A transformação digital não acontece apenas na superfície, exige uma infraestrutura robusta, segura e inteligente. No Futurecom, especialistas debateram como tecnologias emergentes, redes privadas e IA colaborativa estão redefinindo a conectividade B2B. Mas com essa evolução, surgem também novas ameaças: o crime cibernético se adapta e se expande, exigindo respostas à altura.
Durante o Futurecom 2025, os congressistas tiveram a oportunidade de acompanhar painéis e debates que especialistas que discutiram esses assuntos. Leia a seguir alguns destaques!
IA colaborativa, multiagentes e conectividade: um futuro distante?
O painel que reuniu: Rafael Araújo (Bradesco), Thiago Cardoso (Ifood), Daniela Binatti (Pismo), Pedro Prado (Doctoralia), Gustavo Araújo (Distrito), Rafael Siqueira (McKinsey), Aristides de Almeida Neto (John Deere), Rodrigo Assad (Claro) destacou como os sistemas de inteligência artificial vêm se tornando cada vez mais interconectados e capazes de trabalhar em rede.
O conceito de IA multiagente, no qual diferentes inteligências artificiais interagem entre si para resolver problemas de forma coordenada, foi apresentado como um passo essencial rumo a soluções mais complexas e eficientes, que vão desde a logística inteligente até o gerenciamento de crises climáticas. Os palestrantes ressaltaram que a colaboração entre máquinas pode acelerar processos, reduzir custos e abrir novos horizontes de inovação.
No entanto, o debate também trouxe à tona desafios éticos, regulatórios e de infraestrutura tecnológica. Ainda que os avanços apontem para um futuro em que a IA colaborativa será onipresente, há barreiras significativas relacionadas à segurança de dados, interoperabilidade de sistemas e confiabilidade das tomadas de decisão automatizadas. O consenso foi que, embora não seja um futuro tão distante, esse cenário exige investimentos robustos e uma governança global que garanta o equilíbrio entre conectividade, transparência e responsabilidade social.
Redes Privadas e Conectividade B2B
Durante a palestra os executivos discutiram o avanço das infraestruturas dedicadas como elemento estratégico para a digitalização de setores-chave da economia. Com o aumento da demanda por soluções seguras e de baixa latência, as redes privadas vêm sendo apresentadas como alternativa para indústrias, logística, saúde e finanças, oferecendo maior controle, confiabilidade e personalização frente às redes públicas. A tendência se conecta diretamente ao crescimento da Internet das Coisas industrial e à necessidade de ambientes mais resilientes para dados sensíveis.
Novas medidas anunciadas incluem parcerias entre operadoras de telecomunicações e provedores de tecnologia para ampliar a oferta de Private 5G no Brasil, além de iniciativas regulatórias que devem facilitar a implementação dessas soluções em larga escala. Segundo os palestrantes, a conectividade B2B tende a se tornar peça central no desenho dos ecossistemas digitais, garantindo eficiência operacional e abrindo espaço para modelos de negócio inovadores, especialmente em setores que exigem integração em tempo real entre múltiplos atores da cadeia produtiva.
Inovação de dentro para fora: tecnologias emergentes, redes, orquestrações e interface com o cliente
O painel “Inovação de dentro para fora: tecnologias emergentes, redes, orquestrações e interface com clientes” trouxe uma reflexão profunda sobre o verdadeiro significado da inovação corporativa. Os especialistas destacaram que inovação vai muito além da simples implementação de novas tecnologias, envolvendo uma mudança fundamental de mentalidade e rotinas organizacionais.
Renata Marques, CIO da Natura, enfatizou que “só é inovação o que gera impacto positivo”, defendendo o conceito de “humanware”, ou seja colocar o ser humano no centro do processo inovativo. Segundo ela, a chave está em simplificar a tecnologia para resolver problemas reais, priorizando criatividade e curiosidade como comportamentos essenciais no ambiente corporativo digital.
O debate também abordou a importância de uma abordagem humanizada da tecnologia, reconhecendo que soluções massivas nem sempre se adaptam adequadamente a diferentes culturas empresariais. Dorian Lacerda, CEO da NextCia e fundador da Abranet, trouxe uma perspectiva histórica lembrando que os 30 anos do Futurecom coincidiram com sua jornada como fundador do primeiro provedor de internet do Brasil. Ele destacou como essa trajetória resultou em uma verdadeira transformação cultural, onde a sociedade passou a aceitar e integrar a tecnologia no cotidiano.
O painel concluiu com a reflexão sobre o papel social da inovação, especialmente no desafio de levar conectividade a áreas remotas e despertar nas pessoas a consciência de que podem contribuir para criar um mundo melhor através da tecnologia.
A evolução do crime cibernético
O avanço do crime cibernético foi o tema central da palestra que reuniu especialistas em segurança digital e representantes do setor público. Os participantes Gesiléia Teles (Agência Nacional de Telecomunicações), Yago Oliveira Carvalho (Inatel), João Mauro (TGT) e Leandro Ludwig (Instituto Brasileiro de Cibersegurança) ressaltaram que ataques cada vez mais sofisticados, baseados em inteligência artificial e engenharia social, estão ampliando o alcance dos criminosos virtuais, afetando desde usuários comuns até grandes corporações e governos. Dados recentes mostram que o Brasil está entre os países mais visados da América Latina, com prejuízos milionários decorrentes de fraudes financeiras, sequestro de dados e invasões a sistemas críticos.
Para enfrentar esse cenário, foram apresentadas novas medidas de combate, incluindo a ampliação da cooperação internacional e o desenvolvimento de tecnologias de detecção em tempo real. Autoridades ressaltaram ainda a importância da educação digital como barreira contra golpes, aliada a políticas de incentivo para que empresas invistam em proteção avançada de dados. A criação de centros especializados em cibersegurança e a atualização das legislações também foram apontadas como passos fundamentais para frear a escalada do crime no ambiente digital.
O Future Congress ainda terá mais um dia de programação hoje, dia 2 de outubro. Data centers, inteligência artificial, infraestrutura e acessibilidade estão na agenda, siga acompanhando a cobertura oficial no Futurecom Digital.
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