O impacto gerado pela pandemia do coronavírus afetou de diversas formas as empresas, não só no contexto brasileiro, mas global. Entre os principais efeitos causados pelo COVID-19 e a aplicação das medidas restritivas, foi a adoção em massa de ferramentas tecnológicas como forma de auxiliar as companhias com relação às necessidades do mercado. No setor industrial, este processo não aconteceu de maneira diferente. A tecnologia tornou-se peça fundamental para atravessar este momento e grande parte desta rotina deverá se perpetuar para o futuro da indústria.
De certo modo, praticamente todas as tomadas de decisão passaram a ter como componente a pandemia, seja na segurança dos funcionários, na nova capacidade produtiva, bem como no futuro do mercado. Esta necessidade constante de “reprogramar” o negócio, imposta por este novo cenário, sugere uma tomada de decisão mais rápida, baseada em números e com maior componente analítico.
Para que isso seja possível, a tecnologia se torna essencial para o desenvolvimento de soluções inovadoras e para melhorar a comunicação entre as equipes. Neste momento, o home office, por exemplo, é peça chave para garantir que parte do setor continue operando de modo quase contínuo, sem rupturas em relação à forma como era feito anteriormente.
Principais desafios de gerir a produção durante a pandemia
É claro que vemos esta transformação digital com bons olhos, mas, até chegarmos neste patamar, os desafios trazidos pela pandemia foram inúmeros e as indústrias precisaram lidar com cada um deles, apoiadas pela tecnologia. Neste contexto, é preciso atentar-se em especial a algumas questões, são elas: cuidar das pessoas e manter a moral da equipe elevada - mesmo sabendo que o ambiente econômico não era o ideal -, readequar a capacidade de produção, adequar as atividades aos novos protocolos, obter mais flexibilidade em relação ao que produzir e adaptar a rotina de trabalho ao home office. Além disso, é necessário manter o nível adequado de matéria-prima e materiais intermediários, ajustar as equipes para o novo cenário de produção, manter o olhar no cenário futuro para compreender o momento certo da retomada e buscar aumentar o alinhamento entre a cadeia produtiva, comercial, planejamento e produção.
Neste contexto, as empresas que já contavam com um processo de transformação digital em um nível de maturidade mais avançado e com pessoas preparadas para decisões analíticas, certamente, saíram na frente, tanto para continuar a operar remotamente, como para tomada de decisões mais rápidas e manter todos os times alinhados na comunicação. À medida que o negócio precisa se tornar mais competitivo, tudo isso necessita da tecnologia para apoiar as decisões e garantir o suporte necessário para as operações envolvidas.
Tendências para o futuro no setor industrial
A indústria tem um ciclo longo de investimentos e, por conta disto, as transformações ainda estão por vir no que se refere aos processos fabris. Este avanço deve se estender ao longo dos anos em um ritmo ainda maior do que se não houvesse a pandemia, motivado, principalmente, pela transformação digital. Neste sentido, a digitalização aparece como a principal tendência entre as indústrias. Entretanto, o que diferencia cada companhia no que se refere ao desenvolvimento é a intensidade e a maneira como cada uma delas incorpora estes avanços.
Com o surgimento da pandemia, as pessoas buscaram apoio nas ferramentas digitais, não só pelo papel que desempenham no trabalho, mas pela experiência que tiveram durante este período. Isto tem sido refletido dentro das empresas e deve continuar ao longo dos próximos anos. Estar atento às mudanças dos clientes e do mercado e se planejar para este novo cenário é a melhor forma de adaptar seus produtos e serviços, bem como aplicar a alternativa que melhor se encaixa no contexto da empresa. Algumas, por exemplo, incorporarão apenas o home office, outras partirão para o comércio eletrônico, enquanto as demais terão que pivotar e encontrar outro nicho de mercado.
Todos estes ingredientes apontam para um avanço ainda mais veloz em direção ao conceito de “Industria 4.0”, não só por ter percebido a importância da tecnologia para o desenvolvimento dos negócios, mas porque as pessoas se tornaram mais digitais e optaram por este caminho. Ao contrário do que se pensa, a transformação digital não é somente a soma dos softwares utilizados por uma corporação, mas, sim, a mentalidade com que o negócio é conduzido. Portanto, quanto mais preparada a empresa estiver para esta transformação, maiores serão suas chances no futuro.
* Walter Sanches é Diretor de TI e Planejamento da Termomecanica São Paulo S.A., empresa líder na transformação de cobre e suas ligas.