A transformação digital está diretamente ligada ao aumento da demanda por infraestrutura tecnológica robusta. No entanto, o crescimento acelerado do consumo de energia e a geração de resíduos eletrônicos têm despertado um alerta global: como expandir a tecnologia sem comprometer o meio ambiente?
É nesse contexto que o conceito de TI verde se desenvolve. Trata-se de uma abordagem que busca reduzir o impacto ambiental por meio de práticas sustentáveis aplicadas à tecnologia da informação, principalmente em data centers, que são responsáveis por grande parte do consumo energético mundial.
Segundo a Agência Internacional de Energia, os data centers consomem cerca de 1% de toda a energia elétrica produzida no planeta. Com a expansão da Inteligência Artificial, do 5G e da Internet das Coisas (IoT), a tendência é que essa demanda aumente.
Assim, diferentes empresas têm investido em eficiência energética, energia limpa e inovação tecnológica para transformar os seus processos digitais em aliados da sustentabilidade. Confira como essas ações estão sendo feitas ao longo deste conteúdo!
TI verde: conceito e importância para a infraestrutura digital
De acordo com Fernando Jaeger, diretor financeiro e de novos negócios da ODATA, a TI verde é mais do que uma tendência, é uma necessidade estratégica para os negócios contemporâneos.
“A TI Verde é um conjunto de práticas e tecnologias que buscam reduzir o impacto ambiental da área de tecnologia. Isso inclui desde a eficiência energética dos equipamentos e o uso de fontes renováveis, até sistemas de resfriamento sustentáveis e a gestão responsável de resíduos eletrônicos”, explica o especialista.
O conceito abrange todas as etapas do ciclo de vida dos equipamentos e serviços de TI, desde a produção e operação até o descarte final.
Entre os principais pilares estão a redução do consumo de energia, o uso racional de recursos naturais, a adoção de energias limpas e o incentivo à economia circular, como a reciclagem de hardware e a reutilização de componentes.
Para as empresas que operam com grandes volumes de dados, como as provedoras de serviços em nuvem, adotar práticas sustentáveis é também uma questão de competitividade.
Cabe lembrar que a pressão regulatória e a demanda dos consumidores por marcas comprometidas com o meio ambiente estão acelerando essa transição.
Energia renovável como base da sustentabilidade para data centers
Um dos maiores desafios para tornar a infraestrutura digital mais sustentável é a eficiência energética. O consumo elevado de energia dos data centers está diretamente ligado à operação constante de servidores e aos sistemas de refrigeração necessários para evitar superaquecimento.
Alguns data centers hyperscale no Brasil estão adotando estratégias para autoproduzir toda a energia que consomem a partir de fontes renováveis, como parques eólicos e solares.
Jaegger afirma que essa abordagem garante maior autonomia energética e contribui diretamente para metas globais de sustentabilidade, reduzindo a emissão de carbono.
Além dos benefícios ambientais, a geração própria de energia traz vantagens econômicas, como maior previsibilidade nos custos e proteção contra oscilações no preço da eletricidade — fatores essenciais para operações de grande porte e alta demanda.
Resfriamento inteligente: inovação para reduzir o impacto ambiental dos data centers
Na busca por data centers mais sustentáveis, uma solução das mais promissoras é o resfriamento. Tradicionalmente, esses sistemas consomem quase metade da energia de uma instalação, representando um gargalo para a eficiência energética.
Para enfrentar esse desafio, as empresas estão apostando na integração com sistemas avançados de resfriamento líquido.
No entendimento de Jaegger, com isso, torna-se possível operar em alta performance, reduzindo o consumo energético e minimizando o uso de recursos naturais.
Essa abordagem combina tecnologia de ponta com práticas de TI verde, contribuindo diretamente para a redução do impacto ambiental do setor.
Descarte responsável e economia circular
A sustentabilidade digital também passa pelo ciclo de vida dos equipamentos. Computadores, servidores e outros dispositivos precisam de destinação correta quando deixam de ser utilizados. O descarte inadequado pode liberar substâncias tóxicas, como chumbo e mercúrio, prejudicando o solo e a água.
Segundo Jaeger, muitas empresas estão estruturando programas de logística reversa para reaproveitar componentes ou destiná-los à reciclagem.
“Além de ser uma exigência legal em muitos países, a gestão de resíduos eletrônicos é uma oportunidade para adotar a economia circular, reduzindo custos e evitando desperdícios”, destaca o entrevistado.
Essa prática fortalece a imagem corporativa, mostra comprometimento com metas ambientais e contribui para um mercado mais sustentável.

Benefícios da TI verde para empresas e para o meio ambiente
A adoção de TI verde cria um ciclo positivo que beneficia tanto as empresas quanto a sociedade.
Jaeger resume essa visão ao dizer que “é possível garantir eficiência operacional, redução de custos e maior resiliência frente à demanda crescente por infraestrutura digital”.
De acordo com o representante da ODATA, com práticas sustentáveis, as empresas reduzem riscos regulatórios, atendem às expectativas de clientes e investidores e contribuem para a mitigação das mudanças climáticas.
Tendências para o futuro dos data centers
O futuro aponta para data centers cada vez mais inteligentes, autônomos e sustentáveis. Jaeger acredita que veremos avanços significativos na integração de tecnologias.
Nas palavras do especialista: “Estamos acompanhando um mercado com resfriamento em circuito fechado, uso ampliado de energia limpa e automação inteligente para otimizar consumo. O grande objetivo é que desempenho e sustentabilidade andem lado a lado”.
Jaeger também aponta que, entre as tendências da TI verde estão:
- A automação baseada em IA para gerenciamento de energia em tempo real;
- O resfriamento líquido em larga escala, reduzindo a dependência de sistemas tradicionais;
- O armazenamento de energia com baterias sustentáveis, garantindo estabilidade operacional; e
- A integração com grids inteligentes, permitindo que os data centers atuem como parte ativa na rede elétrica.
Essas inovações reforçam a importância de uma infraestrutura digital alinhada com os desafios ambientais globais. Com a crescente demanda por serviços digitais, a busca por data centers sustentáveis será cada vez mais central para o equilíbrio entre inovação e preservação do planeta.
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