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Satélite-Celular: comunicação direta é uma nova tendência?

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Presidente do SINDISAT, Fábio Alencar falou com o Futurecom Digital sobre as novidades da conexão celular via satélite. Leia neste artigo!

Criado pela então União Soviética em 1957, o Sputnik 1 foi o primeiro satélite artificial da Terra a ser lançado em órbita. Desde então, o desenvolvimento e exploração desses equipamentos só cresceu, trazendo importantes avanços para as telecomunicações globais.

Agora, enquanto novas tecnologias como o 5G e o Wi-Fi 6 avançam, cresce também o número de satélites voltados para a comunicação celular. A ideia é minimizar a dependência das antenas e oferecer mais alternativas de conexão.

Para compreendermos mais sobre como essa tecnologia pode auxiliar a população e a telecomunicação, conversamos com Fábio Alencar, presidente do SINDISAT – Sindicato Nacional das Empresas de Telecomunicações por Satélite.

Confira as opiniões do especialista sobre o tema abaixo!

Como funciona a comunicação direta do satélite para celular?

Segundo Alencar, existem atualmente duas formas distintas de operar no chamado celular direto ao satélite.

"A primeira é a que permite 'embarcar' nos aparelhos de telefonia móvel a tecnologia necessária para utilizar os satélites tradicionais de comunicações móveis, como os da Iridium e da Globalstar", comenta ele.

O especialista prossegue: "Neste caso os satélites, e consequentemente toda a infraestrutura de terra, foram projetados para operarem com aparelhos telefônicos móveis especialmente desenhados para esta constelação."

Ainda segundo o representante da SINDISAT, "simplificadamente, significa que precisavam operar na banda de frequência reservada ao satélite, tipicamente a banda L (em torno de 1GHz), e precisavam de antenas especiais com mais potência do que as que podemos instalar num aparelho típico de 4G e 5G. Este é o caso da Apple usando a rede da Globalstar."

Destacando as vantagens desse método, Alencar aponta o fato de que tais satélites "já estão em operação, e, portanto, já existe toda uma infraestrutura de terra para suportar a comunicação com estes satélites."

Porém, Alencar ressalta que há desvantagens nesta opção, como o fato de que "o sistema irá suportar menores capacidades de banda e potência, pois os satélites não foram projetados para operarem com estes terminais.”

Segundo Alencar, “suas antenas de recepção não são tão eficientes que permitam aos aparelhos celulares padrão uma comunicação para além de dados de baixa velocidade, como os serviços de IoT de emergência."

Falando sobre a outra opção, o presidente da SINDISAT destaca que ela "permite a qualquer aparelho celular compatível com a tecnologia da rede terrestre ser utilizado através de repetição via satélite de uma forma bem transparente ao usuário do aparelho."

Nas palavras de Alencar, neste método "as constelações são projetadas para operar nas mesmas faixas que as redes terrestres e os satélites apresentam antenas maiores, com ganhos suficientes para reduzirem a necessidade de potência dos aparelhos móveis conectados a eles."

Ele detalha, explicando que "a vantagem é que podemos ampliar a variedade e qualidade dos serviços, permitindo desde sistemas que suportam apenas dados de baixa velocidade (IoT por exemplo) até sistemas que suportam serviços mais demandantes em banda, como dados em banda larga ou simplesmente voz."

Sobre os desafios desta segunda opção, Alencar diz que um dos obstáculos "é viabilizar tecnicamente a solução e o desafio do custo de lançamento e operação da nova constelação satélite, sem outras receitas pré-existentes e baseada apenas neste novo serviço de comunicação direta Satélite-Celular."

Outro ponto de atenção observado por ele é o fato de que esta modalidade "tem ainda o desafio de ser uma tecnologia pioneira, ainda não provada em operação, e que irá competir com a expansão das redes terrestres para as áreas de menor densidade demográfica.”

Para ele, ainda “não está clara nem a viabilidade técnica nem econômica da solução”, o que demonstra que avanços ainda precisam ocorrer no setor.

As aplicações da conexão via satélite para celulares

De acordo com Alencar, "existem ainda possibilidades de integração desta solução em sistemas de baixa órbita já suportando outros serviços como a própria banda larga, mas esta alternativa não difere muito das constelações dedicadas pois de qualquer forma esta solução teria que ser suportada por uma carga útil do satélite (payload) distinta da carga útil que suporta a banda larga e portanto teria que se viabilizar de forma independente da outra."

Ainda segundo ele, "dependendo da constelação, com base na sua solução de tecnologia e seu modelo de negócio, a conexão satélite poderá suportar desde apenas dados em baixa velocidade até serviços completos de dados em voz em 4G e 5G."

As diferenças da conexão satelital e terrestre

Pedimos ao presidente do SINDISAT que nos falasse mais sobre as diferenças entre as conexões celulares via satélite e via terrestre. 

Alencar diz que "do ponto de vista do usuário e dependendo da solução adotada as diferenças podem variar muito, mas em princípio a grande vantagem da solução via satélite é ampliar a cobertura praticamente a todo e qualquer local do planeta."

Ainda na visão de nosso entrevistado, "a conexão terrestre deveria apresentar uma capacidade maior de transmissão e menor latência, mas na prática isso dependerá muito de cada caso e de cada aplicação."

Ele continua: "Mais uma vez, do ponto de vista do usuário, uma vez que a aplicação seja suportada pelo aparelho, sendo ela IoT, dados de emergência ou voz, a solução como um todo deverá operar de forma praticamente transparente à operação normal do aparelho, e o usuário deverá poder vivenciar a mesma 'experiência' seja usando a transmissão via satélite seja via rede terrestre."

Novos investimentos na conexão mobile e satélite

Alencar também falou sobre os casos de conexão celular via satélite que já estão sendo realizados hoje. 

"Além do famoso caso da Apple, temos soluções também em desenvolvimento pela Samsung (Exynos modems), Huawei (a série 'Mate 50', lançada ano passado, mas ainda limitada à China), e uma parceria da Starlink com T-Mobile, baseado na plataforma de segunda geração do sistema Starlink e que já está sendo lançada este ano", enumera. 

Porém, para Alencar, "todos estes serviços devem operar no modelo de oferta do mínimo de conectividade."

Ele complementa: "Neste modelo, alguns dos fabricantes tradicionais de 5G, estão investindo no desenvolvimento de sistemas em 6G onde já incorporam uma especificação para os sistemas via satélite de forma que seja viável a padronização destas soluções."

O especialista fala ainda de outros investimentos que têm sido realizados, estes partindo de sistemas via satélite desenvolvidos do zero e com tecnologia embarcada projetada especificamente para esta aplicação.

"Seriam por exemplo os sistemas da AST Space Mobile, que já anunciou testes e demonstrações com operadoras celulares em diversas regiões do planeta, e a Sateliot, com uma solução específica para IoT 5G e promete trials ainda para 2023."

Por fim, Alencar afirma que "além dos sistemas via satélite, concorrem no mesmo segment sistemas baseados em aeronaves não tripuladas, genericamente denominados de HAPS (High Altitude Platform Systems), que, operando numa altitude acima de 60.000 fts, podem carregar carga útil similar às carregadas pelos satélites e permitir a comunicação direta com os aparelhos móveis em terra."

Ele explica que "empresas como a Airbus e a SPL estão investindo em plataformas deste tipo e contam com o apoio de algumas importantes operadoras móveis tradicionais."

O entrevistado conclui citando outros exemplos que podem surgir em breve para a população e empresas de telecomunicação: "As soluções de backhaul via satélite para os eNode B existentes e futuros, seguem evoluindo e devem expandir muito sua aplicação no futuro, seja em 4G ou 5G e via satélites GEO, MEO ou LEO."

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