Na segunda entrevista de nossa série especial com mulheres inspiradoras do setor tecnológico brasileiro, tivemos uma importante conversa com Claudia Marquesani, que atua hoje como CIO da Copa Energia.

Ao longo deste bate-papo, a especialista relembrou sua carreira até aqui, destacando os obstáculos que superou e os objetivos que alcançou com base na dedicação, profissionalismo e força de vontade.

Continue lendo a seguir e veja mais sobre a história de vida desta incrível profissional do segmento!

Quem é Claudia Marquesani?

“Sou uma mulher movida a desafios e transformações. Nascida em uma cidade pequena, filha de pais sem ensino fundamental completo, sempre acreditei que o estudo e o trabalho árduo poderiam mudar minha trajetória. 

Minha paixão por tecnologia nasceu do inesperado – um curso técnico que me abriu portas para um mundo novo. Desde então, trilhei um caminho que me levou a ocupar cadeiras executivas em grandes empresas, ao mesmo tempo em que equilibrei as responsabilidades de ser mãe, esposa e pesquisadora. 

Hoje, além de CIO, sou uma entusiasta da equidade de gênero na TI e Inteligência Artificial, e acredito que compartilhar conhecimento pode inspirar outras mulheres a transformarem suas realidades.”

Como é um dia de CIO na Copa Energia?

“Ser CIO é atuar na interseção entre tecnologia, estratégia e negócios. Meu dia começa cedo e é repleto de decisões importantes, desde a implementação de novas tecnologias até a gestão de times e inovação digital. 

Lidero equipes, resolvo desafios técnicos e penso em como a tecnologia pode impulsionar os resultados da empresa. Mas, acima de tudo, sou uma facilitadora: conecto pessoas, crio oportunidades e incentivo minha equipe a pensar além do convencional. 

Tecnologia não é só sobre sistemas, mas sobre o impacto que podemos gerar na vida das pessoas, dos negócios e da sociedade.”

Trajetória: o que te levou ao setor de tecnologia?

“Minha relação com a tecnologia começou quase por acaso. Tendo crescido rodeada por motores e engrenagens na oficina do meu pai, ali eu desenvolvi uma mentalidade analítica e curiosa para questões técnicas.  Foi quando um colégio técnico visitou minha escola e falou sobre cursos de informática. 

Sem nunca ter visto um computador antes, senti que aquela era minha chance de construir uma carreira ‘na cidade grande’. Insisti, fiz a prova e fui aprovada. Comecei minha carreira com 18 anos, como técnica de campo, na antiga Brahma. Foi assim que continuei na tecnologia, onde passei por grandes organizações como AmBev, IBM, Santander e Petz. Me apaixonei pelo setor e nunca mais saí. 

Não foi fácil – enfrentei desafios, preconceitos e tive que provar minha competência inúmeras vezes. Agora uma curiosidade: trabalhar com tecnologia nunca foi meu sonho. Eu desejava mesmo era ser jornalista. Porém, no dia do vestibular, estava no velório da minha mãe, e eu tinha apenas 16 anos. Com isso o sonho foi adiado, mas não esquecido. 

Cada obstáculo me fortaleceu e me trouxe até aqui. Como acredito que nossas aspirações sempre devem ser resgatadas, hoje estou no meu 6º semestre da graduação de jornalismo, realizando meu sonho do passado.”

Como você enfrentou e enfrenta os desafios da sua carreira?

“Acredito que os desafios são oportunidades de crescimento. No início da minha carreira, fui impedida de estagiar em uma grande indústria simplesmente por ser mulher (naquela época essas coisas eram ditas às claras). Em reuniões, precisei lutar para ser ouvida em um ambiente completamente masculino. 

A maternidade também trouxe desafios: equilibrei viagens, projetos e noites sem dormir com a criação dos meus filhos. Tive que fazer muitas escolhas, perder alguns momentos, abdicar de situações. Pensei em desistir inúmeras vezes. Porém, sempre que me senti sobrecarregada, me lembrei do propósito maior – fazer o que gosto e abrir caminhos para outras mulheres na tecnologia

Hoje, sempre que enfrento um obstáculo, pergunto a mim mesma: ‘Como posso transformar isso em aprendizado para mim e para os outros?’. Persistência, resiliência e rede de apoio foram fundamentais para minha trajetória.”

Quais qualidades te levaram ao sucesso?

“Persistência, resiliência, curiosidade e liderança. A resiliência me manteve firme mesmo diante das dificuldades. A curiosidade me fez buscar aprendizado constante, entender novas tecnologias e expandir minhas possibilidades. 

A liderança me ensinou que grandes mudanças não são feitas sozinhas – é preciso inspirar e capacitar outras pessoas pelo caminho. E finalmente a persistência, que mesmo diante de possíveis fracassos (e eles acontecem e são muitos!), não nos deixa desistir. 

Aprendi também que ser estratégica é transformar desafios em oportunidades de negócio. Mas, acima de tudo, aprendi que o sucesso vem de maneira natural, quando somos fieis aos nossos valores e propósitos.”

Liderança: que dicas você daria para novas profissionais de tecnologia?

“Se eu pudesse voltar no tempo, diria para a jovem Claudia – e para todas as mulheres que estão começando na TI – três coisas:

  1. Não deixe ninguém definir seu limite. Se disserem que tecnologia não é para mulheres, prove o contrário. O espaço é seu tanto quanto de qualquer outra pessoa. Competência não tem gênero.
  2. Busque uma rede de apoio. Sozinha, a jornada é mais difícil. Conecte-se com outras mulheres, aprenda com suas experiências e ofereça suporte sempre que puder. O grupo MCIO e MCIO do futuro (mulheres CIOs) é um exemplo de um desses grupos de suporte. 
  3. Seja protagonista da sua história. Você não precisa ser perfeita para ser bem-sucedida. Você só precisa ser persistente, aberta ao aprendizado e corajosa para seguir seus sonhos.

A tecnologia precisa de mais mulheres. As empresas precisam de mais mulheres. O mundo precisa de mais mulheres inovando, liderando e transformando realidades. Então, se você está na tecnologia ou pensa em entrar, saiba que há um espaço esperando por você – e que juntas, podemos mudar o jogo.”

Se você gostou de conhecer mais da trajetória de Claudia Marquesani, aproveite e conheça a MCIO Brasil, parceiras de apoio à diversidade e inclusão social do Futurecom.