Cada vez mais empresas sofrem com a falta de profissionais qualificados, ao mesmo tempo que aumentam a quantidade de informações para serem gerenciadas durante as tomadas de decisão. Mas como superar esse problema através do uso das novas tecnologias no setor industrial?
Esse foi justamente o assunto abordado durante o painel “Metaverso industrial: o futuro da tomada de decisões na gestão de ativos”, que foi realizado na Arena Future Talks durante o dia 19 de outubro, no Futurecom 2022.
Participaram da conversa Thiago Bajur, CEO da Arkmeds, e Fernando Cavalcante Venturoso, Engenheiro de Processos da MWM Motores Diesel, que apresentaram um caso prático de como a MWM está contornando esses problemas utilizando de gêmeos digitais e Realidade Aumentada dentro de um metaverso industrial.
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Uso de dados como motor para sistemas integrados e cloud
No início da palestra, Venturoso explicou sobre como as empresas usaram dados diversos para a primeira etapa, recebendo-os através dos comandos da máquina com as conexões sendo direcionados ao brownfield em sistemas integrados e cloud.
“No primeiro projeto, em 2018 e 2019, fizemos em uma máquina e começamos a coletar os dados. Conseguimos então expandir para 10 máquinas, em 60 eixos nas 24 horas por dia”, exemplificou o palestrante.
Comentando sobre como foi realizar tais tecnologias no processo, Bajur destacou que a ideia de integrar o conhecimento da Arkmeds com os processos da MWM surgiu após uma convergência de fatores que permitiram tal iniciativa.
“Um ponto interessante foi que nossa startup tinha um core de software, outro de hardware e outro de educação, e a gente viu que a Realidade Aumentada trazia resultado”, relembrou ele.
O especialista acrescentou: “No final de 2020 a MWM ganhou um prêmio de inovação, então conseguimos perceber o tempo que seria gasto para replicar em todas as máquinas. E foi nesse momento que percebemos que poderíamos desenvolver o que chamamos de metaverso das coisas.”
As principais etapas para a criação de um gêmeo digital
Prosseguindo em seu raciocínio, o CEO da Arkmeds relembrou que haviam bons profissionais e dados sendo gerados, porém os data lakes não estavam sendo utilizados da maneira ideal.
Bajur também destacou as principais etapas para a criação de um gêmeo digital, processo que considera primordial para o sucesso do caso apresentado.
“Para criar um gêmeo digital você precisa seguir quatro etapas. A primeira é criar uma representação 3D. Na segunda a gente começa a integrar com as informações do mundo real, os dados de manutenção, dados históricos, dados de IoT”, informou.
Ele acrescentou: “Onde realmente traz valor do futuro é no terceiro ponto, onde fazemos o modelo de como ele realmente vai funcionar, para então chegar no quarto ponto, onde o gêmeo digital está realmente conversando com você, apontando que você deve seguir X, Y e Z para poder evitar falhas.”
Segundo Bajur, “cada vez mais as empresas tentam controlar certificações de qualidade para cuidar dos ativos. Mas qual é o problema? A maior parte do conhecimento está na cabeça das pessoas.”
Correção de falhas e biblioteca virtual para gêmeos digitais
De acordo com ele, através do uso da tecnologia para tais informações é possível evitar ou corrigir falhas recorrentes em um tempo cada vez menor, o que gera maior produtividade e menos interrupções de processos automatizados.
“Digamos que uma máquina falhou, e o técnico leva cinco horas para descobrir o que deve ser feito. Na segunda vez, digamos, ele já sabe o que fazer, e gastará 20 minutos. E esse é um problema, essa informação está na cabeça do técnico e não foi espalhada para todas as pessoas. Então o que fizemos: criamos um gêmeo digital onde estão todos os ativos em um único local”, exemplificou o palestrante.
Bajur também destacou a implementação de interatividades programáveis, já que o sistema pode abrir links de sites e vídeos dentro da plataforma ou receber dados de IoT, tornando-a sempre atualizada.
O especialista reforçou ainda a importância do uso de uma biblioteca virtual e a manutenção da classe mundial, onde é possível ter todos os ativos em um só lugar, trazendo grandes progressos para o uso da ferramenta de gêmeo digital.
“Você pode pegar uma plataforma que já vem com uma base de ativos, como, por exemplo, um motor elétrico. Se eu estou utilizando os gêmeos públicos, o que estou fazendo? Estou compartilhando o data lake, ajudando a traçar os modelos dos gêmeos digitais de forma mais comunitária, que vai de encontro com uma tendência que poucas empresas estão conseguindo fazer que é a troca de benchmarks”, diz.
Assistente virtual como complemento agregador
Ao longo do painel, Bajur apresentou Mark, o assistente virtual criado pela Arkmeds para facilitar o uso do gêmeo digital no metaverso industrial pela MWM.
O especialista destacou que é possível criar diferentes configurações que trabalhem com as especificações da atuação fabril de cada empresa, gerando valor e tornando os processos mais produtivos e simplificados. Ele comentou:
“Cada um dos operadores e técnicos de maneira geral tem um feed, e à medida que a pessoa segue esses ativos, ou normas, podemos criar por exemplo o token de uma NR13, ela vai tendo um aprendizado contínuo, e então todos ficarão sabendo daquele ponto que ajudará no processo. E isso é que é interessante, trabalhar de forma colaborativa. As pessoas podem trocar informações.”
O representante da Arkmeds também revelou que o assistente pode ser programado para fazer busca em perguntas e respostas e integrar dados de outros locais, o que pode trazer soluções mais rápidas em eventuais problemas técnicos.
“Imagina só, a linha de produção parou e está todo mundo tenso. Você vai dar o check no QR Code, vai ver todas as informações, e o Mark vai buscar o que foi feito para solucionar na última vez em que esse problema ocorreu”, exemplifica.
Como conectar ativos reais com seus gêmeos digitais?
Mas, afinal, de que forma é possível integrar os ativos e processos reais com os gêmeos digitais? De acordo com Bajur, isso é feito com monitoramento em tempo real e o assistente virtual, que pode fornecer as principais instruções operacionais.
Ele comenta que já existem modelos que geram detecção de movimentos. Como exemplo, o especialista citou um protótipo que identificava pessoas na fábrica, as desenhava e mostrava onde os colaboradores estavam pelo gêmeo digital.
Ao longo do painel, os palestrantes também observaram que o gêmeo digital pode substituir os materiais gráficos, como manuais, já que ele evolui e se atualiza com o tempo, diferente de materiais que precisam ser atualizados e reimpressos.
“As empresas já estão trabalhando mais para melhorar a forma como as pessoas trabalham com o sistema. Uma tendência da indústria 5.0 é colocar o humano no centro, e é isso que a gente quer colocar nessa tecnologia”, finalizou Bajur.
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