Vivemos a era da hiperconectividade. Casas inteligentes, cidades inteligentes, empresas guiadas por dados e um campo cada vez mais digitalizado. Mas, ao mesmo tempo em que isso amplia as possibilidades, também escancara portas para ameaças cibernéticas.
Para entender os desafios e caminhos possíveis, ouvimos a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que atua tanto na regulação como na articulação institucional da segurança digital no Brasil.
A seguir, destacamos os pontos levantados pela Agência. Acompanhe!
A segurança nas bordas: como IoT, edge e nuvem redesenham os riscos
A transformação digital descentralizou o processamento de dados. O que antes ficava restrito aos grandes datacenters, agora também acontece nas extremidades da rede — com sensores, câmeras, dispositivos de IoT e aplicações em edge computing.
“A infraestrutura digital vem se tornando cada vez mais distribuída. Essa mudança traz ganhos de eficiência, mas também amplia significativamente a superfície de exposição a riscos cibernéticos”, afirmou a Anatel.
Segundo a Agência, dispositivos inteligentes instalados nas bordas da rede, como os de IoT, costumam ter capacidades limitadas de atualização de segurança. Isso os torna alvos mais vulneráveis, e por mais tempo.
Já as redes híbridas, como as que combinam 5G privado com serviços em nuvem, demandam estratégias de defesa mais sofisticadas.
De acordo com a Anatel, entre elas, estão:
- Segmentação de rede;
- Autenticação multifator; e
- Monitoramento automatizado.
“A distribuição da infraestrutura exige um modelo de defesa mais granular e dinâmico”, explicou a Agência.
As tecnologias de proteção que estão moldando 2025
A Anatel destaca que Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning já são amplamente empregados na detecção de anomalias e resposta automatizada a incidentes. Com algoritmos capazes de aprender padrões, essas tecnologias ajudam a antecipar e reagir a invasões em tempo real.
Destaca-se ainda a consolidação da arquitetura Zero Trust, em que nenhum dispositivo ou usuário é confiável por padrão, mesmo dentro da rede corporativa.
“A validação contínua de identidade e o acesso contextual se tornaram fundamentais para ambientes empresariais modernos”, pontuou a Anatel.
Também entra no radar a segurança pós-quântica — tema que parece distante, mas que já preocupa governos e empresas. A Anatel revelou que há um movimento de preparação com novas soluções de criptografia e, inclusive, com o uso de blockchain para assegurar integridade e autenticidade dos dados.
Profissionais em falta, automação em alta
O déficit de especialistas em cibersegurança é um problema global, e o Brasil não escapa. Segundo a Anatel, é urgente investir em formação técnica, certificações e estratégias de retenção de talentos.
“A escassez de profissionais especializados é um desafio real. Por isso, promovemos parcerias com universidades e entidades de pesquisa em frentes como cibersegurança e inteligência artificial”, disse a Agência.
Enquanto isso, a automação surge como aliada. Plataformas inteligentes, com resposta automatizada e análise preditiva, podem aliviar parte da pressão sobre as equipes de segurança.
Depois dos ataques: regulação e vigilância mais maduras
Em um cenário de ataques cada vez mais sofisticados, a resposta regulatória também vem evoluindo. A Anatel afirma que, independentemente de eventos pontuais, há um amadurecimento progressivo das obrigações aplicadas aos setores críticos, como telecom, saúde e energia.
No setor de telecomunicações, a Anatel implementou o Regulamento de Segurança Cibernética (R-Ciber), que obriga:
- Notificação de incidentes;
- Planos de resposta; e
- Adoção de boas práticas de gestão de riscos.
“A atuação da Agência envolve ainda a certificação de equipamentos com foco em segurança e ações de higiene cibernética junto às prestadoras”, informou a entidade.
Uma cultura de segurança para além das fronteiras
Cibersegurança não é só tecnologia: é também cultura. E, para a Anatel, essa cultura precisa ser transversal, articulando diversos setores da economia e do governo.
“Buscamos atuar como indutores de uma cultura de cibersegurança no setor de telecomunicações e como articuladores junto a outros órgãos e entidades internacionais”, afirmou a Agência.
A missão, segundo a entidade, é garantir que a transformação digital da economia e da sociedade aconteça com resiliência, responsabilidade e confiança. Afinal, a conectividade está em tudo, e proteger essa base é proteger tudo o que dela depende.
No centro dessa equação, estão decisões estratégicas, políticas públicas, inovação tecnológica e formação de talentos. E, como reforça a Anatel, conectividade e confiança precisam caminhar juntas. Você está preparado?
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