banda larga para todo o país, assumindo mais esse protagonismo”.

Já para Carlos Roseiro, diretor de soluções integradas da Huawei Brasil, a colaboração dos atores da indústria de telecom terá um papel muito relevante. “Se antes o ecossistema já era importante, ele é ainda mais essencial com a chegada do 5G. Para trazer todos os seus benefícios, o 5G dependerá de muitos mais parceiros, além dos fornecedores e operadoras”, apontou Roseiro.

Segundo Marcos Scheffer, vice-presidente de Redes para Cone Sul da América Latina da Ericsson, “seria péssimo imaginar o Brasil sem 5G, é imaginar o país sem portos e estradas, deixando a indústria com baixa competitividade. O 5G vai trazer benefícios para a sociedade de uma forma geral, com novas aplicações para o consumidor, mas o grande potencial está em trazer eficiência e produtividade para a indústria. O 5G vai aportar, nos próximos dois anos, 2.4% no aumento do PIB brasileiro. Quanto mais cedo tiver a tecnologia de quinta geração, mais cedo vão ser dadas as condições para que a inovação aconteça no Brasil.

O CEO da Algar Telecom, Jean Borges, defende uma movimentação rápida para tudo isso acontecer e colocar o Brasil na dianteira. “É preciso conscientização e agilidade nas discussões sobre o tema para viabilizar o processo de digitalização no País, trazendo possibilidades de eficiência, melhorias na qualidade de vida das pessoas, conteúdo e cultura.

“Esse ecossistema de quinta geração inaugura uma nova era, que dará mais foco à inovação, agregando valor e acelerando ainda mais a produção de soluções, na implantação de série de vertentes como nos mercados indoors, vendors, trabalhando de forma integrada em toda a cadeia produtiva”, pontuou Wilson Conti, General Manager & Sales VP da RFS.

“As parcerias de diversos setores (fornecedores, operadoras) e universidades são importantes para o desenvolvimento do 5G em todas as verticais. O espaço entre as tecnologias está diminuindo.  Achamos que o 5G vai se desenvolver muito rápido. Até o final do ano, serão 190 milhões de assinaturas. Mais de 2,8 bilhões, no mundo todo, em 5 anos”, finaliza o VP da Ericsson.

Para encerrar o evento, a Futurecom Digital Week contou ainda com um happy hour com um especialista que abordou diferentes tipos de cerveja. Para deixar ainda melhor e completar a realização com chave de ouro, a banda Ambergirls fez um show incrível com muitos sucessos nacionais e internacionais.

Obrigado a todos que participaram da Futurecom Digital Week! Fique ligado em nossas redes sociais para saber mais novidades deste que é um dos principais eventos globais de tecnologia e inovação.