Transação sem participação de instituições financeiras, a desintermediação é uma alternativa prática e econômica para dar suporte à saúde das empresas que tomam empréstimos bancários. Isso porque diminui a burocracia que envolve a conquista de linhas de crédito e mexe com as taxas de juros e com o spread do Brasil, um dos mais altos do mundo.

A partir da ideia central da desintermediação financeira, Rodrigo Dantas, CEO e fundador da Vindi, única plataforma de pagamento focada no faturamento de subscrição no Brasil, responde a quatro perguntas que ajudam a entender um pouco mais sobre esse modelo de negócio.

1. Desintermediação financeira já é uma realidade no Brasil?

Aqui a regulamentação bancária é bem fundamentada. Os bancos têm força e são regidos pelo Banco Central, que dá proteção caso algo saia dos trilhos, porém algumas iniciativas de startups já fazem uso dessa prática, mesmo que naturalmente. A inovação permite isso. Daqui para frente, muitos casos de desintermediação vão acontecer e vão se intensificar no Brasil. Estamos em um país muito propício para que fenômenos como esse ocorram.

2. Quais são as normas para operar dentro desse modelo?

A única norma a ser seguida é em relação ao Banco Central e ao COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). O BC vai precisar distribuir a responsabilidade para os agentes financeiros como bandeiras, emissores e adquirentes a fiscalizarem desintermediação bancária, subadquirência de pagamentos e outros meios. Sozinho vai ser difícil conseguir.

3. Existe risco com a sua utilização?

O risco é sistêmico e financeiro. As fintechs, startups de tecnologia financeira, podem ser um bom começo para se estudar o fenômeno. Já tivemos recentemente, casos de empresas atuando como agentes financeiros e quebrando em pouco tempo. Na prática o banco consegue, por meio dos órgãos reguladores, garantir a segurança do cliente caso ocorra algo mais crítico. Empresas que se propuserem a atuar nesse ambiente, sem serem regulamentadas, precisam saber do risco e do tamanho do problema, caso ocorra. Em contrapartida, é uma oportunidade para se criar empresas altamente inovadoras e com mais sinergia com o futuro: bancos digitais, por exemplo.

4. Como a desintermediação altera a relação entre investidores e tomadores no mercado financeiro?

Já tem startup financeira emprestando dinheiro mais barato do que bancos tradicionais por aqui. Grandes redes de franquias já fazem a subadquirência da própria rede. As relações serão mais horizontais: alguns bancos, por exemplo, podem cobrar o serviço de garantir empréstimos peer-to-peer em breve. Emprestar dinheiro pode ser, de fato, a primeira grande onda na desintermediação. Em alguns casos, ter um capital não precisa mais de um banco tradicional. Basta olhar para as fintechs brasileiras de um modo geral, pois metade delas têm cara e espírito de bancos digitais. Vai acontecer.

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