Em qualquer segmento, a conectividade é um avanço tecnológico cada vez mais relevante: seja para elevar a rentabilidade, seja para levar maior agilidade às atividades. Dentro das operações do agronegócio não seria diferente.
No campo, a conectividade desempenha um papel fundamental na modernização e otimização das atividades agrícolas, permitindo a adoção de práticas mais eficientes, sustentáveis e lucrativas.
Mas, apesar das oportunidades, a oferta de conectividade ainda é vista por especialistas como um grande desafio, principalmente entre pequenos e médios produtores.
Para discutir a relação entre as muitas oportunidades e os vários desafios, a Agrishow Digital conversou com Alexandre Dal Forno, Diretor de Desenvolvimento de Mercado IoT & 5G da TIM Brasil, e Lucas Martins, Diretor da ConectarAGRO.
Internet no campo: grande habilitador da digitalização da agricultura
Cada vez mais necessária, a oferta de internet no campo desempenha um papel fundamental. Ela é uma grande mediadora da modernização das atividades agrícolas, levando otimização ao segmento.
“A conectividade rural permite a adoção de práticas agrícolas mais eficientes, sustentáveis e lucrativas. Com isso, há a democratização do acesso à informação, da geração de conhecimento, da troca de experiências, da aproximação do campo com as cidades”, diz.
Com opinião semelhante, Alexandre Dal Forno ressalta que a conectividade é o grande habilitador da digitalização da agricultura. “Ao utilizar um padrão global de rede 4G, colocamos à disposição do produtor a mesma rede disponível na cidade, valorizando a acessibilidade e a conectividade integrada”.
Assim, dentre as muitas possibilidades garantidas por uma conexão de internet de qualidade, se destacam:
- Maior capacidade de acesso a informações e conhecimento;
- Monitoramento e gerenciamento remoto;
- Dá luz à automação e controle de equipamentos;
- Garante o acesso ao comércio eletrônico e acesso a mercados específicos;
- Viabiliza a adoção de técnicas avançadas de agricultura de precisão
Em resumo, a conectividade no campo traz inúmeros benefícios, ajudando os agricultores a se manterem atualizados, tomarem decisões mais informadas, aumentarem a eficiência operacional e acessarem novos mercados.
Tudo isso contribui para a modernização e o desenvolvimento sustentável do setor agrícola.
Oportunidade relacionadas ao avanço da conectividade no campo
Segundo dados da ConectarAGRO mais de 70% das propriedades rurais no Brasil ainda não têm acesso à internet. Mas, mesmo assim, o agronegócio brasileiro já se consolidou como potência agroambiental no cenário mundial.
Ou seja, a “iluminação das áreas rurais” ainda sem conectividade certamente ajudará o Brasil a passar por grande transformação na forma de produzir no campo e criará novos paradigmas para o setor.
Para Dal Forno, da TIM, a conectividade ajudará o setor a conquistar uma série de oportunidades, tais como:
- Expandir a automação no agronegócio e explorar o uso de sensores conectados, que auxiliam no monitoramento de indicadores;
- Gerar e transmitir informações em tempo geral, a partir de computadores de bordo em máquinas agrícolas, para centrais de monitoramento das propriedades, reduzindo o tempo de resposta para tomadas de decisão.
- Otimizar o trabalho dos colaboradores, com mais rapidez para o fluxo de informações.
- Ajuda em ações de redução de uso de diesel e defensivos agrícolas, a partir da operação ainda mais precisa dos equipamentos.
Além dessas muitas oportunidades, Lucas Martins indica que outro aspecto muito importante é a questão social. “Conectar as pessoas traz uma série de benefícios, desde conseguir pagar uma conta até fazer um curso e treinamento, entre outras possibilidades”.
Apesar das oportunidades, alguns desafios merecem atenção
Como visto, a oferta de conectividade no campo gera muitas oportunidades. Mas para aproveitar delas, há vários desafios significativos que merecem atenção de produtores, empresas de tecnologia, associações e governantes.
Diante disso, Lucas Martins ressalta que alguns dos principais desafios incluem:
- Infraestrutura limitada: Segundo o diretor da ConectarAGRO, muitas áreas rurais carecem de infraestrutura adequada de telecomunicações, como torres de celular e cabos de fibra óptica. “Essa falta de infraestrutura dificulta a implantação de redes de banda larga e a oferta de conectividade confiável”, complementa.
- Cobertura geográfica: A oferta de conectividade em grandes áreas geográficas, caso das áreas rurais, pode ser caro e complexo, pois requer a instalação de infraestrutura em locais remotos e de difícil acesso.
- Custos elevados: Estender a conectividade em áreas rurais pode ser financeiramente desafiador. A baixa densidade populacional torna difícil para os provedores de serviços obter um retorno rápido do investimento. Além disso, a implantação de infraestrutura em áreas remotas pode ser cara, devido ao custo de instalação e manutenção.
- Barreiras regulatórias: Martins explica que algumas regiões têm regulamentações e políticas que dificultam a implantação de infraestrutura de conectividade no campo. “Isso pode atrasar ou dificultar o acesso a espectro de frequência, licenciamento e permissões necessárias para a instalação de torres de celular e outros equipamentos”, opina.
- Conscientização e adoção: Em algumas comunidades rurais, pode haver falta de conscientização sobre os benefícios da conectividade e da tecnologia digital. “Isso pode levar a uma baixa demanda por serviços de conectividade e dificultar a adoção, mesmo quando a infraestrutura está disponível”, complementa Martins.
Segundo o diretor da ConectarAGRO, esses desafios requerem abordagens criativas e colaborativas envolvendo governos, provedores de serviços de telecomunicações, empresas de tecnologia e comunidades locais. “Somente com a união de todos conseguiremos superar as barreiras e melhorar a conectividade no campo”, indica.
Os gargalos vão, aos poucos, sendo superados
Por muito tempo, a cobertura de internet nas áreas rurais era oriunda da rede já existente na divisa entre a cidade e o campo, ou próxima a comunidades ou rodovias. Por consequência, algumas propriedades rurais acabavam recebendo algum tipo de cobertura (2G, 3G ou até 4G) e se beneficiavam dele.
Mas, não existia um ambiente para levar a cobertura para áreas onde tinham apenas fazendas e plantações, com pessoas e máquinas trabalhando. Percebendo a existência desse ‘gargalo’ na vida dos produtores, Lucas Martins explica que um grupo de oito empresas se uniu para criar a ConectarAGRO.
“Essa é uma associação sem fins lucrativos que tem o intuito de fomentar a conectividade em áreas rurais e remotas do Brasil, adotando um modelo que leva informações para ajudar os produtores rurais a tomar a decisão de investir e trazer a conectividade para as propriedades”.
Desde 2020, a ConectarAGRO vem ajudando a levar conectividade para mais de 14,4 milhões de hectares de áreas rurais e remotas no Brasil, beneficiando cerca de 1,1 milhões de pessoas, 90 mil propriedades rurais cobertas, 525 cidades, 13 estados, 65 unidades básicas de saúde e 221 escolas públicas em áreas rurais.
“O objetivo da nossa associação é oferecer uma solução de conectividade aberta, simples e acessível - o 4G LTE, na frequência de 700 MHz”, complementa.
No entanto, todas as melhorias em conectividade necessitarão de investimentos do poder público e de parcerias com a iniciativa privada. Com isso, o agronegócio brasileiro continuará a avançar, mesmo em um cenário que já é amplamente favorável.
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