Os tempos modernos apresentam uma série de desafios para a organização de uma cidade, desde o crescimento acelerado da população até o aumento da ocorrência de desastres climáticos. Mas a tecnologia atual também oferece ferramentas para a criação de “cidades inteligentes”, especialmente com a Inteligência Artificial.

Durante o Futurecom 2024, a head de Competitividade do Centro de Liderança Pública, Carla Marinho, mediou o debate “O Uso Transformador da IA na Gestão Pública de Cidades Inteligentes”. Nele, a secretária de Gestão da cidade de São Paulo, Marcela Arruda, e o secretário adjunto de Transparência de Mogi das Cruzes, Marcelo Oliveira, apresentaram iniciativas recentes desses municípios que utilizam a IA analítica e generativa para melhorar os serviços prestados ao cidadão.

Quem também participou do debate foi Jamile Sabatini Marques, diretora de Inovação e Fomento da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), que fez uma análise sobre a importância dessas e de outras cidades brasileiras compartilharem dados e informações.

“Felizmente, o Brasil tem um ecossistema de inovação e troca entre colaboradores muito grande. Afinal, dados são bens comuns e devem ser usados pensando na coletividade, em promover mudanças e melhorar a gestão das nossas cidades. No setor público, precisamos capacitar o servidor e tirar o ‘medo’ dele com relação à IA, porque muitos se consideram ‘donos’ dos dados e não querem disponibilizá-los para integração. Mas uma economia baseada em dados é boa pra todos, e é justamente essa integração que fomenta o empreendedorismo e o desenvolvimento do país. É o que eu chamo de inteligência do coletivo”, explicou a diretora da ABES.

Iniciativas que já estão em prática em São Paulo

Mas para que tenhamos um avanço grande das cidades inteligentes no Brasil, é essencial a unificação das bases de dados. Isso porque, atualmente, muitos municípios e órgãos públicos trabalham com dados fragmentados, o que dificulta uma visão ampla e integrada dos desafios urbanos. Segundo a secretária municipal de Gestão de São Paulo, Marcela Arruda, a capital paulista já deu o primeiro passo nessa direção.

“Ainda sentimos falta de produtos mais concretos e que atendam especificidades do poder público, trazendo agilidade na tomada de decisão, por exemplo. Em São Paulo temos a política de ‘governo aberto’, o que significa que a nossa base de dados está à disposição do cidadão e de outras prefeituras e especialistas. Hoje já usamos esses dados para previsão de queimadas, câmeras de segurança e mobilidade urbana. Durante a pandemia, identificamos surtos de Covid-19 em bairros, por exemplo”, lembrou a secretária.

Já o secretário de Mogi, Marcelo Oliveira, explicou como as pequenas cidades, muitas vezes limitadas por orçamentos reduzidos, também podem se beneficiar da IA ao desenvolverem programas que atendam às suas necessidades específicas. O município no interior de São Paulo fez parcerias com instituições de ensino para mapear o bem-estar das crianças na primeira infância.

“Criamos um banco de dados e parcerias com instituições de ensino, e hoje eu diria que estamos num momento de descoberta e aprendizado. Temos, por exemplo, alertas da primeira infância, unindo secretarias de Educação, Saúde e Assistência Social para mapear crianças que possam estar em situação de vulnerabilidade. Criamos um laboratório de inovação voltado para a demanda pública, trabalhando também a inclusão dos cidadãos, já que antes de qualquer plataforma entrar no ar, abrimos pra população treinar sua usabilidade. Ainda fizemos este ano o primeiro ‘hackathon’ de Mogi das Cruzes, e o tema foi justamente a primeira infância. Foram criadas nove soluções tecnológicas para esse público, e oito delas envolviam Inteligência Artificial”, contou Marcelo Oliveira.

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