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5G para áreas remotas: o cenário esquecido

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As redes 5G prometem revolucionar o modo como utilizamos as redes móveis, com a inclusão de um grande número de serviços jamais vistos em nenhuma outra rede de comunicações.

O aumento de vazão, redução de latência e inúmeras conexões de dispositivos e máquinas permitirão novas experiências para os usuários, como realidade virtual e realidade aumentada, além do uso das redes móveis para sistemas de controle industriais, Internet das Coisas e sistemas de segurança ativos em automóveis.

Mas todos esses avanços apontam para o uso de frequências mais altas, as chamadas ondas milimétricas, e a redução do raio da célula, com o respectivo aumento do número de estações radiobase. Essa abordagem vai na contramão das necessidades de conectividade no campo, onde a baixa densidade populacional requer um aumento do raio de cobertura para garantir o atendimento a um número mínimo de assinantes necessários para manter a rede. Além disso, o custo da implantação e operação da rede em áreas remotas e rurais precisa ser reduzido e o licenciamento de frequências é uma barreira econômica relevante.

Os benefícios e aplicações de uma rede 5G para áreas remotas abrangem tanto setores sociais quanto econômicos. A oferta de uma rede móvel de qualidade em áreas remotas pode levar à verdadeira oferta universal à informação, trazendo milhões de pessoas para a era digital.

O fim da segregação digital entre cidade e campo pode melhorar a educação daqueles que vivem longe dos centros urbanos, reduzir a migração do campo para a cidade e elevar a qualidade de vida nestas regiões. Do ponto de vista econômico, o primeiro benefício é o acesso a uma quantidade razoável de assinantes, que hoje estão fora do portfólio de clientes das operadoras. Além disso, a rede móvel em áreas rurais e remotas pode viabilizar o uso de sistemas autônomos nos processos agropecuários, resultando nas chamadas Smart Farms.

Sensores de solo podem analisar a demandas das plantações por água e adubos, permitindo o uso mais eficiente destes insumos, reduzindo os custos e aumentando a produtividade. Sensores de sinais biológicos em gado podem informar sobre a saúde dos animais e detectar casos de febre aftosa de forma precoce, reduzindo a probabilidade de embargos na exportação de carne. Esta mesma rede pode ser responsável por prover cobertura rodoviária de qualidade em grandes áreas, algo essencial em um cenário onde os carros autônomos se mostram cada vez mais promissores.

Para viabilizar essas aplicações e abrir novas oportunidades para os atores do mercado de telecomunicações, as redes 5G para áreas remotas devem atender a requisitos bem diversos daqueles vistos nos demais cenários. O primeiro é a área de cobertura e a vazão. Para ter sucesso comercial, o raio de cobertura desta rede deve ser de pelo menos 50 km e as taxas de dados na borda desta célula deve ser de pelo menos 100 Mbps. Essa rede deve operar em frequências abaixo de 1 GHz, para que a cobertura e penetração sejam adequadas. O uso do espectro de TV ocioso em áreas remotas é uma possibilidade interessante, dado que a presença de emissoras de TV em áreas afastadas é escassa. O uso da tecnologia de rádio cognitivo pode ser o grande diferencial para viabilizar este importante modo de operação.

Essas possibilidades estão sendo pesquisadas no Brasil e na Europa, onde o projeto 5G-RANGE, executado por instituições de ambos os lados do Atlântico no âmbito da 4ª chamada coordenada Brasil-Europa, é o maior expoente. Espera-se que esse os resultados obtidos por esta iniciativa coloquem o Brasil como um país desenvolvedor de soluções de ponta na área de comunicações móveis, com influência nas atividades de padronização das futuras versões das redes 5G. Afinal, ao atender as demandas do campo por conectividade, estaremos resolvendo os problemas não só do Brasil, mas de uma grande parcela de países que possuem grandes extensões territoriais sem cobertura. 

* Por Luciano Leonel Mendes, colunista da Futurecom Digital e coordenador de Pesquisa do Centro de Referência em Raciocomunicações do Inatel. 
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