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Como as cidades inteligentes poderão ser úteis no cenário do "novo normal"

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Veja como a tecnologia das cidades inteligentes pode auxiliar na retomada das atividades, criando um "novo normal" eficiente para a população no pós-pandemia.

Diante da crise gerada pelo novo coronavírus, o conceito de cidades inteligentes pode ser a resposta para uma pergunta que não cala: como a tecnologia é capaz de agir para resolver ou evitar problemas desse tipo? 

Desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou como pandemia a propagação da Covid-19, o que se vê é uma corrida em busca de soluções e estratégias para barrar o avanço da doença e minimizar os danos — sanitários, sociais e econômicos.

Nesse cenário, a tecnologia é a grande protagonista de tudo que foi criado ou ainda está em desenvolvimento. Não há como negar que os avanços nas áreas de Inteligência Artificial, Big Data e Internet das Coisas contribuem para esse "novo normal" e tornam o dia a dia das pessoas um pouco menos caótico.

Leia mais: Panorama Smart Cities

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC), Paulo José Spacchaquerche, o desenvolvimento de aplicativos conectados permite a criação de soluções potencialmente integradas para diversos desafios.

"Esse ecossistema conectado de tecnologia vestível, dispositivos estáticos e aplicativos ajuda a coletar e processar dados vitais para a informática na área de saúde", relata.

Nesse sentido, as cidades inteligentes podem mostrar de maneira prática porque são a melhor saída para a retomada das atividades e para a construção de uma nova sociedade no pós-pandemia.

Recursos oferecidos pelas cidades inteligentes no enfrentamento ao coronavírus

Muito do que vemos hoje em relação a soluções urbanas nasceu como resposta a crises sanitárias. Exemplos disso são os sistemas de saneamento e padrões de ventilação e iluminação natural em ambientes fechados, criados no início do século XIX a partir das epidemias de tuberculose e varíola. 

Ainda hoje, dois séculos depois, a crise do coronavírus traz consigo o desenvolvimento de novos recursos, mais adequados ao momento e estilo de vida contemporâneo. Vejamos a seguir como algumas cidades inteligentes ao redor do mundo trabalham no enfrentamento à Covid-19.

Geolocalização

Barcelona, na Espanha, foi uma das pioneiras no desenvolvimento de soluções inovadoras voltadas à saúde e segurança da população. Entre os recursos disponíveis está um aplicativo baseado em geolocalização, que informa o grau de perigo de contágio em diversos pontos da cidade.

No entanto, o funcionamento correto depende de uma base de dados colaborativa, onde cada habitante precisa atualizar seu próprio status de localização e sintomas. Ou seja, é necessário contar com a consciência da população, que deve estar engajada na busca por melhorias.

Logística

A cidade de Atlanta, nos Estados Unidos, já é reconhecida por redefinir o conceito de smart city com a promoção da equidade entre os habitantes por meio da resiliência urbana. E, em tempos de pandemia, duas iniciativas mostraram como a tecnologia pode ser usada a favor da população.

Uma delas é o aplicativo Ourstreets, criado como um sistema colaborativo de informações de trânsito, mas que durante a pandemia passou a disponibilizar um banco de dados de supermercados que informa onde o consumidor pode encontrar itens que estão em falta.

A outra iniciativa é a Goodr, uma plataforma que faz a redistribuição de alimentos próximos do descarte para comunidades vulneráveis.

Nos dois casos, a importância da logística entre mobilidade e alimentação diante da necessidade de isolamento social é evidente. Com esse tipo de solução bem administrada, é possível garantir o sustento de muitas famílias em tempos de crise.

Em quais outras situações a tecnologia pode ajudar a população?

Nos dois exemplos, fica nítido o quão fundamental é a tecnologia diante da necessidade de adequação a um modelo social diferente. O que chamamos de "novo normal" nada mais é do que uma grande massa de pessoas buscando — e encontrando — saídas para driblar problemas e seguir com a rotina.

De acordo com Spacchaquerche, no Brasil, existem algumas soluções de Internet das Coisas e automação utilizadas no combate ao coronavírus que também podem ser úteis no pós-pandemia. São elas:

  • Canal/túnel de desinfecção;
  • Câmera com imagem de infravermelho para detecção de alta temperatura individual;
  • Câmera multi-imagem para detecção de altas temperaturas em grupos de pessoas;
  • Displays com solução de higienização de mãos.

O presidente da ABINC também fala da possibilidade de utilizar equipamentos com Ultraviolet Germicidal Irradiation (UVGI), que significa irradiação germicida ultravioleta, usada na higienização desde compras até malas de viagem.

"Tudo ainda está no início, pois são soluções recém construídas", explica.

Contudo, essas medidas de prevenção e higiene tendem a ser bastante úteis de agora em diante. Cada vez mais o cuidado com a saúde será levado em conta, principalmente para que se possa evitar a repetição de situações como as vividas atualmente.

Cidades inteligentes no Brasil: que lugares já caminham para a "nova era"?

Nas localidades que caminham para se tornarem cidades inteligentes, o momento é propício para implementar ferramentas e mostrar todo o potencial tecnológico desenvolvido até agora. 

Afinal, o "novo normal" passa a ser uma porta entreaberta, que convida à criação e demonstração de iniciativas com potencial, mas que aguardavam por uma situação mais oportuna.

No Brasil, além de projetos em desenvolvimento, como o da Smart City Laguna, localizada no distrito de Croatá, Ceará, há diversas iniciativas consolidadas, como a da Cidade Pedra Branca, que na verdade se trata de uma "cidade-bairro" situada em Palhoça, Santa Catarina.

Nos dois casos, o conceito de cidade inteligente se baseia em pilares como sistemas tecnológicos, recursos do ecossistema, ambiente urbanístico e pessoas. A partir desses quatro pontos-chave, se desenvolvem os demais aspectos que tornam esses lugares cidades inteligentes.

Porém, existem muitos outros exemplos de cidades inteligentes brasileiras que despontam na criação de soluções frente ao "novo normal" de que tanto se fala.

Em polos tecnológicos, como Florianópolis (SC), Campinas (SP) e Belo Horizonte (MG), há parcerias entre startups e poder público no desenvolvimento de sistemas para saúde, transporte e segurança da população.

Essas iniciativas, que são de grande valia atualmente, passarão a ser cada vez mais úteis conforme a sociedade se transforma e adapta a uma nova realidade.

A gestão pública nas cidades inteligentes brasileiras

O desenvolvimento planejado e baseado em tecnologia das cidades inteligentes coloca esses lugares em vantagem sob vários aspectos. Sobretudo diante de momentos de crise como o atual, viver em um lugar assim pode significar melhores condições para a população.

No entanto, é preciso pensar como números e dados impactam o dia a dia das pessoas de maneira prática. Ainda mais dentro de uma sociedade onde o acesso à informação não é linear e nem todos possuem os mesmos recursos para lidar com dispositivos eletrônicos.

Para o professor Marcos Alberto Martinelli, doutor em Ciência, Tecnologia e Sociedade, apesar de louváveis, as iniciativas de algumas cidades inteligentes brasileiras durante a pandemia não estão centradas no cidadão, mas nas necessidades dos gestores, que reconhecem a falta de estrutura de serviços como os de saúde, por exemplo.

Curitiba foi a primeira capital no Brasil a utilizar videoconsultas para atender pessoas com suspeita de Covid-19. Em Brasília, essa opção também foi oferecida à população. Em ambos os casos, as propostas visam evitar a sobrecarga dos hospitais, reduzindo o fluxo de pacientes e, assim, tentando frear a disseminação do coronavírus.

"Isso pode aumentar a sensação de segurança e conforto nos cidadãos, mas não seria esse o objetivo principal da ação", afirma Martinelli, que é autor do projeto Brasil 2030: Cidades Inteligentes e Humanas.

São Caetano do Sul, em São Paulo, também é considerada uma cidade inteligente. Martinelli destaca a iniciativa dos gestores públicos locais diante da pandemia de montar uma central para difundir orientações para a população.

"A ação é elogiável, porém, reforça a crítica de que, em países mais periféricos como o Brasil, as cidades inteligentes ainda são irrelevantes para a maioria da população urbana, que tem acesso limitado a serviços básicos, como água encanada e rede de esgoto", enfatiza.

De acordo com Martinelli, a Transformação Digital da sociedade urbanizada acontecerá com planejamento ou não. "Resta aos gestores públicos definirem estratégias adequadas às realidades locais, sem perder de vista as megatendências globais", completa.

"Defendo que as soluções devem ser pensadas para tornar a cidade inteligente e humana. O 'novo normal' é ter, portanto, mais compaixão pelos cidadãos. Precisamos de tecnologias sociais para melhor convivermos nas cidades", conclui o professor.

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