Edge computing, ou computação de borda, é a tecnologia que leva o processamento de dados para mais perto do local onde eles são gerados ou consumidos. 

Em vez de depender apenas de datacenters centralizados, ela distribui poder de processamento em “mini datacenters” espalhados pela rede, reduzindo a latência e melhorando a performance. Em um país continental como o Brasil, isso pode fazer toda a diferença.

Para entender mais sobre esse cenário conversamos com Rafael Hertel, country manager da Hostinger no Brasil.

Edge computing: mais eficiência fora dos grandes centros

Segundo Hertel, o edge computing tem um papel estratégico especialmente nas regiões afastadas dos grandes centros urbanos. 

Em suas palavras: “O edge computing é especialmente relevante em regiões em que há limitações de infraestrutura, como alta latência, conectividade instável ou grande distância física dos principais datacenters”.

Essa proximidade entre o usuário e o ponto de processamento se traduz diretamente em melhor desempenho de aplicações digitais. 

“Setores como e-commerce, saúde, educação digital e agronegócio têm ganhado muito com arquiteturas distribuídas, justamente porque dependem de tempo de resposta rápido, disponibilidade local e segurança de dados”, explica Hertel.

Infraestrutura ainda desigual, mas em evolução

Quando o assunto é infraestrutura, o Brasil ainda caminha para equilibrar o jogo. 

“Enquanto as capitais e regiões metropolitanas contam com boa conectividade e baixa latência, áreas menos densas ainda enfrentam desafios significativos”, destaca o executivo.

Hertel aponta que tecnologias como Contents Delivery Network (CDNs) com presença local já ajudam a contornar alguns desses gargalos: “Elas entregam conteúdo direto da borda, diminuindo o tempo de resposta para o usuário”.

Já em relação à energia, fator essencial para a operação de infraestrutura edge, ele vê um cenário misto: “Há estabilidade razoável nos principais polos, mas em regiões remotas isso pode impactar tanto o funcionamento de aplicações quanto a viabilidade de implantar infraestrutura edge mais avançada”.

No entanto, Hertel prevê novidades positivas. Ele diz que “com a expansão do 5G, da fibra e a interiorização de pontos de presença, esse cenário deve melhorar progressivamente”.

Edge computing: é uma realidade só para gigantes?

Embora o modelo mais completo de edge computing — com IA embarcada, processamento local e 5G privado — ainda seja um privilégio das grandes corporações e da indústria, Hertel lembra que pequenas e médias empresas também podem se beneficiar da lógica da borda.

“Na realidade das PMEs, o edge computing ainda não faz parte do dia a dia. No entanto, elas já conseguem se beneficiar por meio de tecnologias complementares, como CDNs modernas, edge caching e hospedagem distribuída”, explica. Essas soluções melhoram a performance de sites e aplicações, especialmente em regiões mais afastadas.

“Isso tem um impacto particularmente significativo, por exemplo, em sites de e-commerce e aplicativos SaaS, reduzindo as taxas de rejeição e o abandono de carrinho”, completa.

Edge, nuvem e 5G: integração estratégica

Muita gente ainda enxerga o edge como uma alternativa à nuvem. Mas, na prática, a relação é de complementaridade. 

“Enquanto a nuvem centraliza recursos para escalar, armazenar e orquestrar dados em grande volume, o edge entra para resolver latência, disponibilidade e processamento em tempo real”, resume Hertel.

E com o 5G privado entrando em cena, as possibilidades se ampliam. De acordo com o especialista, esse tipo de conexão “potencializa ainda mais essa arquitetura ao oferecer conectividade de baixa latência em ambientes controlados, como fábricas, hospitais ou universidades”.

Dentro desse contexto, a CDN integrada é uma peça chave na experiência do usuário. “Ela consegue entregar ganhos de até 40% em velocidade de carregamento, com servidores posicionados em locais estratégicos”, exemplifica Hertel.

Ele ainda destaca que, mesmo sendo usada principalmente para distribuir conteúdo estático, como imagens e scripts, a CDN “pode fazer parte de uma arquitetura de edge, especialmente na camada de entrega e experiência web”.

Edge computing como diferencial competitivo

Para Rafael Hertel, o maior ganho para empresas que adotam estratégias de borda está na entrega de uma experiência superior ao usuário. 

Ele exemplifica com a experiência de seu trabalho na Hostinger: “Levamos parte dos benefícios do edge — como resposta mais rápida e estabilidade geográfica — diretamente para os nossos clientes. Para eles, isso se traduz em um desempenho mais rápido e estável, não apenas no Brasil, mas também para seus clientes e públicos em todo o mundo.”

No fim das contas,o edge computing deixa de ser apenas uma tendência técnica e se consolida como diferencial competitivo, sobretudo em um Brasil que busca maior inclusão digital, integração territorial e presença mais inteligente nas pontas da rede.