A saúde digital utiliza tecnologias de informação e comunicação para aprimorar a prestação de serviços de saúde. Para que essas tecnologias, como registros eletrônicos e aplicativos, se comuniquem, é necessário o uso de padrões de interoperabilidade.

Quando os sistemas se tornam interoperáveis, eles agem como uma única unidade integrada, permitindo que dados de saúde fluam e se comuniquem perfeitamente entre si e com outros sistemas. Padrões como HL7, FHIR e DICOM são cruciais para essa troca segura e eficiente de informações.

Padrões e tecnologias de interoperabilidade

O Health Level Seven (HL7) é um conjunto de padrões internacionais que facilita a troca de dados clínicos e administrativos. Já o Fast Healthcare Interoperability Resources (FHIR), uma tecnologia mais recente desenvolvida pela HL7, simplifica a integração usando uma abordagem modular baseada em tecnologia web moderna, como explica Laís Zonta da Philips.

Para imagens médicas, o Digital Imaging and Communications in Medicine (DICOM) é o padrão internacional que garante a compatibilidade entre tomógrafos, ressonâncias magnéticas e sistemas de arquivamento (PACS).

Além dos padrões técnicos, a interoperabilidade semântica é crucial. Conforme Jussara Rotzsch, da SBIS, ela define como os dados clínicos são representados, utilizando terminologias como SNOMED CT, CID-10 e CID-11. A falta de padronização semântica dificulta a integração de dados e ainda é um desafio significativo no Brasil, apesar dos esforços para unificar conceitos.

Desafios e o cenário no Brasil

Para que a interoperabilidade se torne uma realidade, é preciso superar desafios como a compatibilidade entre sistemas antigos e novos. A fragmentação dos dados é um grande problema, dificultando a visão completa do paciente no SUS e em outros sistemas de saúde. Jussara Rotzsch ressalta que esse desafio é complexo, pois não é apenas tecnológico, mas também político e estratégico.

O Brasil tem avançado, com iniciativas como a adoção do FHIR na Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) e as mudanças no padrão TISS da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A interoperabilidade organizacional, que envolve o alinhamento de processos e políticas entre diferentes instituições, é um passo fundamental.

Segurança e intraoperabilidade

A cibersegurança é vital. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) orienta as organizações de saúde a protegerem os dados sensíveis, enquanto buscam meios de compartilhá-los de forma segura para melhorar o atendimento. Arthur Pereira Sabbat, da ANPD, destaca que o desafio está em conscientizar os diversos profissionais de saúde sobre a segurança e a privacidade dos dados.

Atualmente, o foco no Brasil ainda é a intraoperabilidade, ou seja, o compartilhamento de dados dentro de uma mesma instituição. Esse processo permite que hospitais e clínicas organizem suas informações internas e ganhem eficiência. Rogério Pires, da TOTVS, explica que essa organização interna é o primeiro passo para a tão desejada interoperabilidade entre outros sistemas e instituições de saúde.

Exemplo de sucesso no Hospital Moinhos de Vento

O Hospital Moinhos de Vento é um exemplo de como a interoperabilidade pode ser implementada. A instituição criou uma matriz de competências para avaliar fornecedores e investiu em uma plataforma low-code, o que permitiu uma implantação rápida.

Os benefícios já são visíveis, como a melhoria na qualidade do atendimento, maior eficiência operacional e a conformidade com a LGPD. O sucesso inicial demonstra que investir estrategicamente na integração de sistemas, utilizando soluções que podem se conectar com outros sistemas, é o caminho para um futuro mais integrado e eficiente na saúde digital.

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