Por Hugo Ramos*
No final de setembro a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou a versão final do edital de licitação do 5G, definindo para o começo de novembro a data do leilão. O movimento anima osetor e muitos consumidorespois o 5G proporcionará, além de uma conexão de internet móvel mais rápida, com baixíssima latência, um leque de novas oportunidades de negócios para os provedoresde serviços, entre eles a operadoras de telecom.Segundo a IDC Brasil em 2021 e 2022, o 5G vai gerar US$ 2,7 bilhões em novos negócios envolvendo tecnologias como inteligência artificial, realidade virtual e aumentada, internet das coisas, computação na nuvem, segurança e robótica.
Mas junto com a boa novidade também chegam preocupações para os responsáveis pela infraestrutura necessária para lidar com as novas tecnologias. Com inovações entrando em operação em um ritmo acelerado, torna-se difícil para os operadores ou administradores de redes planejar a transição de maneira adequada, o que pode gerar custo extras, caso a migração não seja feita de maneira correta. Os provedores de serviços se questionam continuamente como podem aperfeiçoar as redes de acesso com e sem fio, tanto em casa como em ambientes externos, sem colocar sua economia em risco e, ao mesmo tempo, acompanhar as tendências que regemo mercado. Tudo isso para proporcionar uma melhor qualidade e experiência de usuário. Esse é um dos desafios que o setor enfrentará nos próximos anos.
Transformação digital
A pandemia, o trabalho remoto e a permanência em casa aceleraram a transformação digital. Agora há novas demandas de uso da rede, impulsionadas por fatores como games online, a multiplicação de aparelhos conectadosno ambiente domésticoe outros que surgiram recentemente, como a telemedicina e as oportunidades de negócio na indústria, que serão proporcionadas pelo 5G.Nesse cenário o uso de redes mais determinísticas se torna essencial, o que também acarreta novos requisitos de rede que as operadoras precisarão atender.
A implementação de inteligência artificial, a aprendizagem de máquina e a disseminação da internet das coisas também devem ganhar um novo fôlego. Elas colaboramcom a captura, gestão da informação dentro do centro de dados e otimização do seu funcionamento. E essas tecnologias são essenciais também para impulsionar as chamadas smart cities. De acordo com aIDC, o investimento mundial em cidades inteligentes chegará a US$ 203 bilhões até 2024. Para atender às demandas dos consumidores por maior largura de banda e baixíssima latência, será necessário um processo de densificação no qual as redes de acesso evoluirão para se aproximar do consumidor e distribuir os dispositivos, a fim de oferecer melhor conexão a cada um deles.
Arquiteturas de acesso distribuído
Uma opção para conseguir isso em redes de acesso fixo é a implementação de arquiteturas de acesso distribuído (DAA), como Remote MACPHY, em conjunto com a tecnologia DOCSIS 3.1, com as quais os clientes podem ser abordados de forma simplificada e aprimorar seletivamente suas redes, com melhor distribuição e aumento da capacidade dos grupos de serviço. Outra opção é melhorar seletivamente as redes de alguns usuários para FTTH (Fiber-to-the-Home), com o uso arquiteturas evoluídas TAP ópticas e Indexing, e migrar os clientes em direção a essarede, de forma consciente.
Nas redes wireless ou móveis, a densificação também terá de ser realizada e a evolução será seletiva, passando das macro cells para as small cells. Isso passa por pontos como a necessidade de soluções com foco na energia distribuída, conectividade, com a devida atenção a uma rede planejada para convergência e local de instalação, que seja definido de forma correta, já que o objetivo é que as small cells façam parte do mobiliário urbano sem afetá-lo.
As operadoras de serviços a cabo estruturam sua migração para uma arquitetura de acesso distribuído que permita a otimização do sistema de rede eheadendcom Remote MACPHY. Essa estratégia abre o caminho para a virtualização, orquestração e automatização, ao mesmo tempo em que oferece velocidades mais altas de modulações de ordem superior, entre outras importantes vantagens.
Wi-Fi 6 e além
Não há dúvida de que os serviços de conexão sem fio cresceram em importância durante o último ano, e as tecnologias Wi-Fi 6 e 6E são o passo seguintepara melhorar o rendimento e confiabilidade da rede doméstica.O Wi-Fi 6 (que se apresenta como uma opção complementar ao 5G) oferece maior capacidade e eficiência, razões pelas quais está se tornando uma necessidade para a indústria de comunicação. Eo Wi-Fi 6E permite velocidades mais rápidas ao mesmo tempo em que aceita o fornecimento de serviços deterministas e de baixa latência. No futuro, o Wi-Fi 7 oferecerá níveis ainda maiores de rendimento para seguir a evolução da rede de acesso e as demandas dos clientes.
Em um cenário de evoluções constantes, é fundamental contar com um provedor tecnológico de soluções e serviços que seja inovador, ao mesmo tempo em que se adapta às condições do mercado, proporcionando às empresa o apoio ideal na tomada de decisão.
*Hugo Ramos é CTO da CommScope para as regiões da América Latina e Caribe